Por Alexandre Matias - Jornalismo arte desde 1995.
Gostou, né? E que tal esse disco com todas as gravações do trio do Cobain na BBC? Você conhece provavelmente boa parte dessas gravações: as versões de “Molly’s Lips”, “D7”, “Turnaround”, “Son of a Gun” (gravadas na segunda participação da banda no show de John Peel, no dia 21 de outubro de 1990), “Aneurysm”, “Been a Son” e “Polly” (estas gravadas no Evening Session de Mark Goodier no dia 9 de novembro de 1991) formam a grande parte do Incesticide, o disco de sobras que a banda lançou entre o Nevermind e o In Utero. Além destas, duas outras (“Dumb” e “Endless Nameless”) gravadas no dia 3 de setembro de 1991 em outro programa do John Peel também apareceram na caixa With the Lights Out. Das gravações não-oficializadas ainda restaa íntegra da primeira participação da banda no programa de Peel, dia 26 de outubro de 1989 (“Love Buzz”, “Spank Thru”, “About a Girl” e “Polly” ainda com o baterista Chad Channing) e duas versões alternativas para “Something in the Way” e “Drain You”. As BBC Sessions do Nirvana são um capítulo clássico na história da banda – os três pegando seu melhor público na veia, no auge, em versões perfeitas de músicas menores do repertório de Kurt.
Tudo bem, Vinícius, mas eu achei de bom tom baixar um pouco a faixa etária do jogo – a Paradis é mais velha que eu! Então toma uma nascida nos anos 90.
Que bela jogada do Vinícius (e fumando ainda por cima, vale bônus), que teve de googlar pra descobrir quem é a Paradis – que eu conheço desde antes da versão da Angélica (e, consequentemente, do Johnny Depp). A minha vem a seguir.
Se você achava que a caixa With the Lights Out tinha dado a última geral na história do Nirvana, tenha o prazer de conhecer Chosen Rejects – equivalente a quatro CDs com ainda mais raridades musicais da biografia de Kurt Cobain. Dividida em quatro volumes (Home Demos, Studio Sessions, Broadcasts e Live Rarities), a caixa conta com material ainda mais raro do que a versão oficial (demos do Fecal Matter, blues gravados no Tascam, gravações sem overdubs, In Utero em gestação – tá tudo lá) e não teve seu som melhorado em estúdio. Segunda-feira faz outro aniversário do suicídio de Kurt e não custa lembrar que, se não fosse ele, a música pop atual seria ainda mais coxinha do que é hoje.
Eis o trailer do próximo livro de Thomas Pynchon, Inherent Vice, que teoricamente é narrado pelo próprio Pynchon – o último escritor recluso (ainda depois que Salinger morreu, Rubem saiu de casa por um rabo de saia e Dalton apareceu num livro de outra pessoa). Mas como a Raq bem notou, Pynchon soa muito parecido com um velho conhecido nosso…
Dos Tarnished Angels. Tem mais dicas lá.
O Thiago Petit foi entrevistado em vídeo pela Dani – e está lançando seu primeiro disco agora. Ele me arrumou uma cópia, mas ainda não ouvi. E não foi por falta de recomendações – e sim de tempo.
Quem também está com disco novo na área é o Lucio Maia, da Nação Zumbi, que mais uma vez assume a persona do Maquinado – desta vez incorporando pesado o Jorge Ben – para lançar seu segundo disco, Mundialmente Anônimo.
Hoje é dia do Curumin, despindo sua “Solidão Gasolina” aos pedaços e acordes soltos, vocais e cordas trastejadas pelo jeito que a mão corre pelo braço. Além do instrumento, sua voz cuida da percussão e até sola. Ele é o máximo – vacila quem não sabe.
Curumin – “Solidão Gasolina“
E não dá pra falar em música brasileira atual sem citar o Emicida. Leandro Roque de Oliveira já não é novidade faz tempo, mas só consegui ver um show do cara no mês passado, dentro da noite que o Rômulo e as meninas da Alavanca tão fazendo ali no CB, nas quintas-feiras. Venho acompanhando a ascensão do cara há um tempinho (até já tinha pautado a Ana para fazer um Vida Digital com ele) e é interessante perceber como ele é a síntese da mudança de ares que aconteceu na década passada com o hip hop brasileiro, ao mesmo tempo em que também é um reflexo do que também aconteceu com a MPB.
No lugar da marra e da cara de mau dos Racionais MCs e seus contemporâneos gangsta, surge um rapper quase sambista, quase malandro, quase manhoso, cantando sobre pobreza, miséria e violência sem separá-las da rotina, da felicidade e da família. Sem o pesar arrastado de beats de funk, ele prefere ancorar-se no samba e resume uma evolução que aconteceu no rap nacional. E mais especificamente no que diz respeito ao MC – e é possível ouvir enfileirados na voz de Leandro nomes tão diferentes quanto Sabotage, Marcelo D2, De Leve, Max B.O., Kamau, Marechal, Rappin’ Hood e todos aqueles que orbitaram entre o Instituto e o Quinto Andar, a Trama e o festival Indie Hip Hop, entre mixtapes e MP3s.
Ao mesmo tempo é estúpido mantê-lo apenas sob o rótulo do hip hop. Suas referências não são tão universais quanto as de seus compadres do microfone e das picapes – ele prefere samplear referências brasileiras e citar Cartola, enchentes em São Paulo e a novela das oito em vez de repetir a mesma ladainha de gangues e guerra urbana do rap do século passado. Como aconteceu antes com Sabotage, ele regula o equilíbrio entre o sambista, o rapper e o cronista com exatidão, assumindo o papel de trovador que nenhum outro cantor ou músico brasileiro atual – presos demais às egotrips, a conceitos abstratos e à correria para pagar as contas para assumir esse papel – se dispõe.
E ele também é bom de conversa: rendeu um ótimo papo com o PAS, uma boa matéria sobre samba com o Werneck e uma boa entrevista feita pela Stefanie, além do perfil feito pela Ana pro Link. Sai clicando e vai lendo – se você não o conhece ainda, está passando da hora.