Mike Nichols (1931-2014)

, por Alexandre Matias

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Mike Nichols, que morreu na quarta passada vítima de um ataque cardíaco, era desses diretores raros do cinema norte-americano – classudo sem ser pedante, usava seus filmes como comentários sobre a sociedade que vivemos. Era um autor solitário entre gerações – caçula da clássica geração européia que reinventou o cinema norte-americano por dentro (Wylder, Hitchcock, Lang, Reed, Curtiz), seu Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? não é apenas a consagração definitiva de sua carreira como diretor de teatro, como talvez seja o ponto final da era de ouro de Hollywood. Seu filme seguinte, A Primeira Noite de um Homem, o consagra como uma espécie de irmão mais velho da geração que reinventaria o cinema norte-americano nos anos 70 (Scorsese, Coppola, Spielberg, Friedkin) e dá continuidade a uma filmografia peculiar e específica, que inclui ótimos filmes que resistem ao teste do tempo (como Uma Secretária de Futuro, Lembranças de Hollywood, o remake de A Gaiola das Loucas, Silkwood, Ânsia de Amar, Ardil 22, Segredos do Poder, Closer e a minissérie Angels in America) e que funcionam como crônicas de nossos tempos e falam mais sobre nossas vidas do que as dos personagens que assistimos. Uma senhora perda, um senhor diretor.

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