Amanhã é Tarde – Fellini

, por Alexandre Matias

Outra resenha das antigas, essa saiu na Play número 5.

***

felliniamanhatarde.jpg

Doze anos se passaram e nada aconteceu ao Fellini. Pioneiro indie brasileiro, a indefectível cult band paulistana volta em versão slim (o núcleo Cadão e Thomas assina todos os créditos do disco) e nem parece que seu último disco saiu em 1990 (o pós-samba Amor Louco). Nesse meio-tempo, Thomas tornou-se correspondente da BBC em Londres e Cadão assumiu a edição de cultura da revista época – enquanto o Fellini descansava no fundo do baú. Ele volta sem perder um milímetro do fôlego tênue das dois vocalistas. Ousando cada vez mais, embora timidamente (a idade nos ensina coisas…), os dois voltam com o que pode ser considerado seu melhor disco, não estivesse o antológico 3 Lugares Diferentes envolto numa mística underground que hoje passa ao largo – certamente, por opção. Afinal, podiam faturar um retorno hermético e bissexto, como bastiões pós-punks do mesmo calibre do grupo (Wire, Pere Ubu, Echo & the Bunnymen) que usam “a volta” como estratégia de marketing. Injetando doses de repetição lírica e saudosismo brasilianista, o grupo faz em Amanhã é Tarde o equivalente dos discos londrinos de Caetano e Gil, no começo dos anos 70. Não seria mal cogitar alguns shows de volta. Nem que seja apenas para ouvir “Gravado no Rio” ao vivo.

Tags: