São Paulo, 459 anos

, por Alexandre Matias

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Em março deste ano completo vinte anos fora de Brasília. Mudei para Campinas em março de 1993, quando comecei a estudar Ciências Sociais na Unicamp e, aos poucos, vi-me puxado pelo vórtex do jornalismo. Nove anos depois, mudei-me para São Paulo pois parecia inevitável – Campinas havia ficado pequena demais, Brasília não era uma opção de futuro próximo e a megalópole me confrontava como um desafio. Vim morar em uma cidade que não gostava como muitos da minha geração e tenho plena convicção de que o êxodo de pessoas de outras cidades para São Paulo fez que a cidade começasse a melhorar em muitos aspectos neste século 21. São Paulo era uma cidade carrancuda, egoísta e cinza, mas esses defeitos foram desanuviando com o tempo. Pessoas ainda são espancadas na rua por suas opções sexuais, ainda existem taxistas malufistas, o trânsito é dos piores do mundo, a especulação imobiliária é fora da realidade e o crime organizado paira sobre todos como uma sombra maldita, mas a cidade aprendeu a gostar de si mesma, a abrir-se ao outro, a convidar os outros a desfrutá-la. Hoje posso dizer tranquilamente que gosto de São Paulo, sem remorso. Quero morar em outros lugares do mundo, claro, mas esta é uma cidade em que me sinto bem. Não custa, portanto, celebrá-la em seu aniversário.

(O desenho que ilustra este post é do Marcos Müller, de uma matéria sobre o aniversário da cidade que saiu no Estadão.)

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