Prince com a língua presa

, por Alexandre Matias

Braguinha e James Brown empacotando no Natal, Roberto Carlos gravando funk carioca (ele não ouviu Claudinho e Buchecha, não? Mais pra cima e romântico que o Leozinho, fato), Tam fodendo o feriado dos brasileiros pra parecer que a culpa é do governo, jornais, TVs e rádios cada vez mais sem assunto, sem graça, sem vontade de continuar fazendo o que fazem.

Tudo parece simulacro, porque talvez seja apenas isso. Os anos 00 são uma época de renovação e de reavaliação daquilo que chamamos de sociedade, civilização, raça humana – nós mesmos, no fim. Todo esse blablablá (que eu e você tanto gostamos) sobre as mudanças da internet, o fim da magreza nas passarelas, novas mídias, disco rock do Caetano, novo hedonismo, o caos no meio ambiente, projeto Genoma, operário no poder, novas drogas, comportamento humano em plena transformação, cellspace, voluntariado, vegetarianismo, novos vícios, cura do câncer, santo brasileiro, etc., mero blablablá – mas por trás disso tudo, estamos jogando todas as cartas na mesa, deixando tudo transparente, ultrapassando os bons modos e a etiqueta que, a cada dia, pareciam ser usados apenas para mentir. Se pensarmos bem, “Carinhoso” e “I Feel Good (I Got You)”, são frutos dessa era de mentira que vivemos até aqui e que assistimos ruir. Grandes canções, belas mentiras. Não só elas, claro. Talvez todas as outras também.

“Final dos tempos” e não “sinal dos tempos”. Começo de século, começo de milênio, declínio do império americano, aproximação do fim do calendário maia, Era de Aquário. Escolha sua roupa favorita: o baile vai começar. E 2007, cê sabe, vai ser “o” ano. É, de novo. Como todos foram.

Até lá. E fique bem.