Pélico na novela

, por Alexandre Matias

pelico-2016

O cantor e compositor paulistano Pélico comemora a nova fase inaugurada com seu ótimo disco Euforia, lançado no ano passado, com a inclusão da versão que fez para “Não Há Cabeça”, de Ângela Ro Rô, na trilha sonora da novela Velho Chico. A música foi gravada para o tributo à cantora lançado há três anos e ressurge agora o aproximando de um público ainda maior e para aproveitar a oportunidade produziu um clipe para a música, lançado com exclusividade aqui no Trabalho Sujo. Conversei com ele sobre esse momento de sua carreira.

Conta a história de como você gravou essa música: você já conhecia a obra da Angela Ro Rô ou foi conhecer por causa do tributo?
Em 2013 o Zé Pedro e o Marcus Preto me convidaram pra participar do Coitadinha Bem Feito, um disco em homenagem à Ro Rô. Eles me deram uma lista de cinco ou seis músicas dela, aí eu escolhi a “Não Há Cabeça”. Lembro que o Preto me sugeriu a “Não Há Cabeça”, disse que ela tinha muito a ver com o meu trabalho, e isso me deu mais certeza com a escolha da música. Eu conhecia bem o Angela Ro Rô de 79 e o Escândalo de 81. Mas, a partir do tributo, eu mergulhei mais fundo na obra dela. Adoro participar de tributos por conta disso também, você acaba mergulhando no universo do artista.

Como a música foi parar na novela? Alguma música sua já teve esse nível de exposição? Como está sendo a reação dos seus fãs e do novo público?
Sinceramente, eu ainda não sei. Eu acredito que foi uma escolha do diretor da novela, Luiz Fernando Carvalho, sei que ele é bem conectado com a “nova geração” da música brasileira. Minha produtora e eu estamos tentando entrar com contato com ele, em breve termos essa resposta. É a primeira vez que tenho essa exposição. É impressionante, toda vez que a música toca na novela, o WhatsApp e as mensagens no Facebook bombam. A reação dos fãs tá rolando muito bem. Agora, se já existe um novo público por conta da música na novela, acho que vamos sentir essa diferença um pouco mais pra frente.

Você acha que a “nova geração da MPB” – que já tem uns dez anos de estrada – finalmente está rompendo a barreira do grande público?
Caramba, é verdade, essa “nova geração” já tem uns 10 anos. Assustei! Então, eu acredito que aos poucos e mesmo sem investimentos milionários a gente tá chegando. Mas sei que ainda falta muito pra gente dividir espaço nas rádios e programas de TV mais populares com artistas do sertanejo, do forró… Onde há muito investimento, grana pesada, saca?
Também acho que não é só grana, entre outras coisas, é uma questão de postura artística também. Um artista que não faz um trabalho muito popular não precisa ter medo ou desconfiança de ser ouvido e consumido pelo grande público.

E como chegar no rádio? É a grande barreira?
Já temos espaço em muitas rádios em todo o Brasil, mas o pulo do gato é a gente conseguir, sem ter que pagar aquela graninha, entrar na programação das rádios mais populares. Eu tenho duas músicas gravadas – uma pelo Toni Ferreira e outra pelo Filipe Catto – que tocam muito nas rádios, e vi de perto a importância, principalmente fora das grandes capitais, de se ter uma música tocando diariamente nessas rádios. Muitas pessoas vão aos meus shows por conta disso, pra ouvir essas músicas, olha que nem são cantadas por mim. Ou seja, as rádios populares ainda são uma grande barreira e precisamos chegar nelas com dignidade.

Você já está trabalhando em um novo disco ou vai seguir 2016 com o trabalho do ano passado?
Esse ano continuo trabalhando o Euforia, acabei de estrear o Dos Nós, um novo show, com repertório dos meus três discos e mais releituras, num formato mais intimista – guitarra, violão, sanfona e piano elétrico. E ando compondo pra outros artistas, um trabalho que amo fazer.

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