O nono disco do Kraftwerk

, por Alexandre Matias

Esqueci de comentar a entrevista que Ralf Hütter deu ao Guardian há menos de um mês, quando revelou que um novo disco do Kraftwerk pode estar às vésperas de ser lançado. O grupo alemão termina em 2013 a série autocelebratória Retrospective 1-2-3-4-5-6-7-8, que começou no início do ano passado em Nova York, e já foi apresentada em várias capitais pelo planeta, em que visitam todos seus oitos discos por oito dias de shows consecutivos, num monumento épico à própria importância.

O oitavo disco desta série é o Tour de France Soundtracks, de 2003, que na verdade é apenas uma revisitação em formato álbum do EP lançado em 1983 e batizado apenas de Tour de France. Se não contarmos este disco como novo material e levarmos em consideração que o disco anterior, The Mix, de 1991, reúne remixes feitos pelo próprio grupo sobre suas próprias faixas, o nono disco do Kraftwerk seria seu primeiro álbum com material inédito desde Electric Cafe, de 1986.

No entanto, o conceito de “véspera”, no que diz respeito ao tempo do Kraftwerk é algo bem elástico – e o próprio Hütter já havia declarado que o novo disco estava pronto há um ano. O problema em relação ao lançamento de novas músicas do grupo é que, à medida em que sua profecia de um futuro eletrônico, feita nos anos 70, foi se concretizando no final do século 20, a sonoridade do grupo alemão foi datando com uma velocidade impressionante. Algumas músicas novas já foram apresentadas ao vivo – inclusive nos shows no Brasil -, mas o resultado era mais próximo de um trance genérico misturado com uma sombra pálida do que o grupo um dia já foi, quase uma caricatura triste. Resta saber se o novo material é este que está sendo tocado ao vivo…

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