O mergulho de Pipo Pegoraro

, por Alexandre Matias

PipoPegoraro

Se em seu segundo disco Táxi Ímã, Pipo Pegoraro chamou Bruno Morais para ressaltar sua sutileza, em seu novo álbum, Mergulhar Mergulhei, chamou Rômulo Fróes para encorpar seu som. Rômulo arregimentou uma turma de músicos de primeira para reforçar a base instrumental do novo disco, que também tem influência da presença de Pipo no grupo Aláfia, que integra desde 2012. Abaixo, “Ayiê”, a suntuosa faixa de abertura do novo disco (que pode ser baixado de graça no site do Pipo) e um papo rápido que tive com o compositor por email.

Qual foi sua preocupação ao entrar em estúdio para gravar o terceiro disco?
Creio que a maior preocupação foi encontrar nos arranjos a sonoridade que procurava para compor a atmosfera do disco. A maioria das gravações ocorreram ao vivo – pouca edição e pouca pós-produção. Para isso acontecer tivemos que entrar no estúdio com bastante norte – contei extremamente com a direção artística de Romulo Fróes e de toda a “banda base” para determinar e conseguir a intenção do que eu gostaria de propor esteticamente e musicalmente com o novo disco. Comecei buscando e mostrando aos meus companheiros essa densidade musical diferente do que eu já realizei anteriormente nos outros dois discos e fui agregando os olhares atentos na “soma dos catetos”.

O que você ouviu durante o processo de composição e gravação de Mergulhar Mergulhei?
Ouço muita música todo dia e consumo música brasileira sem moderação… Discos novos e velhos, gosto de ouvir álbuns inteiros antigos e recém lançados atento à história de cada um. Mas também posso dizer que estive mergulhado em músicas das décadas de 60 e 70 provenientes da América central de uma forma meio ampla e sem alguém super específico para falar, embebido na sonoridade de “big bands” dessa época. Tive uma imersão minimalista na obra de Steve Reich que vem me mostrando caminhos tão bonitos e estranhos do minimalismo.
No meio de todos os processos do disco Mergulhar Mergulhei, estive envolvido em outras movimentações como o disco Frevox de Péricles Cavalcanti que acho maravilha, fiz trilhas sonoras, tocando em outros projetos e produzindo outros artistas e isso com certeza refletiu nas minhas ideias.

Como você vê a atual cena de MPB em São Paulo?
São Paulo sempre agrega muitas culturas artísticas e muita gente interessada, nada mais natural que haja uma cena rica acontecendo no meio dessa fusão. Acompanho pela internet o lançamento de pelo menos três novos álbuns “MPB” por semana de alguém que já conheço ou acabei de saber. Não sei muito bem o que isso significa ainda, acho que estamos constituindo uma geração de muitos, pouco conhecidos artistas da música.
Porém, a cena é expansiva e acredito que tem muito o que se estruturar ainda, vendo o exemplo de algumas outras cidades grandes de fora do Brasil, você sente que as “mini cenas” possuem fanzines mensais, muitas publicações específicas e coberturas estimulando o crescimento e permanência dos projetos. Aqui ainda se engatinha para que essa aproximação do público e da música ocorra com força total.

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