O legado do Pavement

, por Alexandre Matias

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Órfãos do Pavement, muita calma nessa hora. O quarteto de Chicago Clearance, que acaba de assinar com a gravadora paulistana Balaclava, parece ter encarnado o espírito da mítica banda dos anos 90, fazendo seu disco de estreia Rapid Rewards soar como um disco perdido que o Pavement gravou entre Crooked Rain Crooked Rain e Wowee Zowee. Desde as dinâmicas das guitarras ao timbre do vocalista Mike Bells e seu jeito despojado de cantar, tudo remete à fase áurea do indie norte-americano da primeira metade da última década do século passado. O lançamento é um anúncio exclusivo do Trabalho Sujo.

“Nós somos influenciados por amigos da cidade que fazem discos por conta própria e também por várias bandas mais velhas, que tinham o mesmo tipo de pegada ‘faça-você-mesmo'”, me conta o vocalista e guitarrista Mike. “Grupos dos anos 80 como o Clean e os Chills, que fizeram um punhado de discos perfeitos por conta própria, ou bandas como o Fall ou o Guided By Voices, que despejavam um suprimento infinito de grandes músicas o tempo todo. Nós não estávamos lá quando isso aconteceu da primeira vez, é óbvio, por isso que aprender sobre todas essas bandas depois que elas aconteceram e descobrir como eles trabalhavam com certeza nos influenciou.”

A banda foi formada por Bellis e pelo amigo Arthur Velez, em Michigan, quando gravaram um EP em 2013, antes de se mudar para Chicago. “Eu e Arthur vínhamos tocando aqui e ali desde que éramos da mesma escola, basicamente covers de bandas punk em festas nas casas dos outros, e quando me mudei para Chicago achei que seria uma boa ideia gastar um pouco de dinheiro para gravar nosso próprio disco. Foi o que você pode chamar de uma experiência de aprendizado.” Ao chegar em Chicago, o grupo consolidou sua formação ao lado do baixista Greg Obis e do guitarrista Kevin Fairbairn.

A semelhança com o Pavement não é proposital: “Acho que temos uma abordagem de gravação parecida com a deles. Talvez a gente ponha mais ênfase em tocar juntos, como uma banda. Somos certamente fãs, no entanto, por isso tomamos como elogio quando as pessoas dizem que parece.” Ele não sabe se alguém do Pavement já ouviu o grupo: “Duvido. Mas nós tocaríamos ujm cover de Faust ou algo do tipo em solidariedade a eles se eles vierem nos ver. Ou algo do Royal Trux, para ajudá-los a reviver seus dias de glória.”

O primeiro disco do grupo deve chegar ao Brasil em CD e em vinil logo no início do ano que vem e a gravadora Balaclava planeja trazê-los ao país também em 2016. “Espero que logo!”, comemora o vocalista.

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