O elixir Bixiga 70

, por Alexandre Matias

bixiga-70-sesc-pompeia-2013

O Bixiga 70 lançou seu segundo disco na semana passada no Sesc Pompéia – e pude comparecer à segunda noite (que o tecladista e arranjador Maurício Fleury arriscou dizer que estava melhor do que a primeira). Não há dúvida: a banda é uma das melhores coisas que aconteceram à música instrumental brasileira nesta década e é nítido que já deixaram a primeira fase – em que eram apenas a única banda de afrobeat de São Paulo – para trás. É claro que o caldeirão de grooves temperado pelo Bixiga ainda tem sabor inevitavelmente afro – culpa da percussão e time de metais -, mas agora eles estão rumo aos afluentes do fluxo principal, quando a Mãe África começa a parir a música caribenha, a cúmbia sulamericana, os ritmos jamaicanos, a black music dos EUA e o tapeçaria de referências de nossa música brasileira – há ecos de Tom Jobim, João Donato e Eumir Deodato na mesma medida em que pitadas de carimbó e guitarradas. A proeminência das guitarras chama atenção principalmente quando Maurício deixa os teclados e assume o dueto elétrico com o guitarrista Cris Scabelo, deixando os arpejos highlife conversarem com guitarras caribenhas e dedilhados paraenses. A mobilidade dos metais pelo palco – que ora vêm à frente para solar, ora agem como grupo e cercam determinados integrantes da banda – é contagiante e o público deixa-se levar. O amálgama de gêneros ferve num calor em que até Luiz Gonzaga soa psicodélico sem parecer alheio àquela poção que borbulha no palco. Um show de purificação que funciona como um santo remédio. Veja uns vídeos que fiz aí embaixo:


Bixiga 70 – “Pirituba”


Bixiga 70 – “Zambo Beat”


Bixiga 70 – “A Morte do Vaqueiro” (Luiz Gonzaga)


Bixiga 70 – “Kalimba”

Tags: , , ,