Lost por Chico Barney

, por Alexandre Matias

A grande sacada de Lost foi ensinar ao homem comum a se portar feito um mané. Depois de anos sendo motivos de chacota entre a sociedade civil, fãs de Arquivo X, Star Trek e Star Wars tiveram enfim o gostinho da vingança.

Uma não-trama de eternos seis anos conseguiu segurar na frente do computador uma infinidade de pessoas como eu e você, que nunca foram fãs de metal, dão um rolé no shopping com a namorada, eventualmente vão a praia e, vai saber, talvez nem tenham um perfil no Twitter.

Isso porque, principalmente no início, Lost soube disfarçar muito bem. Enquanto ficava apenas sugerindo o que havia de cretino em sua história, a ilha passava muito bem por um entretenimento decente para o cidadão de bem. Tínhamos dramas pessoais plausíveis, ainda que entre sussurros e defuntos na floresta, com personagens até interessantes.

Enquanto tudo era apenas sugerido, como em um soft porn do Multishow, havia beleza e bom entretenimento. Os últimos anos do programa foram como se tivessemos closes ginecológicos em um soft porn do Multishow, destrinchando coisas que não estavam necessariamente acontecendo.

E quando passamos a descobrir o que realmente estavam nos contando, foi um tapa na cara da sociedade – e ficou uma marca estilo “vida longa e próspera” do trekker devidamente vingado.

* Chico Barney é um dos ícones da internet brasileira.

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