Lost por Carlos Merigo

, por Alexandre Matias

Eu chego ao final de Lost certamente como cada uma das pessoas que acompanhou a série por 6 anos chegará: com uma sensação de vazio. Afinal, por mais que tenhamos buscado respostas por todo esse tempo, não é fácil abandonar o universo e personagens que aprendemos a gostar.

Lost foi a única série em que eu sempre precisei estar atualizado. Não podia esperar acabar a temporada ou acumular episódios para assistir tudo de uma vez, tinha que ser o ato religioso semanal. Adiar Lost era não ter assunto com os amigos ou então precisar fugir de qualquer texto sobre a série na internet.

Eu sempre gosto de dizer que, independente de seu final, Lost é um produto que alterou para sempre a indústria do entretenimento. Para produtores, espectadores, emissoras de TV, cinema, games, marcas, etc. Tudo foi atingido de algum maneira pelo blockbuster colossal da ABC.

E sim. Queremos as respostas nesse domingo. Não as teremos, obviamente, pelo menos não a maioria delas, mas fica a sensação de que J.J. Abrams tinha razão o tempo todo: o que mais importou foi a jornada, e não o final. Até porque, Lost sempre foi muito mais eficiente em criar mistérios e expectativa do que dar respostas.

Algo que me decepcionou muito na série foi a total queda para o lado místico, para o sobrenatural. Isso contrariou totalmente os que os próprios roteiristas tinham afirmado na primeira temporada: de que tudo poderia ser respondido cientificamente. Eu nunca engoli a história da fumaça, do pêndulo da Dharma, e – SPOILER – ainda não fui com a cara dessa misteriosa caverna luminosa.

Não que eu seja avesso a ficção, pelo contrário, mas não é o que me foi prometido há 6 anos atrás. E quando tudo vira uma questão de fé, os roteiristas podem colocar qualquer coisa na tela, porque acreditar ou não só vai depender de você.

Mas sinceramente, isso não importa mais, e é algo que me ficou ainda mais provado depois do dramático episódio 14 dessa sexta temporada, “The Candidate”.

A ilha, ursos polares, Dharma, fumaça, viagens no tempo ou seja lá mais quais forem as nossas dúvidas, tudo isso ficou em segundo plano. Eu quero é saber o que vai acontecer com os personagens. Quero é entender o destino dessas pessoas que aprendemos a gostar, torcer e odiar pelos seis anos. Porque se existe muita curiosidade em desvendar os mistérios de Lost, também nos deparamos com a questão fundamental de qualquer boa história: com quem o mocinho vai ficar no final? Seja ele qual for.

* Carlos Merigo é manda e desmanda no Brainstorm 9.

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