Lô Borges de volta ao clássico do tênis

, por Alexandre Matias

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Lô Borges começa 2017 revisitando seu disco mais clássico, que lançou com parcos dezenove anos. Seu disco homônimo de estreia, lembrado pelo par de tênis na capa, foi lançado em 1972, o annus mirabilis da música brasileira, e funciona como uma espécie de gêmeo mau do Clube da Esquina que o mineiro havia gravado com Milton Nascimento, Flávio Venturini, Beto Guedes, Toninho Horta, entre outros, meses antes. A influência óbvia dos Beatles e dos pioneiros da MPB saem do primeiro plano para dividir a cena com o jazz rock, um progressivo afeito ao folk, com direito a cravos, guitarras fuzz distorcidas, teclados elétricos, improvisos instrumentais e delírios psicodélicos (“sonhei que nunca existi e vi que nunca sonhei”). Ouvindo o disco do tênis dá para entender perfeitamente porque Milton nunca voltou ao ápice de sua carreira que foi seu primeiro disco.

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Lô Borges (1972) foi gravado ao lado dos amigos Beto Guedes, Toninho Horta, Robertinho Silva (do Som Imaginário) e Danilo Caymmi. É uma espécie de All Things Must Pass misturado com a psicodelia acústica do terceiro disco de Led Zeppelin, as rodinhas folk do Pink Floyd pré-Dark Side of the Moon e o tempo nublado pairando pelas estradas do interior de Minas Gerais, entre catedrais coloniais e montanhas mágicas cheias de cogumelos. Lô recria o disco de apenas meia hora ao lado de músicos mineiros capitaneados pelo cantor e compositor Pablo Castro em três shows nos dias 13, 14 e 15 de janeiro no Sesc Vila Mariana. Imperdível.

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