Katy Perry 2017: “It goes on, and on, and on”

, por Alexandre Matias

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“Chained to the Rhythm”, o single novo da Katy Perry, é o hino à passividade da cultura pop atual que precisávamos ouvir, servida mastigada para reforçar o consumismo, a apatia e o conformismo. “Estamos malucos? Vivendo nossas vidas através de lentes, presos em nossas cercas brancas como ornamentos, confortáveis vivendo em uma bolha, confortáveis em não ver o problema. Você não se sente só aí em cima na utopia, onde nada será suficiente?”, ela canta sobre uma base dance ironicamente genérica, para reforçar, no refrão, “aumente o volume, é sua música favorita! Dance, dance, dance ao som da distorção. Vamos, aumenta, deixa repetir, se sacudindo como um gasto morto-vivo. É, achamos que estamos livres, beba, essa é por minha conta. Estamos todos acorrentados ao ritmo.”

Qual ritmo? O da pista de dança? O da política? O do Facebook? O do shopping center? O da televisão? O do trânsito? Abrindo a geladeira mesmo sem ter fome, como se só precisássemos saber que tudo continua exatamente do mesmo jeito. E tanto o lyric vídeo com seus hamsters vendo hamsters e suas comidinhas de brinquedo ao fato do single ter sido lançado junto com o momento “Katy Perry ficou loira” reforçam o protesto. Sem contar sua apresentação minimalista no Grammy deste ano, em que ela parte do conceito dos cercados individuais que comenta na letra para uma crítica contra o muro de Trump – e contra o muro político que é Trump.

Já é um dos grandes acontecimentos de 2017.

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