A incrível reinvenção do Audac

, por Alexandre Matias

Audac-2017

A banda de tecnopop curitibana Audac passou por uma drástica transformação nos últimos anos. A vocalista e compositora Alyssa Aquino desfez a formação original do quarteto e a retomou em outro formato, em dupla com o músico e produtor Matheus Reinert, seu atual parceiro de composições e de vida. Mas a mudança é ainda mais radical no som: a veia eletrônica persiste, mas sem a pegada rock que atravessava a maioria das canções. A nova formação cai para a introspecção e a produção é mais recatada, quase caseira – além das agora serem em português. O primeiro single desta nova fase é a deliciosa faixa “Hollanda”:

“A ‘Hollanda’ é uma música que é para a minha vó, Dona Hollanda”, me explica Alyssa. “Quando ela faleceu eu escrevi a canção para ela – e clipe são imagens da minha família, que meu pai fez em super 8 quando visitou Curitiba entre os anos 70 e 80. E eu editei quarenta anos depois.” A sonoridade do single é prima do chillwave, com aquela vibe de dance music feita no quarto, embora os dois não gravem em casa. “A gente compõe junto, mas não tem uma fórmula. Cada um vem com uma ideia e a gente vai mexendo, vai gravando em casa, aos poucos e assim vão surgindo as músicas. Temos uma plaquinha de som, um microfone, guitarra, baixo, mas tudo é bem na fuleiragem mesmo, só pra gravar as ideias”.

Audac-2017-

“Hollanda”, o primeiro single da nova fase, foi gravada ao lado dos músicos BRZLN AIR e o Yan Lemos e levou mais tempo que eles queriam para chegar ao formato final. “Essa música foi bem demorada, a gente nunca gravava porque nunca estava do jeito que a gente queria. Até que o Matheus, por causa das discotecagens que ele faz, teve essa ideia pro baixo, meio groove e pediu pro Yan fazer. A gente gravou e ficou bem feliz com o resultado. E grande parte da sonoridade também vem da produção do Ramon Fassina e Stefanos Pinkuss que entenderam muito o som. Melhor do a gente mesmo”, ri a vocalista.

Mas as referências são pouco contemporâneas. “A gente ouve Tom Jobim, Carpenters, Marcos Valle, Cassiano, muita trilha sonora: Piero Piccioni, Ennio Morricone… Radiohead… Essa pergunta sempre é dificil”, ela ri de novo. De bandas novas ela cita apenas o Boogarins, mais especificamente o disco mais recente do grupo goiano, Lá Vem a Morte.

A dupla, no entanto, ainda não tem formato definido para shows. “A gente quer terminar de gravar as músicas novas pra voltar a fazer show em breve. A gente quer ter dois formatos: banda e dupla, para poder tocar mais. As vezes não dá pra bancar as viagens em quatro, cinco pessoas”, explica. Mas eles não têm pressa. Melhor assim.

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