Inácio Araújo e a cobertura das eleições na TV

, por Alexandre Matias

Inácio deixa de falar um pouco de cinema para comentar como foi o domingo das eleições na televisão. Cito na íntegra, com a edição original em que cada frase é um parágrafo:

Eleição para prefeito.

Nós, jornalistas, adoramos dizer que os candidatos não discutem programa, não falam de coisas sérias, etc.

O domingo de eleição era, portanto, um grande dia para entender um pouco essas coisas.

Liguei na Cultura atrás do TV Folha, mas só tinha a Cultura mesmo.

A cobertura era, aparentemente, uspiana: só professor.

Isso não ajudava em nada.

As questões eram: por que fulano ganhou? por que beltrano perdeu?

E, claro, chovem hipóteses, que é tudo que pode acontecer nessas circunstâncias.

Nem lá, nada do que existe ou existiu de profundo, por exemplo, na discussão sobre os bilhetes, ou sobre a organização da saúde na cidade conforme a visão de A ou de B.

Passemos à Globo News.

Horas e horas de programa.

E ali a pobre LoPrete tratando de tourear o melhor possível aquele comentarista de gravata, o Merval, aquele que entrou na Academia.

Ele é uma espécie de Galvão Bueno do comentário político, quer dizer, oscila entre a obviedade e a besteira.

Com nítida preferência pela besteira.

A horas tantas só faltou dizer que ganharem São Pauloera tão complicado para o PT, o Lula, a Dilma e não sei mais quem que o melhor teria sido perder…

E a LoPrete só toureando…

Mas ela não toureia o tal do Camarotti. O cara é o rei da futrica. Ele faz questão de mostrar que sabe, que conhece os bastidores, que fala com A e com B.

Se não falasse seria a mesma coisa, porque não entende patavina do que escuta.

Só a futrica.

Com isso, o programa passou horas falando de 2014. O que acontece com o Aécio, com o cara do PSB, com a mulher que patrocinou o Fruet…

E daí? Como o Fruet vê o mundo? O que tem a dizer a Curitiba? E Haddad?

Não podia ser alguns minutos, alguns apenas, sobre a maneira como concebe a cidade?

Isso parece não existir, não fazer sentido.

Parece que desinformar é uma espécie de missão.

Com isso, não estranha que ninguém se escandalize quando um desses vândalos dos programas de suposto humor pretendem, por exemplo, dar cigarros a José Genoino para ele fumar no tempo em que ficará na cadeia…

Não há nem o que dizer de uma coisa dessas: esses caras não é que não tenham noção do que seja ética. Não têm noção nem de etiqueta.

Ah, sim, e se fazem passar por jornalistas. E acham, com isso, que podem tudo.

Nossos problemas educacionais já foram parar nos programas de suposto humor.

A pergunta é: como foi se formar uma geração de gente tão mimada?

Ou antes: tão ignorantemente mimada.

Fazia tanto tempo que eu não ouvia a palavra “futrica”… A foto é do Insta do Potuma.

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