Impressão digital #0014: João Gilberto no Facebook

, por Alexandre Matias

Minha coluna no 2 de domingo

Fake no facebook
João Gilberto social?

“mentirosa. anti-ética. jamais. dei entrevista. à revista.não have.rá nenhum dvd japão.adoro caetano.não pedi comida.japonesa.reportagem …para boi.dormir.farsa!merece o lixo”

Assim, só com minúsculas e pontos entre as palavras, um certo “João Gilberto Prado Pereira” respondeu, via Facebook, a uma entrevista publicada na semana passada com o cantor João Gilberto. Na entrevista, o verdadeiro João dizia nunca ter usado o Facebook, além de não ter computador em casa.

Não precisa ser nenhum especialista em joãogilbertices ou em Facebook para descobrir que o perfil, criado em abril e com mais de cinco mil “amigos”, é falso. Afinal, o “João Gilberto” do Facebook é fã de Marcelo Bonfá, Ray Charles e Pat Metheny, xinga o papa de pedófilo, se refere a Tom Jobim como “mestre” (como assim?) e posta vídeos e mais vídeos de “si mesmo” no Facebook.

Não que João não pudesse ter um computador, estar no Facebook ou ficar passeando no YouTube assistindo a vídeos antigos – atividades que têm a ver com a contemplação e tranquilidade de um músico que, segundo a biografia de Ruy Castro sobre a bossa nova, Chega de Saudade, era conhecido nos anos 50, como “Zé Maconha”.

João Gilberto, perfeccionista e cheio de manias, até perderia seu tempo assistindo aos próprios vídeos no YouTube, mas não os espalharia por aí. Vale até a dica para o João Gilberto fake – o verdadeiro João provavelmente se encantaria ao descobrir que, no YouTube, pode ouvir músicas que ouvia nos tempos em que ainda morava em sua cidade natal, Juazeiro, no interior da Bahia.

Em tempos digitais, sempre é bom desconfiar de personalidades online. Como links recebidos por e-mail, às vezes elas podem não ser quem aparentam.

“Last decade”
A volta-relâmpago dos Strokes

Começou com um tweet: “Bom dia, Londres”, disseram os Strokes no início da semana passada pelo Twitter, antecipando um show surpresa que fariam na casa noturna Dingwalls, para apenas 500 pessoas. Era o primeiro show da banda desde 2006, antes de seus integrantes lançarem trabalhos-solo. Mais tarde twittariam o logotipo da banda com o nome alterado para “Venison”. O show aconteceu quarta passada e, apesar de matar a saudade dos fãs, não trouxe nenhuma novidade. No estúdio desde janeiro, esperava-se que eles tocassem músicas novas ou até que anunciassem novo disco. Em vez disso, voltou aos hits. Será que uma das bandas-símbolo dos anos 00 esgotou-se? Só o tempo dirá, mas ao que parece, a banda virou cover de si mesma.

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