Fritz Lang para a TV

, por Alexandre Matias

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Criador de Mr. Robot pode transformar o clássico Metrópolis, de Fritz Lang, em seriado – escrevi sobre essa possibilidade no meu blog no UOL.

Era inevitável. A fetiche doentio do mercado de entretenimento norte-americano pela nostalgia e a onda cada vez mais insistente da ficção científica obviamente dessacraliza todos os clássicos – e depois que Jornada nas Estrelas, Guerra nas Estrelas, Westworld, Alien e até Blade Runner conseguiram ganhar improváveis sobrevidas nesta segunda metade do século, nenhuma obra do cânone do gênero está a salvo. O novo alvo é uma dos primeiras obras-primas scifi e um dos grandes momentos de um dos maiores cineastas da história, o mítico Metropolis, dirigido pelo alemão Fritz Lang em 1927, que começa a se transformar em seriado de TV pela produtora Universal Cable Productions, conforme apurou o site Hollywood Reporter.

A boa notícia é que o nome por trás da nova adaptação é o ainda anônimo Sam Esmail, que vem lapidando sua reputação a cada novo episódio de sua atual série, Mr. Robot. Exibida pelo canal USA, Mr. Robot é uma das grandes séries atuais e vasculha o cibersubmundo dos hackers nesta conjuntura política tensa da guerra fria eletrônica que vem sendo travada entre corporações, governos, analistas, terroristas, executivos e mercenários. Dirigida pessoalmente por Esmail – episódio a episódio -, a série está indo para sua terceira temporada no ano que vem e, segundo apurou o site, o trabalho na adaptação do filme clássico para a TV não deve interferir no seu trabalho atual. Embora a produtora tenha preferido não comentar os rumores, fontes ligadas ao Hollywood Reporter dizem que a adaptação deverá ser realizada nos próximos anos, quando o papel de Esmail deverá ficar mais definido.

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Metrópolis conta a história de uma relação impossível num futuro em que o planeta dividiu-se em duas metades, uma que formada por industriais vive bem a vida com acesso à tecnologia de ponta em prédios gigantescos e outra que executa apenas trabalhos braçais operando máquinas para o conforto dos primeiros no submundo (parece familiar?). O filme se passa no ano 2026 e tanto seu roteiro quanto seu imaginário foram cruciais para criar a noção de futuro tecnófilo que prevaleceu na cultura dos anos 80. Com este legado em mãos, resta saber como um autor que bem conhece todos os melindres da tecnologia atual pode imaginar o futuro das cidades daqui a cem anos.

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