Drogas e rock’n’roll

, por Alexandre Matias

Primeiro a íntegra do entrevistão que eu fiz com a Lígia pra Bizz de julho do ano passado, especial Drogas, reunindo Marcelo Nova, João Gordo, Beto Bruno, Nervoso e Arnaldo Brandão.

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Depois de dias, empresários, produtores, assessores de imprensa ou os próprios artistas retornavam: “Olha, infelizmente, sobre esse assunto, melhor não…”, agradeciam a procura, polidamente, e escapavam pela direita ao ignorar o assunto. Mesmo ao explicar que o enfoque não seria apologético ou demonizador, preferiam esquivar-se com medo da exposição associado ao ainda polêmico tema.

E, ao conversar com os artistas que toparam o papo sem ressalvas, percebemos que a desconversa é um dos principais problemas relacionados às drogas. Quanto menos se fala sobre o assunto, menos se sabe e mais se aumenta a curiosidade no mesmo ângulo que o dos riscos. Como o glamour da autodestruição é uma de suas principais molas-mestras do rock’n’roll, é natural associarmos o tema ao gênero – ainda mais se ampliarmos seus desdobramentos à cultura sintética da música eletrônica, a sofisticação junkie do jazz ou o uisquinho da bossa nova. Mas mais do que na música – ou nas artes, ou na cultura –, o tema está diluído em nosso dia-a-dia, mesmo que não conheçamos ninguém que use qualquer tipo de droga.

Esse tema foi abordado por cada um de nossos entrevistados, que conversaram francamente sobre o assunto e fugiram de estereótipos e convenções para falar do deslumbre, da curiosidade, dos excessos e da percepção a respeito das substâncias de alteração da percepção. Pertencentes a gerações diferentes do pop brasileiro, Arnaldo Brandão (Hanói-Hanói), João Gordo, Nervoso, Beto Bruno (Cachorro Grande) e Marcelo Nova foram entrevistados em situações e dias diferentes, e o papo fluiu tão conciso que foi possível costurá-los na edição para que a narrativa fluísse com mais força do que em uma série de entrevistas em separado.

Arnaldo Brandão: “Eu ainda tava na escola quando ouvi falar sobre isso. Era uma coisa muito obscura, a gente sabia que existia, mas ninguém falava direito, e mexia com a curiosidade”.

André Nervoso: “Só fui saber o que era droga no dia 15 de janeiro de 1985, eu tinha quinze anos e minha mãe me levou pra ver AC/DC e Scorpions no primeiro Rock in Rio. Aí eu vi uns caras fumando maconha e minha mãe olhava torto mas ao mesmo tempo não dava abertura pra eu perguntar o que era aquilo”.

João Gordo: “Lembro uma vez em que eu era bem moleque e tinha uns caras na frente da casa da minha avó fazendo samba e fumando maconha. Eu devia ter uns seis anos de idade. Fui falar para o meu pai. Ele ligou para a polícia e os caras foram em cana. Depois, ele pegou um carocinho daqueles fumos bons dos anos 70, com uma cor meio verde-abacate. Era verdinho mesmo. Ele me mostrou e disse: ‘não tenha medo’ (ri)”.

Marcelo Nova: “Beatles e Rolling Stones foram minhas maiores influências. Eles eram meus Menudos. Quando ouvi ‘Lucy in the Sky with Diamonds’ eu tinha 16 anos, lia Timothy Leary, tinha curiosidade. Aos 16 eu tinha ouvido falar nas drogas, aos 18 estava usando”.

Brandão: “Primeiro foi a maconha, eu considero até hoje maconha a menos nociva de todas, até menos que o álcool. Mas não era ligado à música, era coisa mais de festinha, nada demais. Eu já tinha a banda, que se chamava Bubbles e depois virou A Bolha e a gente no máximo fumava um. Até que eu comecei a perceber que o baterista tava usando cocaína e naquela época, final dos anos 60, já tinham histórias de pessoas que se acabavam por causa de pó e era associado a gente mais careta, como o pessoal de Hollywood, Jerry Lee Lewis… Naquela época eu não tinha nem vinte anos, queria mudar o mundo, não queria saber de cocaína”

Gordo: “Eu comecei por causa do punk, né? Primeiro você começa a fumar cigarro. Depois eu li numa revista – tinha uma chamada Sniffing Glue – que os punks cheiravam cola e tomavam flocos de milho com cerveja. Isso lá pelos meus 13 anos. Aí eu falava pra minha mãe que ia estudar e ia para a matinê de punk rock. Tocava um pouco de tudo, Stooges, Kiss, AC/DC, e lá foi a primeira vez que eu ouvi falar a palavra ‘baseado’. Fiquei parado imaginando o que poderia ser. Mas foi no início dos anos 80, quando fui morar no interior, que experimentei maconha, benzina, lança-perfume. No interior não tem muito o que fazer, então os caras enchem a lata. Pouquíssima gente fumava maconha, tinha uma cultura da bebida mesmo. Hoje em dia a coisa está mais pesada, rola farinha direto. São outros tempos”.

Beto Bruno: “Pó é a coisa mais careta do mundo. Todo mundo acha que aquela bagagem de sexo, drogas e rock’n’roll vai junto contigo pra todos os lugares. Já botaram cocaína na nossa cara várias vezes, porque as pessoas meio que cobram isso”.

Nova: “Mick (Jagger), Keith (Richards) e Marianne (Faithfull, na época namorada de Jagger) estiveram em Arembepe (Bahia) em 1968 e voltaram para Inglaterra e Estados Unidos falando que no Brasil existia um paraíso tropical. Então todos os malucos começaram a ir para lá. O roadie do Jefferson Airplane (banda de rock psicodélico formada em 1965 em São Francisco) apareceu com 500 ácidos numa sacolinha e eu consegui dois. Chamava-se Purple Haze, puríssimo. Isso foi no início da popularização do ácido, porque depois todo mundo começou a tomar e perdeu-se a qualidade da coisa”.

Brandão: “Então logo depois de experimentar maconha passei a usar o ácido. Foi nessa época que eu resolvi ir para Londres e fiquei um tempo ainda no ácido. Mas logo depois eu comecei a me envolver com a cena local, fiquei amigo dos Rolling Stones, morei na casa do Mick Taylor, e aí comecei a cheirar pó, direto. Eu lembro que eu tive uma bad trip de ácido, achei que ia morrer. Aí fui pra casa de um amigo, que me ofereceu cocaína, aí ficou tudo bom (ri). Nessa época eu fui realmente viciado em cocaína, mas quando voltei para o Brasil, eu fui pegando mais leve. Voltei para o Brasil em 74, quando fui tocar com o Raul Seixas. Depois toquei com o Caetano Veloso, montei uma banda chamada Brylho da Cidade, com um nome que entrega tudo (ri), e nos anos 80, com o Hanoi-Hanoi. Heroína, quando eu voltei pro Brasil, eu parei. Mas cocaína… Eu só comecei a diminuir bem o uso do pó no começo dos anos 80, mas só fui parar de vez em 92”.

Nova: “Dos 18 aos 22, foram quatro anos de batalha árdua, fui ao inferno e voltei. Mas me recusei a ficar no purgatório. No purgatório tem um telão com a programação do SBT passando 24 horas por dia. Paguei o preço da curiosidade, da pouca idade. Foi uma experiência muito intensa, reveladora. Uma experiência complexa que traz no seu bojo o prazer e a dor lado a lado”.

Nervoso: “O lance é que o artista é o cara que se expõe. Essa é a função do artista, aliás, fazer coisas que o resto das pessoas querem fazer e não fazem. Então, ao se expor, é meio inevitável passar essa impressão, de que quem tá metido com rock, com música, com arte, tá metido com drogas ou que tem uma tolerância maior ao tema. Mas o lance é que a gente se expõe mais e acaba fazendo essa associação na cabeça das pessoas”.

Gordo: “Eu só fui usar cocaína mesmo em 83. Até então a gente fumava maconha, tomava cachaça e bola. Cocaína era droga de rico. Mas aí, na época do Napalm, começamos a ter contato com a new wave, com gente viajada, outra classe social. Foi quando conheci o ácido também. Primeiro eu só chapava no fim de semana, depois passou a ser todo dia. Quando a loja Punk Rock mudou para a rua Augusta, eu tomava dois, três, cinco Inibex (tipo de anfetamina) de uma vez antes de sair da minha casa no Tucuruvi, ia na padaria, tomava uma pinga e viajava uma hora e meia no ônibus elétrico. Chegando lá encontrava os amigos e passava o sábado inteiro assim. Depois caía para a balada. Era época do Madame Satã e começou a rolar até um comércio de ácido entre nós. Um microponto fabricado na USP. A balada ia de quarta a domingo, depois nego passava a segunda e a terça convalescendo. Na época, entre 85 e 86, tomei muito baque também. Todo mundo teve hepatite C, mas eu escapei. Pelo menos eu usava seringas descartáveis”.

Nervoso: “Eu já vi amigo meu se acabar com isso, um cara que não tem nada a ver com música, desses sujeitos que têm uma coletânea do Eric Clapton e dois discos do Pink Floyd (ri). No caso desse cara, eu vi a coisa de perto, foi caso pra levar o cara pra clínica em camisa de força. E o cara ainda foi pra clínica com cinco gramas de pó no pé, fazendo as contas pra saber em quanto tempo ele ia ter que arrumar mais. É triste, mas felizmente hoje ele tá bem. O lance é que as drogas existem para serem usadas, e não o contrário, pra elas usarem as pessoas. Mas tem gente que é muito influenciável, suscetível, e acaba não conseguindo se segurar”.

Beto Bruno: “Duas vezes eu perdi o controle (com cocaína). Era ela quem estava me usando. Era muito cara e de má qualidade. Porque hoje em dia é diferente dos anos 80. É triste ver os caras entrando e saindo do banheiro nas baladas de 15 em 15 minutos com aquela cara. A cocaína está no nosso meio, mas é foda quando as pessoas querem ser amigas e te procuram oferecendo drogas. Vai fazer amizade de outro jeito! É normal chegar numa cidade e os ‘magrão’ ficarem em cima dizendo que têm tudo o que a gente quiser. O nosso baixista, por exemplo, nunca cheirou. Ele morou na Europa, já viu de tudo e nunca teve coragem. E, depois, o sujeito nem levanta o pau. Qual é a diversão? Meio que estraga a noite, sabe?”

Nova: “Perdi amigo. Mas nunca me orientei pelos outros, sempre fui o timoneiro do meu próprio barco. Tive a consciência de que estava perdendo a capacidade de me manter íntegro, senti medo. E o medo é uma sensação poderosíssima. Talvez eu tenha tido sorte”.

Nervoso: “O começo mesmo pra mim foi ali na rua Ceará, no extinto Garagem, quando toquei lá pela primeira vez com a primeira banda que eu tive, antes mesmo do Beach Lizards. Chamava-se Stupid Nerds. Isso foi em 91. Vi muita coisa ali naquele lugar. Mas ao mesmo tempo, eu fui percebendo que a droga está em tudo quanto é lugar, porque você costuma associar droga a pessoas que são mais intensas e tem toda a relação da droga com o rock, mas o que eu fui perceber logo depois que eu comecei a tocar direto é que todo mundo usa droga, não é exclusivo de um grupo social ou de um tipo de profissão. Advogado, trocador de ônibus… Todo mundo usa”.

Brandão: “É impressionante, aqui no Rio sempre tem, o pessoal sempre oferece, então você tem que ser muito disciplinado pra não voltar. Porque não dá pra voltar. Essas drogas químicas, como a cocaína, a heroína, anfetamina, elas arrastam a pessoa pro fundo. Eu já vi muita gente se estragando, gente próxima, e não pessoas que vivem de música, todo tipo de gente. Então a minha desculpa quando vêm me oferecer pó é ‘meu santo não permite’. Aí param na hora (ri). Simplesmente recuso, mas não faço sermão. Mas a maior parte dos meus conhecidos hoje têm mais problemas com álcool do que com a cocaína. Eu bebia muito destilado – vodka, uísque – pra equilibrar”.

Beto Bruno: “Acho que o álcool pode atrapalhar mesmo. Na hora do show tomar uma cervejinha é do caralho, porque o trabalho já está feito e você só vai lá apresentar. Mas enquanto está compondo ou ensaiando é ruim. Para fazer o nosso segundo disco (As Próximas Horas Serão Muito Boas), a gente bebeu em todas as etapas. Costumo dizer que o encarte do álbum tem cheiro de uísque. Eu até gosto, mas aquilo é rock de bêbado. Estávamos em uma fase difícil, tipo ‘quero ser os Rolling Stones’. Hoje quando escuto o disco novo (Pista Livre) acho o som mais legal. Sem beber, a gente consegue ficar de oito a dez horas produzindo. Com bebida os interesses mudam. Rola briga, e tem uns que ficam muito chatos. Da banda ali eu sou um dos que mais bebem, mas tive o ‘start’ de tentar fazer as coisas sem o álcool. Fizemos uma experiência e hoje todo mundo concorda. Chegou uma hora em que eu falei: ‘vamos gravar os melhores discos da nossa vida”. Até então nunca tínhamos tido um super estúdio, então quando rolou resolvemos aproveitar ao máximo as horas que a gente tem. Tomar um chopinho depois da gravação é maravilhoso. E antes de entrar no palco, porque ajuda a descontrair e cria uma troca maior com o público, porque as pessoas que estão no show geralmente estão bêbadas. Agora, o que eu mais gosto mesmo é que nenhum dos cinco músicos da banda usa cocaína”.

Gordo: “O auge foi entre 1995 e 2000. Pintou o ecstasy e bateu na heroína. Durante as turnês na Europa a nossa banda era como os Freak Brothers de verdade. O speed faz parte da cultura na Espanha. Na primeira vez nós não sabíamos usar, e ficamos um mês sem dormir. Ainda bem que passou. Em janeiro de 2000 tive um problema no pulmão e fiquei a ponto de morrer. Estava usando heroína, tomando “e” e fumando três maços de cigarro por dia. Pesava 210 quilos. Foi um colapso total. Hoje em dia, se for comparar, eu virei um anjo. O objetivo hoje é viver mais, ficar com os filhos. Não tem lugar pra esse tipo de balada na minha vida. Até pela fase do crack eu passei. Em 1990 uma amiga ensinou a gente a fazer. É claro que rolaram vários problemas. Tive de mandar músico pra fora da banda”.

Brandão: “Eu não acredito que as drogas ajudem na criação artística, a compor melhor. No meu caso, se eu dou um tapa num baseado, é mais pra relaxar, não é pra fazer melhor, pra me inspirar, nada disso. A cocaína anestesia e um músico anestesiado não faz nada direito, músico não pode ser anestesiado, travado. E pra agüentar shows eu sempre tomei muito café e guaraná em pó, que eu também parei…”

Nervoso: “Não rola. Você até pode, sei lá, fumar um e ter uma idéia que pode ser usada numa música, mas nada que você não pensaria num momento em que você tá com a cabeça mais tranqüila ou quando a inspiração aparece quando você não espera. Pra tocar, especialmente, é horrível, qualquer droga. Eu componho as minhas músicas quando eu estou careta”.

Beto Bruno: “Não existe fumar um para fazer uma música. Influencia na maneira de pensar, mas às vezes você compõe e quando vai ouvir depois acha uma merda. A maconha me deixa mais centrado quando eu sento no meio das duas caixas de som, mas na hora da criação atrapalha um pouco. Sei de gente que só consegue fazer música drogado, mas daí tem que ficar chapado o tempo todo. Não existe isso de falar ‘agora eu vou ter uma idéia’. Dizem que, no primeiro disco, os Mutantes não conheciam nem maconha. Eles só foram tomar ácido na época do Jardim Elétrico”.

Gordo: “Tem muita música do Ratos de Porão que foi feita à base de álcool, maconha, cocaína. Tem gente que fala pra mim: ‘você só faz música boa quando tá fudido’. Quando fui fazer o disco novo (Homem Inimigo do Homem) não tinha idéia nenhuma do que escrever. Mas em um mês consegui fazer 11 faixas à base de suco Ades e quibe de soja. Talento eu tenho, sacou? Tem uns errinhos no disco que um produtor fudidão não deixaria passar, mas está muito bom. É ódio puro”.

Nervoso: “Por mim, tinha que legalizar a porra toda, porque essas merdas fazem tão mal quanto café, uísque, cigarro, só que a coisa piora ainda mais por ser proibida, porque aí entra no problema da repressão, do comércio na mão do crime organizado, do vício às escondidas… E é investida uma verba na proibição, com segurança, devia ser revertida pra saúde, pra tratar das pessoas que sofrem do vício. E pra educar, também. Porque a maior parte dos problemas com drogas vêm do fato de que as pessoas sequer tocam nesse assunto. Eu não vou esconder do meu filho o que eu fiz, porque eu não quero que ele repita as cagadas que eu fiz. Como eu não vou esconder que fui expulso da escola quatro vezes”.

Nova: “Não esquecendo que fui minha própria cobaia. Porque não existe literatura a respeito no Brasil. Os pais dos adolescentes acham que maconha é igual a cocaína que é igual a heroína. Não tem informação específica sobre o assunto. Tem comercial de tevê dizendo que droga mata, mas carro também mata. Tem que acabar com essa hipocrisia”.

Nervoso: “Aí volta pra aquilo que a gente tava falando no começo, que o artista é quem acaba dando a cara, falando do assunto. O artista não pode ter medo de se expor. Que é isso que estamos fazendo agora. Porque se o assunto começa a ser discutido, conversado, as pessoas vão acabar vendo os prós e contras e fazendo decisões que forem melhores pra eles. E que possam pedir ajuda quando precisam. Afinal, cada um é dono de seu nariz (ri)”.

Gordo: “Acho que toda droga deveria ser legalizada, porque só assim acabaria o tráfico. A maconha foi demonizada pelos americanos. Porque ela é uma das plantas mais completas: serve como combustível, para fazer roupa, curar doenças e ainda dá um barato. Mas sou contra drogas químicas. A cocaína e o tabaco são os maiores inimigos do homem”.

Nova: “Meu posicionamento é o mesmo de sempre. Quando você pensa em falar com uma multidão, o que é bom para um não é bom para outro. Cada organismo é diferente. Fumar um baseado pode me dar vontade de ouvir Hendrix, mas outra pessoa pode querer sair berrando pela rua. Se houvesse uma literatura que explicasse aberta e claramente sobre os efeitos e dosagens, ajudaria a decidir se vale a pena ou não. Quando tive minha experiência, vi que era muito mais do que qualquer coisa que já tinham me falado. Isso me rendeu uma música, “Quando eu Morri”, lançada em 1989 no disco “Panela do Diabo”, com o Raul Seixas. Foi escrita 16 anos depois, e fala basicamente sobre essa experiência vívida e sensitiva que eu passei”.