Conquistando o território europeu

, por Alexandre Matias

sensibesoccers

A gravadora paulistana Balaclava Records continua expandindo seu pequeno império indie e depois de lançar artistas norte-americanos em seu catálogo, resolve invadir o território europeu. E começa por Portugal, de onde trouxe o disco Villa Soledad do grupo Sensible Soccers, uma grata e instigante surpresa instrumental. Baixo, guitarra, teclados e computador compõem a base instrumental do grupo da região do Porto, que mistura elementos de pós-punk pós-rock a doses cavalares de música eletrônica, seja da contemplação ambient aos ciclos repetitivos do trance. Conversei com a banda por email sobre sua formação, apresentações ao vivo e a aproximação com o Brasil.

Conte um pouco sobre a história da banda. Qual o background de cada um de vocês para fazer este tipo de som?
Já tínhamos algum trabalho em várias vertentes da música – rádio, DJ, outras bandas, projectos a solo… – quando nos juntamos em 2009/2010, primeiro como um duo, depois como um trio e por fim como um quarteto. Lançámos alguns EPs, demos vários concertos que acabaram por ser míticos e que ajudaram a criar uma espécie de culto à volta da banda. Em 2014 saiu o nosso primeiro disco, 8, que foi muito bem recebido pela imprensa e público em geral e nos catapultou para outro patamar e nos levou a sítios como o palco principal do Festival Paredes de Coura ou o Boom Festival. Já este ano ficamos reduzidos a trio novamente e lançámos o nosso segundo disco, o Villa Soledade, que tem sido igualmente bem recebido e que nos vai levar a festivais como o Primavera Sound do Porto, o Neo Pop ou o Rock in Rio Lisboa.

Como são as apresentações ao vivo? Vocês variam formatos?
Em estúdio somos mais cuidados e calmos e ao vivo mais desbragados. Somos quatro em palco com sintetizadores, drum pads, guitarra, baixo e programações. As músicas ganham outra dimensão ao vivo e está quase sempre presente uma ideia – bem vaga – de viagem ao longo do concerto.


O grupo Sensible Soccers apresentando-se na versão lusitana do Boiler Room:

O público português acompanha o que acontece na música brasileira, mas o contrário não ocorre. Por que acha que os brasileiros não acompanham a música portuguesa?
É verdade que a música brasileira penetra o mercado português e o contrário não se verifica. Sempre houve espaço cá para receber desde a Roberta Miranda ao Caetano, da Ivete Sangalo, ao Vinicius, dos Mutantes ao Chitãozinho e Xóróró. O mercado brasileiro é maior e mais dominante e o povo português sempre muito aberto, atento e permeável ao que vem de fora. Talvez os brasileiros estejam mais interessados em saber o que se passa nos Estados Unidos e no Reino Unido.

Que nomes vocês indicariam para quem quer entender a música portuguesa atual?
Não somos as pessoas mais indicadas para sugerir novos nomes da música portuguesa… Podíamos indicar algumas bandas de amigos nossos ou uns nomes mais genéricos para o pessoal aí ficar com um apanhado do que se faz mas estaríamos provavelmente a dar uma imagem errada do que por cá se faz por isso não vamos arriscar.

Como vocês se encaixam nessa cena? Fazem parte de algum recorte específico da música portuguesa atual ou são um caso isolado?
Desde o nosso inicio que nos mantivemos independentes e a traçar o nosso próprio caminho. Somos um caso isolado, mas não os únicos a olhar o céu.

Por que o nome da banda é em inglês? De onde vem o nome?
O nome vem do jogo de computador de futebol dos anos 90. Foi escolhido por brincadeira antes sequer de termos músicas feitas e ficou até agora… Não estamos intimamente ligados ao jogo mas na altura em que foi escolhido o nome, o Emanuel Botelho, que entretanto saiu da banda, jogava muitas vezes e gostávamos muito do visual dos jogadores de futebol ingleses e alemães dos anos 70 e 80 e isso inclinou-nos para a escolha do nome.

E como aconteceu o contato com a Balaclava? Vocês já conheciam algo sobre a cena independente brasileira?
O contacto com a Balaclava partiu da nossa agência, a Azul de Tróia. Não conhecíamos muito da cena independente brasileira e continuamos a não conhecer. Vamos tocar com os Boogarins no Rock In Rio Lisboa e talvez eles nos dêem umas dicas.

Conhecem o Brasil? Há planos de tocar por aqui?
Gostamos muito da ideia que temos do Brasil mas não passa disso. Temos que visitar para gostarmos a sério. Esperamos tocar aí o mais breve possível.

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