A volta de… Full House!

, por Alexandre Matias

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Estamos todos sérios falando da volta de Twin Peaks e Arquivo X e aí chega o Netflix falando que Três é Demais pode voltar! Comentei sobre essa possibilidade lá no meu blog do UOL http://matias.blogosfera.uol.com.br/2015/04/07/mais-nostalgia-anos-90-quem-esta-preparado-para-a-volta-de-tres-e-demais/.

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Entre a confirmação de uma nova temporada de Arquivo X e o cancelamento da volta de Twin Peaks surge mais um boato sobre outra volta seriados dos anos 90. Desta vez é a vez do pacato Três é Demais, que também é conhecido por seu nome original, Full House, que foi cortejado pelo Netflix para voltar em nova temporada.

A série é mais lembrada pelas tiradas infames do personagem bebê Michelle Tanner, vivido pelas gêmeas Mary-Kate e Ashley Olsen, uma das filhas do protagonista Danny Tanner, interpretado por Bob Saget. Além de Michelle, Danny era pai da adolescente D.J. (Candance Cameron) e a da pré-adolescente Stephanie (Jodie Sweetin) e a série partia da premissa que, logo após a morte de sua esposa em um acidente de carro, Danny mudava-se para uma casa com suas filhas e o cunhado Jesse (John Stamos), que tenta a sorte como músico, e seu amigo Joey (Dave Coullier), um comediante novato. O título em português faz referência aos três adultos e às três crianças, enquanto o título em inglês falava da casa cheia sempre de gente da improvável família.

A série durou entre 1987 e 1995 e emplacou no Brasil como um dos primeiros sucessos da então incipiente TV a cabo, nos anos 90. Antes do Warner Channel repetir Big Bang Theory e Friends sem parar, um de seus principais sucessos era Três é Demais (sempre exibido junto com Step by Step).

Três é Demais é um dos inúmeros exemplos de como eram os programas de TV antes dos anos 90. A lógica dos episódios era repetitiva, os diálogos superficiais, as histórias quase sempre eram conduzidas apenas para alternar momentos de candura, frases de efeito e piadas do tipo “tio do pavê”. As mudanças na série aconteciam em câmera lenta. Por oito temporadas, a única coisa que mudou além da idade das crianças foi a entrada da personagem Rebecca (Lori Loughlin), que começa a namorar Danny na segunda temporada, casa-se com ele na quarta e tem filhos gêmeos na quinta. De resto, dá para assistir à série em qualquer ordem, sem acompanhá-la. Não há nenhum nível de complexidade. Ela é tão rasa – e divertida – quanto os Trapalhões ou Chaves ou qualquer outro seriado de seu tempo. Uma relíquia de quando a televisão era mais inocente.

Vieram os anos 90 e com eles revoluções na narrativa, na linguagem, na tecnologia – e os seriados de TV se reinventaram para o século 21. Os Simpsons, Twin Peaks e Arquivo X começaram a rascunhar o já clássico Olimpo da TV desde século, formado por títulos como Sopranos, Six Feet Under, Lost, Mad Men, Breaking Bad, The Wire, Walking Dead e Game of Thrones. Séries como Full House hoje não passam nem do primeiro estágio de produção, devido à sua simplicidade.

A tentativa do Netflix em emplacar uma nova versão do seriado tem mais a ver com a volta dos anos 90 (que eu comentei outro dia) do que com uma reinvenção de narrativa, como seria o caso dos retornos de Twin Peaks e Arquivo X. As fichas do serviço digital devem ter ido para Três é Demais por uma questão de zeitgeist: há algum tempo uma série de entrevistas e aparições dos atores e personagens da série original têm mostrado que o interesse do público norte-americano em Full House segue à toda.

Primeiro foi a volta da banda do personagem “Tio Jesse” no programa de Jimmy Fallon, em 2013:

Depois, em janeiro do ano passado, foi novamente o personagem de John Stamos quem puxou a conversa, mas Saget e Coullier vieram juntos neste anúncio de iogurte grego veiculado durante o Superbowl:

Também no ano passado, as gêmeas Mary-Kate e Ashley Olsen falaram sobre a série em uma entrevista no programa de Ellen DeGeneres:

E no início deste ano, todo o elenco da série (menos as duas gêmeas) se reuniu para cantar o tema de Full House para o produtor e criador do seriado, Jeff Franklin, em sua festa de 60 anos.

E agora vem esta especulação que, se confirmada, acompanhará a rotina da filha Tanner mais velha, D.J., e sua melhor amiga, Kimmy Gibler (vivida por Andrea Barber), além de ter pontas dos principais nomes da versão original. A nova temporada, segundo o site TVLine, se chamaria Fulller House (Casa Mais Cheia) e teria 13 episódios. Ainda não foi confirmado, mas é questão de tempo, segundo o site. Resta saber se ele manterá a inocência daqueles tempos ou se tentará acompanhar o espírito da TV do século 21.

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