18 de 2018: Trabalho Sujo

, por Alexandre Matias

trabalhosujo2018

Hora de recapitular este turbulento 2018 do meu ponto de vista, esta exegese individual à qual me submeto sempre no ocaso destes ciclos – ela que me acompanha sempre em caminhadas solitárias, em vários momentos de introspecção e quietude, que fica à espreita em encontros coletivos e quase sempre sai por escrito nas entrelinhas de um comentário de um disco, de um filme, de um livro ou em recapitulações de fim de ano quando a época propicia estes momentos de revisão pessoal num contexto maior – tal qual aqui. E começo estes 18 instantes sobre o meu 2018 apontando a lupa justamente para onde estamos eu e você, leitor – nossa conexão pessoal através de um site que criei como coluna de cultura pop num jornal de Campinas 23 anos atrás.

O Trabalho Sujo é meu nome jurídico, minha empresa, meu alter ego institucional, a roupa que visto fora de casa, a voz que sai depois do pigarro. E 2018 foi um ano de reavaliação do que significa este lugar, este ambiente mental que crio a partir de palavras para me conectar com você. Desde o início da década venho reavaliando o significado deste nome e testado-o em outras situações para além da internet, seja na festa que leva seu nome e que acaba de completar sete anos, seja com os cursos e curadorias de música que assumi a partir de, respectivamente, 2014 e 2017. Há quatro anos tirei o site de um contexto paralelo aos meus empregos oficiais para transformá-lo no principal foco de minha carreira, o veículo através pelo qual sou reconhecido. Já tive vários sobrenomes profissionais (Matias do Diário, do Correio, da Conrad, da Play, da Trama, do Trama Universitário, do Link, do Estadão, da Globo, da Galileu) e resolvi deixá-los no passado para centralizar minha produção neste site. A coexistência com o falecido Blog do Matias, que eu fazia no UOL, que morreu no fim do ano passado (bem como minha coluna Tudo Tanto, que afundou junto com a Caros Amigos), me ajudou a focar o site nos últimos anos em música – o que aos poucos foi ganhando forma de divulgação dos trabalhos em que tenho me envolvido.

2018 me mostrou que este site é a central em que reúno tudo que faço, não propriamente um veículo em si – embora ele também possa ser isso e através do qual siga escrevendo sobre assuntos que me interessam. Não é um fim em si mesmo, não tem media kit nem números de audiência, nem patrocinador nem dados sobre o público. Tirei deliberadamente o contador de likes das páginas e sua existência online deixou de ser a de um site sobre um determinado assunto – a não ser que você considere que este determinado assunto sou eu. Durante o ano – e justamente por isso -, ele foi mudando sua configuração estrutural e o menu de assuntos que fica entre o logotipo criado pelo Jairo em 2014 e as notícias em si não traz mais uma lista de temas ou categorias de determinados assuntos – e sim as áreas com as quais venho trabalhando para além da internet.

A foto que ilustra o texto (um selfie no espelho numa das Noites Trabalho Sujo que fiz no já falecido Clube V.U.) funciona como uma amostra do que foi 2018: um olhar para dentro em todas as situações, até mesmo numa festa que não deu certo. E serve como uma provocação a um convite pessoal que faço para mim mesmo em 2019: olhar para fora. Autobiógrafo que sou, hora de crescer para além deste site – mas ainda mantendo o nosso contato, mesmo que de outra forma: num show, numa aula, num papo, num encontro. Vamos lá – agora mais do que nunca.

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