Centro da Terra: Abril de 2024

Março chegando ao fim, é hora de anunciar as atrações de música do Centro da Terra em abril. Como o mês tem cinco segundas-feiras, começamos no dia primeiro com uma segunda sem temporada, deixando a abertura do mês para a primeira apresentação solo do baiano Felipe Vaqueiro, líder da banda Tangolo Mangos. Sozinho com seu violão, ele recebe convidados como Bruno Fechine e Sophia Chablau para dar início aos trabalhos no espetáculo Dando Nome aos Bois. No dia seguinte, dia 2, é a vez do quinteto de jazz e música brasileira Orfeu Menino começar sua mutação no espetáculo Orfeutanásia – Presságios da Metamorfose, quando misturam músicas alheias e autorais com sua verve de improviso, finalmente incorporada à apresentação. A partir do dia 8, segunda segunda-feira do mês, o trio Rodrigo Campos, Rômulo Fróes e Thiago França misturam trabalhos na temporada 3 na Ribanceira, trazendo convidados e obras diferentes a cada segunda, recebendo velhos conhecidos para apontar para novos rumos. Na segunda terça do mês, dia 9, é a vez do grupo Música de Selvagem apresentar-se mais uma vez no Centro da Terra, abrindo o processo ao redor do disco que criaram durante a pandemia pela primeira vez, reunindo-se ao trompetista Rômulo Alexis e à vocalista Inês Terra. No dia 16, quem sobe no palco central do Sumaré é a querida Juliana Perdigão, em que convida Chicão, Boi, Barulhista e Filipe Franco para um jogo de perguntas sem respostas chamado Fraga? Quem vem dia 23 é o gaúcho Pedro Pastoriz, que encerra o ciclo de seu disco mais recente, Pingue-Pongue com o Abismo, no espetáculo Replay, em que recebe vários convidados, que participaram do disco ou não. E fechamos o mês com a cearense Soledad apresentando o espetáculo Desterros, em que disseca as canções do grupo conhecido como Pessoal do Ceará, um dos grandes segredos da nossa música popular. As apresentações começam pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda neste link.

#centrodaterra2024

O melhor de dois mundos

Que maravilha a apresentação que Paula Tesser fez no Centro da Terra nesta segunda-feira, revisitando suas raízes culturais – Fortaleza e Paris – com uma banda irrepreensível e convidadas de ouro. O espetáculo Alumia foi dirigido por seu compadre Dustan Gallas (vou te chamar, hein!), que assumiu o piano à frente do baixo de Zé Nigro e da bateria de Samuel Fraga e os três passaram o show inteiro esmerilhando entre si, mas sem tirar o foco da estrela da noite, completamente à vontade no palco. E depois de passar por canções francesas, inclusive a fatal “La Chanson de Prévert” de Serge Gainsbourg, e outras de seu primeiro disco, Paula voltou-se para o Ceará ao visitar Fagner (“Cebola Cortada”), Fausto Nilo (“Tudo Blue”) e Amelinha (“Depende”) e ainda chamou duas divas para dividir momentos específicos do show, como quando pôs Kika para enveredar por “Ingazeiras”, faixa de abertura do disco mitológico do Pessoal do Ceará, Meu Corpo Minha Embalagem Todo Gasto na Viagem, que Téti, Ednardo e ‎Rodger Rogério lançaram há 50 anos, ou quando convidou Soledad para dividir a pulsante “Galope Rasante”, de Zé Ramalho. A apresentação já tinha uma carga mágica considerável, que transcendeu quando, acompanhada apenas do trio que reuniu, passeou por “Beira Mar”, numa versão de chorar.

#paulatessernocentrodaterra #paulatesser #centrodaterra2024 #trabalhosujo2024shows 23

Assista a um trecho aqui.

Soledad entre pássaros e peixes

soledad2020

A cantora cearense Soledad mostra em primeira mão no Trabalho Sujo o segundo clipe de seu disco Revoada, lançado no ano passado, mais uma parceria com a diretora Patrícia Araujo. O clipe é da ótima versão que ela fez para a tocante “Pássaros, Mulheres e Peixe”, de Alessandra Leão. “O que está visível hoje?”, pergunta-me de volta quando a pergunto a relação entre o novo clipe e a situação que atravessamos por conta do coronavírus. “O isolamento pandêmico destaca e fortalece as diferenças sociais, políticas e culturais nas quais as mulheres são inseridas. Ficamos ainda mais expostas ao desamparo e às violências do machismo, o aumento do feminicídio em alguns países desde que a quarentena começou comprova isso, por exemplo.”

O clipe foi gravado antes do período de confinamento, à exceção das imagens de Soledad, feitas por ela mesma com inspiração em técnica de stop-motion da cineasta Agnès Varda “Eu e Pati conversamos há algum tempo sobre como a arte e os valores feministas podem, e devem, refletir a nossa responsabilidade cidadã e humana, e também a de personagens da natureza. Como artistas, precisamos estabelecer alguma conversa com o mundo e sua realidade, vislumbrando transformações. Desde o nascimento do Revoada, nós ficamos muito atraídas pela ideia de criarmos juntas um vídeo-arte para essa canção, pelo que ela conta e nos une afetivamente e politicamente na nossa condição de mulher, esse momento se deu agora. É impressionante o que uma música, uma dança, um texto, ou um filme podem comunicar, atravessar e construir.”

“Há quarenta dias tento deixar a respiração pacífica para que seja possível imaginar o mar e desenhar uma linha do horizonte para a vida futura”, responde quando pergunto a ela sobre os dias de isolamento social. “Mergulho em leituras e filmes que me dão possibilidades de criar uma paisagem melhor para essa vida, a desejada por mim e pelas pessoas que se colocam perto e distante. Também tenho me dedicado ao pequeno livro que pretendo lançar em breve e a tentar entender se o que produzo contribui para a transformação social que manterá o planeta e as pessoas vivas ou não. Difícil falar sobre a pós pandemia agora, por enquanto penso o quão é importante nos posicionarmos politicamente e enxergarmos nossas responsabilidade sócio-afetivas.” Ela planeja lançar mais um clipe deste mesmo disco (a música escolhida ainda é segredo), mas já começa a compor novamente…

Soledad: Revoada

soledad-centrodaterra

Que satisfação poder receber a cantora cearense Soledad no palco do Centro da Terra, nesta quinta-feira, 24 de outubro, a partir das 20h (mais informações aqui). Ela estende seu disco Revoada, lançado neste ano, num formato narrativo que vai para além do repertório do disco, com participações que incluem nomes como Alzira E, Fernando Catatau, Júnio Barreto, Bárbara Eugenia, Julia Valiengo e vários outros convidados. Conversei com ela sobre o que podemos esperar desta apresentação.

Soledad no CCSP de graça

soledad2019

A cantora cearense Soledad lança seu segundo disco Revoada, produzido por Fernando Catatau, nesta quinta-feira, às 21h, no Centro Cultural São Paulo – a entrada é gratuita (mais informações aqui).

CCSP: Maio de 2019

ccsp-musica-maio-2019

Esta é a programação que teremos neste mês de maio pela curadoria de música do Centro Cultural São Paulo…

2 – A cantora cearense Soledad lança seu segundo disco Revoada, com produção de Fernando Catatau – de graça
4 – A Levis comemora o aniversário de sua calça icônica com o 501 Day Festival, que reúne apresentações de Letrux, Tássia Reis, Jaloo e MC Tha de graça a partir das 16h
5Luciana Oliveira mostra seu disco Deusa do Rio Níger a partir das 18h
9 – A banda A Place to Bury Strangers já está com ingressos esgotados (mas eu ouvi falar em sessão extra?)
11 – O sexteto instrumental Labirinto lança seu terceiro álbum (Divino Afflante Spiritu) e grava clipe ao vivo
12 – O rapper Froid vem de Brasília pra mostrar seu disco Teoria do Ciclo da Água
16Arto Lindsay e Rodrigo Coelho apresentam-se na mesma sessão, o primeiro mostra seu disco Cuidado Madame, enquanto o segundo apresenta seu espetáculo Coisas2018, em cima da obra de Moacir Santos
18 – A primeira parte da Virada Cultural no Centro Cultural São Paulo faz Rodrigo Brandão mostrar seu Outros Barato ao lado do trio Azymuth, com alguns convidados surpresa…
19 – A segunda parte da Virada Cultural no Centro Cultural São Paulo traz shows com Quartabê, Luiza Lian, Ava Rocha e Alessandra Leão – além de um espetáculo envolvendo as quatro artistas
23 – Os grupos de pós-punk Duplo (de São Paulo) e Belgrado (de Barcelona) apresentam-se na mesma sessão
24 – A big band Höröyá lança seu terceiro disco, Pan Bras’Afree’Ke Vol.2, de graça no Centro Cultural São Paulo
25 – O trio Mental Abstrato funde rap com jazz e chama Kamau e Stefanie MC como convidados
26Lara Aufranc mostra seu novo disco Eu Você Um Nó, produzido por Rômulo Froes, com abertura da banda Nã em mais um show gratuito
30Luê recebe Juliana Strassacapa e Mateo Piracés-Ugarte, da banda Francisco El Hombre, e Siba para mostrar faixas dos dois álbuns e músicas inéditas

Tudo Tanto #65: Soledad

soledad-2019

O tema da minha coluna semanal sobre música brasileira é o segundo disco da cantora cearense Soledad, Revoada, que começa a ser revelado com o clipe de “Por Amor”, canção composta por Fernando Catatau, que também produz o disco – bati um papo com ela sobre o novo álbum no Reverb – confere lá.

Soledad 2018: “Eu já me desconheço…”

Soledad

A cantora cearense lança o primeiro single de seu novo trabalho, “De Manhã, Logo Cedo”, composta por Juliano Gauche e produzida por Daniel Ganjaman, lançada em primeira mão no Trabalho Sujo.

O single é um lançamento do selo paulistano EAEO.