Jimmy Cobb (1929-2020)

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Vai-se Jimmy Cobb, o último sobrevivente de uma das maiores formações musicais da história. Depois de começar a carreira cedo e logo subir ao palco para acompanhar gigantes como Billie Holiday e Dizzy Gillespie, o baterista norte-americano entrou para o primeiro grande grupo de Miles Davis em 1957 e ao lado dele, Julian “Cannonball” Adderley, John Coltrane, Bill Evans e Paul Chambers, gravou o disco que mudou a história do jazz, A Kind of Blue. Manteve-se fiel ao seu maestro e gravou alguns de seus principais álbuns, como Sketches of Spain (1960), Someday My Prince Will Come (1961), Miles Davis at Carnegie Hall (1962), Porgy and Bess (1959) e Sorcerer (1967), seguindo acompanhando grandes nomes do jazz desde aquele período. O músico morreu neste domingo, vítima de câncer no pulmão.

Astrid Kirchherr (1938-2020)

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Mais do que a primeira pessoa a fotografar os Beatles como um grupo, Astrid Kirchherr, cuja morte, terça passada, só se tornou pública nesta sexta (com um tweet do beatlólogo Mark Lewisohn), foi a responsável por apresentar-lhes as primeiras noções práticas de estilo. Ela fazia parte do trio de amigos que foram os primeiros fãs da banda em sua temporada em Hamburgo, na Alemanha, em 1960, e que logo se tornaram os primeiros amigos alemães do grupo. John Lennon chamava Astrid, Klaus Voorman e Jürgen Vollmer de os “exis”, em referências aos existencialistas franceses, mas foi a fotógrafa e estudante de moda que mais mexeu com o senso estético e existencial do grupo – era uma mulher que morava sozinha, tinha seu próprio emprego e seu próprio carro, além de usar cabelo curtinho, algo impensável para aqueles caipiras de uma cidade portuária no norte da Inglaterra.

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Além das fotos estilosas que consagraram essa pré-história da banda, que ainda contava com o baixista Stuart Sutcliffe e o baterista Pete Best em sua formação, ela também foi responsável por inventar o penteado que anos mais tarde seria reconhecido como o corte de cabelo dos Beatles, cortando primeiro o cabelo de seu namorado na época, Stu, que ficou em Hamburgo quando a banda voltou para Liverpool, e depois o de cada um dos outros Beatles (menos de Best, que manteve o topete). Mesmo depois que o grupo voltou para a Inglaterra e fez sucesso no resto do mundo, eles continuaram o contato com ela, que nunca foi muito fã daquele tipo de fama. Descanse em paz.

Little Richard (1932-2020)

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Com a morte de Little Richard, morre a alma do entretenimento moderno – sem ele não tinha Madonna, Michael Jackson, Rolling Stones, Beatles, James Brown, Prince… Mais do que um dos pais do rock’n’roll, ele – ao lado de outro santo, Chuck Berry – tingiu a música pop com a cor negra que a fez ganhar o planeta. A causa da morte ainda não foi revelada.

Millie Small (1946-2020)

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Mais do que a cantora do hit “My Boy Lollipop”, Millie Small, que faleceu nesta terça-feira (vítima de um derrame), foi a primeira popstar jamaicana e lançou o ska para o resto do mundo em 1964.

Florian Schneider (1947-2020)

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Com a morte de Florian Schneider, o que chamamos de música eletrônica fica órfã. Um dos fundadores do Kraftwerk, o músico alemão foi um dos pioneiros do gênero e começou a desconstruir sua musicalidade quando passou a submeter seu principal instrumento – a flauta transversal – a uma série de pedais de efeito, mudando inclusive o papel do instrumento nas formações em que tocava, até o final dos anos 60. A partir daí, conheceu o eterno parceiro Ralf Hütter, e aos poucos foi abraçando os sintetizadores e a pós-produção, criando o principal grupo alemão da história da música pop, que abriu fronteiras inimagináveis ao processar o rock progressivo dentro das rígidas regras do minimalismo eletrônico, influenciando até mesmo David Bowie, que compôs uma música em sua homenagem (“V-2 Schneider“, do disco “Heroes”). A causa da morte não foi anunciada.

Ciro Pessoa (1957-2020)

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Mais uma vítima do coronavírus, Ciro Pessoa era mais que “o nono Titã”, por ter sido um dos primeiros a embarcar na ideia da criação do grupo paulistano, era um poeta urbano e cronista paulistano, que sintetizou sua essência num dos discos-chave do pós-punk brasileiro, Fósforos de Oxford, de seu Cabine C.

Ciro vinha se tratando de um câncer, o que lhe fez ser contagiado pelo covid-19. Triste perda, vai na paz.

Aldir Blanc (1946-2020)

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Com a morte de Aldir Blanc, perdemos um mago que também era uma estrela, um autor que também era um personagem, um ser de carne e osso sobrenatural. A música brasileira fica um tanto muda e nossa cultura um tanto sem palavras, mas, como ele mesmo dizia: “Mas sei que uma dor assim pungente não há de ser inutilmente…” Obrigado, seu Aldir.

Tony Allen (1940-2020)

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Um pulso transcendental se cala com a passagem de Tony Allen, santo patrono do ritmo que materializou a visão de Fela Kuti de fundir a musicalidade do oeste africano com o funk norte-americano ao colocar doses cavalares de jazz nesta receita, tornando-o tão pai do afro beat quanto o próprio Fela, ao lado de quem se transformou em um dos maiores bateristas da história. Mas Allen foi além e após deixar o Afrika 70, grupo que fundou com o antigo amigo, tocou com nomes de diferentes gêneros musicais, incorporando elementos de dub, música eletrônica e rap a sua sonoridade, gravando com artistas tão diferentes quanto Sébastien Tellier, Ray Lema, Metá Metá, Manu Dibango, Air, Jeff Mills e Charlotte Gainsbourg, além de montar duas bandas com Damon Albarn, do Blur: The Good The Band and The Queen, que ainda tinha o ex-Clash Paul Simonon no baixo, e Rocket Juice & The Moon, que trazia Flea, do Red Hot Chili Peppers. Ele veio ao Brasil algumas vezes e a última vez que pude assisti-lo foi ao lado do Thiago França, num dos melhores shows que vi no ano passado.

Vai em paz, mestre.

Rubem Fonseca (1925-2020)

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Vai-se um gigante – Rubem Fonseca nos deixou nesta quarta-feira e com isso morre o maior escritor brasileiro vivo. Ele é o grande nome da literatura brasileira contemporânea e ajudou-a a finalmente sair do século dezenove, fazendo com contos e romances o que Nelson Rodrigues fez com o teatro e João Gilberto com a música. Seus personagens frios, sujos e surreais habitavam um Brasil bem diferente deste que conhecemos hoje, mas a essência daquele submundo que dispôs-se a retratar influenciou completamente as letras no país (mesmo sempre recluso e avesso a entrevistas) – seja na literatura, no jornalismo, no cinema, no teatro ou na televisão.

Moraes Moreira (1947-2020)

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Que tristeza começar a semana com uma notícia dessas… Mais que peça central em um dos grupos mais importantes da nossa música, Moraes Moreira ampliava o cancioneiro nordestino para além das fronteiras estaduais e compôs algumas das canções mais bonitas e fortes da música brasileira. Vai em paz…