Ney Matogrosso e um piano

Ney Matogrosso acompanhado apenas de um piano. Essa única frase resume todas as sensações que quem esteve no Sesc Pinheiros nessa sexta-feira pode experimentar, afinal de contas se a voz e a presença de Ney é um acontecimento em qualquer situação cênica, colocá-las à luz de um único instrumento reforça o intimismo quase microscópico com um dos maiores nomes de nossa cultura. O show surgiu como parte do último grande esforço promovido pelo saudoso Danilo Miranda, o sujeito que transformou São Paulo usando cultura e, ao fazer isso, repaginou a vida cultural de todo o Brasil ao transformar o Sesc em uma máquina de arte. Antes do apagar das luzes da noite,´fomos recebidos por um retrato do homem Sesc falecido no início da semana com uma frase que agradecia pela “construção de um legado inspirador”, saudação que motivou aplausos espontâneos logo que o público se acomodou, as luzes foram desligadas e apenas o telão iluminava a audiência, que começou a salva de palmas no mesmo instante. Danilo promoveu uma série de eventos com artistas mais velhos em diversas unidades do Sesc para comemorar os 60 anos do programa Trabalho Social com a Pessoa Idosa promovido pela instituição. O primeiro evento desta série que começou em setembro foi um debate que contou com as presenças de Fernanda Montenegro, Ignácio de Loyola Brandão, Zezé Mota, Marika Gidali e o próprio Danilo, finalizando com a tal apresentação de Ney acompanhado apenas de um pianista. O que deveria ser só um show comemorativo para uma ocasião caiu no gosto do intérprete, que resolveu fazer mais destes. Acompanhado do ótimo – virtuoso e discreto – Leandro Braga, Ney passeou por seu próprio repertório, que também é uma amostra do melhor da canção brasileira, em versões deslumbrantes para Marina Lima (“Nada Por Mim”), Noel Rosa (“Último Desejo”), Cartola (“Sim”), Jacob do Bandolim (“Doce de Coco”), Roberto Carlos (“A Distância”), Frejat e Cazuza (“Poema”), Caetano Veloso (“Ela e Eu” e “Sorte”) e Mutantes (“Balada do Louco”), além de relíquias específicas de nossa canção como a provocante “Amendoim Torradinho” de Henrique Beltrão e a sensual “Da Cor do Pecado” de Bororó e duas jóias dos Secos e Molhados (“Fala” e “Rosa de Hiroshima”, ambas de arrepiar). Com figurino preto coberto com um blazer florido, ele quase não falou com o público nem conversou entre as canções e ainda pinçou uma música inédita em seu repertório, a deliciosa “Rua, Na Chuva, Na Fazenda”, de Hyldon, transformando a sequência de faixas em uma tela impressionista sobre nosso cancioneiro, conduzido pelo timbre único de um de nossos maiores intérpretes. Uma apresentação avassaladora, se tiver a oportunidade de vê-la, não pense duas vezes.

Assista aqui:  

Tá achando que tem muita capa de disco brasileira esticada por inteligência artificial?

Você não viu nada. Se liga em mais uma série feita pelo Caramuru.

Veja mais aqui:  

O fim de Baco Exu do Blues

baco2019

O jovem Baco Exu do Blues está prestes a encerrar sua trilogia de entidades depois de gravar um disco em duas semanas na Toca do Bandido. Inspirado no deus do vinho que batiza seu primeiro prenome, o disco ainda sem nome conta com participações de Duda Beat, BK, Kiko Dinucci, Ney Matogrosso e Hamilton de Holanda, além de ter uma faixa de dez minutos chamada “Exu is King” em que ele ameaça “matar o seu Messias”, em seu disco mais político. Conversei com ele num papo para a revista Trip – confere aí.

Nação Zumbi e Ney Matogrosso podem seguir juntos

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Conversei com Lúcio Maia, Jorge Du Peixe e Pupilo sobre uma possível continuidade da parceria da Nação Zumbi com Ney Matogrosso após o show que fizeram juntos no Rock in Rio – o vídeo faz parte da cobertura que fiz do festival para o UOL.

Vida Fodona #557: Muita música de 2017

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Demorou, mas eis o primeiro VF de maio…

Beto Cajueiro – “Sistema da Vida”
Boogarins + John Schmersal – “A Pattern Repeated On”
War on Drugs – “Thinking of a Place”
Haim – “Right Now”
Fleet Foxes – “Fool’s Errand”
Ney Matogrosso + Nação Zumbi – “Amor”
Black Lips + Yoko Ono – “Occidental Front”
Angel Olsen – “Who’s Sorry Now”
Whitney – “You’ve Got A Woman”
Tiê – “Mexeu Comigo”
Amber Coffman – “No Coffee”
Lana Del Rey + Weeknd – “Lust for Life”
Johnny Jewell – “Stardust”
LCD Soundsystem – “American Dream”
PJ Harvey – “A Dog Called Money”
Curumin – “Boca de Groselha”
Rincon Sapiência – “Ponta de Lança (Verso Livre)”
BaianaSystem + Yzalú – “Eu Quero É Botar Meu Bloco na Rua”

Ney Matogrosso + Nação Zumbi: “Suave coisa nenhuma”

Já é uma tradição do palco Sunset, do Rock in Rio, reunir diferentes nomes da música que nunca trabalharam juntos num mesmo show. O encontro da Nação Zumbi com Ney Matogrosso é uma das promessas da edição deste ano e os dois acabam de lançar a versão que fizeram para “Amor”, clássico dos Secos e Molhados:

A conexão, no entanto, ficou aquém do esperado. A junção entre os vocais de Jorge Du Peixe e Ney deixou ambos deslocados, como coadjuvantes em busca de um protagonista, e a guitarra pesada de Lucio Maia dá uma conotação errada para o verso “suave coisa nenhuma” imortalizado pela canção. Acho que se enfatizassem no lado mais doce e bucólico do disco mais recente da Nação e deixassem claro que Ney é a estrela do encontro (como ele é em qualquer situação em que esteja), as coisas fluirem melhor e soariam mais fluidas. Tomara que azeitem melhor isso.

Vida Fodona #554: Vida Fodona de resistência

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O único Vida Fodona de março de 2017.

!!! – “The One 2”
Spoon – “Whisperilllistentohearit”
Katy Perry – “Chained to the Rhythm (Hot Chip Remix)”
Bruno Mars – “24k Magic”
Dr. Dre – “Let Me Ride”
Mano Brown + Dom Pixote + Seu Jorge – “Dance Dance Dance”
Daryl Hall & John Oates – “I Can’t Go For That (No Can Do)”
Roxy Music – “Oh Yeah”
Paralamas do Sucesso – “Nebulosa do Amor”
Lorde – “Liability”
George Michael – “Careless Whisper”
Boogarins – “Olhos”
Feist – “Pleasure”
Velvet Underground + Nico – “All Tomorrow’s Parties”
Black Angels – “I’d Kill for Her”
Underworld – “Slow Slippy”
A Tribe Called Quest – “We the People”
Danny Brown – “White Lines”
Negro Léo – “O Céu dos Otários é Neutro”
Sambanzo – “Capadócia”
Sebadoh – “Vampire”
Giovani Cidreira – “Crimes da Terra”
Karina Buhr – “Esôfago”
Ney Matogrosso – “Freguês da Meia-Noite”

E aqui a versão do Spotify, com menos músicas:

Vida Fodona #442: Feito pra encarar o sol

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O sábado tá bonito!

Clancy Eccles – “Fatty Fatty”
Smith – “Baby It’s You”
Of Montreal – “Jaques Lamure”
Ney Matogrosso – “Incêndio”
Kevin Ayers – “Connie On A Rubber Band”
Arcade Fire – “Flashbulb Eyes”
Brigitte Bardot – “Contact”
Phoenix – “Trying To Be Cool (Breakbot Remix)”
Friendly Fires – “Paris (Aeroplane Remix)”
Peter Schilling – “Major Tom”
Warpaint – “Son”
Lana Del Rey – “Pretty When You Cry”
Karina Buhr – “A Pessoa Morre”
Silva – “Maré”
Metronomy – “The Upsetter”
Hail Social – “Cherry Cola Funk”
Haim – “If I Could Change Your Mind”
Holy Ghost – “Bridge and Tunnel”

Colaê.

Vida Fodona #434: De Paraty

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Uma semana de Vida Fodonas diários?

Unknown Mortal Orchestra – “One at a Time”
Spoon – “Rent I Pay”
Jungle – “Busy Earnin'”
Foster the People – “Whodini”
Dexy’s Midnight Runners – “Come On Eileen”
O Terno – “Tic Tac”
Blur – “Trimm Trabb”
Carly Simon – “You’re So Vain”
Ney Matogrosso – “Freguês da Meia-Noite”
Lana Del Rey – “Florida Kilos”
Os Anjos – “Avante Juventude”
Os Gatunos – “Aquela”
Classixx – “Holding On”
Usher + Nicki Minaj – “She Came to Give it to You”
Saint Pepsi – “Fiona Coyne”
De La Soul + Chaka Khan – “All Good”
Dolly Parton – “9 to 5”
Alan Parsons Project – “Time”

Vem cá.

On the run 72: Veneno Soundsystem – A Hora é Essa

E por falar no Ronaldo, ele, o Maurício e o Peba, comparsas da festa Veneno – que acontece todas quartas ali no Astronete – estão lançando uma mixtape nova, desta vez só com música brasileira. Sente o drama:

Veneno Soundsystem – A Hora é Essa (MP3)

A hora é essa by VENENO soundsystem

1. “Kiriê” – Georgette
2. “Atabaque Chora” – Os Tincoãs
3. “Agiboré” – MPB-4
4. “Nêga do Cabelo Duro” – Planet Hemp
5. “Eu Bebo Sim” – Elizeth Cardoso
6. “Circo Marimbondo” – Airto
7. “A Hora é Essa” – Célia
8. “A Rã” – João Donato
9. “Rainha de Roda” – Elza Soares
10. “Falador Passa Mal” – Os Originais do Samba
11. “Morro do Barraco Sem Água” – Lemos & Debétio
12. “Matemática do Desejo” – Jorge Mautner
13. “Quero Ser Locomotiva” – Wanderléa
14. “Prá Aquietá” – Luiz Melodia
15. “Trepa no Coqueiro” – Ney Matogrosso
16. “Superbacana” – Jorginho Telles
17. “Não Há Dinheiro Que Pague”- Ed Maciel
18. “Vou Explodir de Felicidade” – Paulo Diniz
19. “Mentira” – Marcos Valle
20. “O Dia em que o Diabo Roubou o Bar do Português” – Arnaud Rodrigues
21. “Central do Brasil” – Cassiano
22. “Bicho Ruim” – Tony Blue
23. “Tudo Bem” – Ronaldo Resedá
24. “Ganhei Você” – Tony Bizarro
25. “Been So Long” – União Black
26. “São Paulo High Society” – Almir Ricardi
27. “Hey Disc-Jockey” – Black Junior’s