Impressão digital #0029: A solução do Belle & Sebastian

Minha coluna no Caderno 2 voltou das férias ontem.

Uma música só para você
A solução do Belle & Sebastian

Ícones do indie rock desde seu primeiro álbum – If You”re Feeling Sinister, e lá se vão 12 anos desde seu lançamento -, o grupo escocês Belle & Sebastian acaba de soltar mais um disco no mercado. Write About Love é seu sétimo lançamento (sem contar os EPs) e, numa época em que qualquer disco pode ser baixado e ouvido com apenas uma busca no Google, a banda inventou uma forma interessante de fazer com que seus fãs comprassem a versão física – o CD – de seu novo álbum.

Muito já foi dito sobre este assunto: uma vez que a música perdeu seu valor comercial ao se tornar facilmente encontrada para download online, como os artistas podem fazer que seus fãs voltem a pagar por música? A primeira resposta já virou lugar-comum: o fã paga para ver o show (que abre uma discussão enorme sobre o que acontece com o artista que não faz apresentações ao vivo, mas isso é outra conversa).

Outros vieram propor mais soluções radicais. Já é clássico o exemplo do Radiohead, que liberou seu In Rainbows para download gratuito e propôs que os fãs pagassem quanto queriam para ter o disco (mesmo que não pagassem nada). A banda Nine Inch Nails transformou seu disco Year Zero em uma plataforma com diferentes versões para download. Quem quisesse ouvir o disco, podia baixá-lo gratuitamente. Se a opção fosse baixar o disco com uma qualidade sonora superior, havia um preço. Outra versão vinha com faixas extras, a um preço maior.

O baterista da banda, Josh Freeze, inspirado neste plano, lançou um disco em que ofertava várias versões com preços diferentes – e as opções mais caras incluíam desde um telefonema pessoal do músico para o fã em agradecimento à compra até um show particular feito para quem pagasse o valor máximo que ele pedia,US$ 20 mil.

O Belle & Sebastian, que se apresenta no Brasil no início de novembro, foi além e acaba de lançar uma promoção junto de seu novo disco que é simples e convincente o suficiente para fazer seus fãs comprarem o pedaço de plástico com as músicas gravadas. Cada cópia de Write About Love vem com um código único que, ao ser digitado no site da banda, permite que o fã participe de uma promoção.

Nela, a banda pede para que o fã escreva em 300 palavras porque o Belle & Sebastian deveria gravar uma música sobre ele mesmo. Quem conseguir convencer os escoceses ganha um senhor prêmio: a banda vai para a cidade do fã, passa uma tarde com ele para, depois, ouvir uma música composta sobre ele. Simples, não? E ainda há quem se pergunte sobre como ganhar dinheiro com música em tempos digitais…

Impressão digital #0028: A cultura do remix

Minha coluna para o Caderno 2 que eu fiz antes de sair de férias…

A arte de recombinar
Remix: Parte da cultura popular

“Tudo é remix”, diz o diretor nova-iorquino Kirby Ferguson no título da série de minidocumentários que lançou online nesta semana, Everything Is a Remix. “O ato de remixar sempre fez parte da cultura popular, independentemente do tipo de tecnologia usada”, explica o diretor no site do projeto, everythingisaremix.info. “Mas coletar material, combiná-los e transformá-los são ações que fazem parte de qualquer nível de criação.”

Mas antes que você torça o nariz achando que Ferguson está se referindo às intervenções que DJs fazem em músicas alheias, tome tento. O próprio diretor começa o primeiro capítulo de seu documentário explicando isso: o remix de músicas é só a parte mais conhecida de um evolução criativa que acompanhou a história da humanidade e, devido às leis de direitos autorais criadas durante o século 20, foi interrompido pois ficou impossível usar partes de obras alheias sem que isso significasse
pagamento ao artista original. Mas o pequeno filme conta duas situações que ocorreram no século passado que ajudaram a arte a se livrar da proibição que passou a pairar sobre o processo de criação.

Primeiro, ele cita o escritor beat William Burroughs, que, no início dos anos 60, em Paris, inventou um novo método para escrever livros. Ele datilografava páginas e páginas, depois as recortava e grudava umas nas outras, fazendo nascer, desta forma, novas palavras, frases e expressões – muitas sem sentido, mas e daí? Ferguson sai de Paris em direção a Londres, no final da mesma década, quando surge a banda Led Zeppelin. Incensada em seu país de origem, o grupo, no entanto, demorou para ser
levado a sério nos Estados Unidos porque boa parte de suas músicas “pegava emprestado” riffs, letras e melodias de clássicos do blues. Everything Is a Remix mostra as semelhanças entre velhos blues e músicas do Led Zeppelin.

E frisa que a diferença entre o que a banda de Jimmy Page fazia e o conceito de remix atual é que hoje a recombinação e recontextualização das obras quase sempre apontam quem é o autor original – ao contrário da banda inglesa. Que, por sua vez, teve trechos de suas músicas usados à exaustão por diversas bandas de hip hop – citados no filme.

Link – 20 de setembro de 2010

Pogue no LinkCelular como modemFuturo espertoNotasDança das cadeirasFilmes sob demanda assombram as telecomsNona versãoQuer pagar como?Kratos persaBem-vindo a ReachTudo no tweet

Pogue no Link

Entrevistei o David Pogue, novo colaborador do Link, para a capa desta edição.

MSN, TVs de tela plana, laptops, YouTube, smartphones, Google, MP3 players, e-readers, streaming, redes sociais, câmeras digitais, Wi-Fi, Twitter… É estranho imaginar que há dez anos nada disso existia de fato. E nesta primeira década do século 21 um jornalista viu toda essa história sendo escrita em primeira mão e de um posto privilegiado. A partir de hoje, os leitores do Link poderão acompanhá-lo perto: David Pogue, colunista de tecnologia do New York Times, estreia seu blog em nosso site no endereço http://blogs.estadao.com.br/david-pogue/.

“Muita coisa mudou nestes últimos dez anos”, diz o jornalista norte-americano, em entrevista por e-mail. “No ano 2000, nenhum dos sites da hoje onipresente web 2.0 existia: nem Facebook, nem YouTube, nem Twitter, nada. Outra mudança dos últimos dez anos foi o enorme declínio nos canais tradicionais de mídia e comunicação: jornais, revistas, telefones fixos, audiência na TV. E o tempo gasto online cresce cada vez mais.”

Formado em música na Universidade de Yale (sim, ele é maestro e apresentou-se tocando teclado num TED em 2007!), Pogue começou a escrever sobre tecnologia em 1988, na coluna Desktop Critic da revista Macworld. Em novembro de 2000 foi contratado pelo New York Times para escrever a coluna State of the Art, que mantém até hoje no caderno de negócios do jornal. Ele ainda assina a newsletter From the Desk of David Pogue e mantém o blog Pogue’s Posts, que passa a ser republicado com exclusividade no site do Link.

É natural que ele seja publicado em um caderno de tecnologia que, há seis anos, percebeu que esse assunto não é mais coisa de geeks sem vida social ou fanáticos por aparelhos. “As pessoas são tão, ou mais, importantes do que as máquinas”, diz, questionado sobre as principais mudanças da última década. “Se a tecnologia não agrada ou serve às pessoas, morre rapidamente.”

Para ele, o melhor ícone desta primeira década digital é o iPhone: “Pois ele combina muitos componentes como nenhum outro aparelho fez – entrada e saída de áudio e vídeo, GPS, sensor de movimento, de proximidade e de luz, Bluetooth… Ele criou toda uma nova categoria de produtos, que eu chamo de ‘telefone de aplicativos’. Foi-se o tempo em que o celular servia para fazer chamadas ou checar e-mails – agora rodamos aplicativos nele”. E continua, festejando a cria mais popular da Apple. “O iPhone fez mais do que isso: antes dele, as operadoras de celular controlavam o design de softwares. Steve Jobs insistiu para que a Apple tivesse todo o controle criativo – e quando as operadoras perceberam que era boa ideia permitir que fabricantes pensassem o interior do telefone, todo o ecossistema mudou”.

Ele não conhece nada sobre a cultura digital brasileira. “Mas se eles vão ler o meu blog, é óbvio que têm um gosto excelente! Quero conhecê-los, ainda que digitalmente!”. Bem-vindo, Pogue. Sinta-se em casa.

Retrospectiva Pogue:

2000

MSN
A Microsoft mudou sua estratégia para o MSN de novo, e, desta vez, pode ser que tenha acertado. O MSN Explorer empacota as melhores funções de internet em uma única e colorida janela. Ter um painel de controle unificado poupa o esforço de aprender a usar um programa para cada função.

2001

HD externo
Até um dia desses, a Iomega deu a todos os seus produtos nomes onomatopaicos: Jaz, Click, Buz. O primeiro produto batizado assim, o Zip drive, foi um sucesso. Mas o tempo passou (whooosh!): um disco Zip hoje não dá conta de coleções de MP3, arquivos de Photoshop ou vídeos digitais. Pior, alguns discos tiveram problemas graves (crash!). Usuários moveram ação coletiva contra a Iomega (crunch!). Depois que a poeira baixou, a empresa fez duas mudanças. Primeiro, abandonou as onomatopeias. Segundo, lançou um novo tipo de disco removível, o Peerles. O nome é adequado: não há nada como ele.

Windows XP
A Microsoft vem liberando versões de teste há alguns meses, e na última semana apresentou o produto final. E até a boa notícia é grande: o Windows XP é muito atraente e extremamente estável.

iPod
A Apple não costuma mandar cartões de boas festas. Então, quando a companhia enviou cartões para os repórteres na semana passada, muito cedo para o Natal, muito em cima da hora para o Halloween, dá para entender a curiosidade gerada. A mensagem alardeava a revelação de um “aparelho revolucionário”. O que poderia ser? A Apple anunciou o iPod, basicamente um tocador de música portátil. Ou melhor, o mais sofisticado tocador de música portátil jamais produzido.

2002

TV tela plana
Recentemente, Sharp, Samsung e Panasonic inauguraram uma nova categoria de telas widescreen caras, mas de tirar o fôlego: painéis planos de cristal líquido. Estes aparelhos só são acessíveis a quem espera ganhar na loteria para pagá-los, mas merecem ser vistos mais de uma vez. Se você já viu um deles, sabe o efeito que causam: o pulso acelera, os olhos não piscam e surge uma súbita vontade de vender seu carro para conseguir mais dinheiro.

2004

Gmail
Como estudantes de Stanford constroem uma empresa que fatura bilhões de dólares por ano em cinco de existência? Parte da resposta vem de uma ótima tecnologia de buscas. Mas outra parte vem do lema da empresa: “Não seja mau”. Isso explica porque a página do Google é quase vazia: anúncios e gráficos tornam a navegação mais lenta. Também explica porque os anúncios são claramente separados do resultado das buscas. Se você colocar anúncios pagos no meio da busca, como fazem Microsoft e Yahoo, você pode ser mau. Mas quando o Google disse que seu novo Gmail, que mostrava anúncios relacionados a sua correspondência, estava em teste, a reação foi de choque.

BlackBerry
Nos anais do consumo de eletrônicos, alguns aparelhos são tão presentes que criam cultos entre seus compradores. Você sabe: maníacos por Mac, malucos pela Palm. Entre a multidão engravatada, um aparelho em particular ganhou apelido próprio: Crackberry. É uma referência ao Blackberry da RIM, um palmtop altamente viciante que permite que você cheque seus e-mails em tempo real.

2006

Web 2.0
Em 2006, a grande tendência da internet foi a web 2.0 – sites que pedem a participação do público, como YouTube, MySpace, Wikipédia, Digg e Flickr, que eram abastecidos com conteúdo gerado por seus usuários. Nesses sites, a web não é só um ambiente de publicação – é um diálogo global.

2007

iPhone
Lembra da fada-madrinha de Cinderela? Ela balançava sua varinha de condão e transformava algo comum, como uma abóbora, em algo glamouroso, como uma carruagem. Ela certamente mora em algum lugar na Apple. Toda vez que Jobs vê algo desesperadamente feio, qualquer máquina complexa que chore pelo toque da Apple – como computadores ou tocadores de música –, ele a deixa sair. E na Macworld deste ano, Jobs mostrou o mais novo produto de sua fada madrinha. Ele satisfez os desejos de milhões de fãs da Apple ao transformar o celular… no iPhone.

Kindle

E-readers vêm e fracassam. O da Sony segue sendo vendido até hoje, às dúzias. Então a Amazon resolve lançar seu aparelho, chamado Kindle. Estão malucos? O Kindle é uma prancheta de plástico branco fina, que vem com uma capa de couro. Não é, er…, lindo: é tudo de plástico, tem ângulos duros e lembra uma pastiche do Commodore 64.

2008

Twitter
Por muito tempo, meus leitores me incomodaram para checar esta coisa chamada Twitter. Tentei evitar, pois parecia mais uma destes drenos de tempo online que viram moda. E-mail, blog, chat, RSS, Facebook… Quem ainda tem tempo para mais um bate-papo? Mas, para falar a verdade, não há nada como o Twitter.

2009

Netbook
O termo netbook é um eufemismo que tende a salientar as principais atividades a que ele é destinado: checar e-mail, navegar na internet, chat, Skype e processadores de texto. Talvez seja a intenção de distrair de tudo o que o netbook não faz bem: Photoshop, edição de vídeos, games etc.

Bing

Nos últimos 15 anos, o plano de negócios da Microsoft deve ter sido “espere alguém conseguir um sucesso e depois copie”. Parece maldade, mas vamos lá – a lista de cópias feita pela empresa é tão grande quanto seu braço: PalmPilot/Pocket PC, Netscape Navigator/Internet Explorer, Mac OS X/Windows Vista, iPod/Zune. E agora vemos outro esforço “eu também” da Microsoft. Chama-se Bing e é o mais novo representante na tentativa da empresa em imitar o Google.

2010

TV 3D
Há um interesse explosivo na TV 3D. Por parte das empresas, fique claro. Se as pessoas vão querer isto ou não, segue como uma grande pergunta.

iPad
Nos dez anos em que analiso produtos nunca vi algo que polarizasse tanto as opiniões quando o iPad da Apple. “Este aparelho é um absurdo risível”, disse um comentarista num blog de tecnologia. “Como eles querem que as pessoas levem a sério um computador sem mouse?”, “É uma revolução mágica”, disse outro, “eu não posso imaginar porque qualquer um queira voltar a usar mouse e teclado depois de experimentar a interface visionária da Apple”.

Link – 13 de setembro de 2010

Quem são os trolls‘Fui um troll’Personal Nerd: Não alimente os trollsBrasileiros na cola do TwitteriPhone 4: Bom, apesar da crise da antenaGoogle: muito além de 2001, por William GibsonA nova busca instantânea do GoogleA quarta geração da internet

Link – 6 de setembro de 2010

Vida Digital: Linus TorvaldsPersonal Nerd: Uma breve história do Open Source E o P2P, MinC?Apple: o lançamento do mesmo de sempreIFA 2010Tweet seguroGmail, MySpace, mineiros do Chile, Campus Party e Pirate Bay

Impressão digital #0026: A solução do Chromeo

Na minha coluna no Caderno 2 de domingo falei com o Chromeo, que esteve aqui durante a semana.

A solução do Chromeo
Marcas no lugar de gravadoras

“Eu acho que isso vai acontecer esta semana…”, sussurra, cabisbaixo, David Macklovitch, depois que eu perguntei sobre o vazamento online de seu novo disco. O vocalista canadense é a metade nerd da dupla Chromeo, que veio ao Brasil esta semana para um evento promocional, e o grupo é um dos inúmeros artistas que, graças à internet, conseguiu seu lugar ao sol. Às vésperas de lançar seu segundo álbum, batizado de Business Casual, a dupla, no entanto, teme o vazamento do disco na internet antes de seu lançamento. Contradição?

“Nada disso, nós somos totalmente pró-internet e a favor da música livre”, explica David, que, além de se apresentar como Dave 1 na dupla, também dá aula de literatura francesa na Universidade Columbia, nos EUA. “É só uma questão de criar um ‘momentum’, de reunir todas as expectativas em relação ao disco na mesma hora. Para ser uma espécie de um evento. Depois que o disco sair, tudo bem, pode comprar no iTunes, o CD ou mesmo baixar de graça. Eu não ligo. Mesmo. Pois obviamente não vamos ganhar dinheiro vendendo discos.”

A dupla, formada por Dave e Patrick Gemayel (que assina como P-Thugg), existe desde 2004, mas só começou a fazer sucesso em 2006, com o disco Fancy Footwork. Era o auge do MySpace e início do crescimento do Hype Machine (“a nossa Billboard”, explica Dave, comparando o agregador de blogs de MP3 à revista oficial da indústria fonográfica). Agora, estabelecidos, buscam alternativas para continuar sem gravadora.

Dave acredita que, para bandas de pequeno porte, como é o caso do Chromeo, a saída é fazer parceiras com marcas. Ele cita o caso da música que lançaram no final de 2009, Night by Night. Emvez de simplesmente gravar e lançar online, a dupla preferiu transformar a nova música, como eles mesmos dizem, num “momentum”. Para isso, orçaram um clipe caro e buscaram um parceiro para bancar tudo, no caso, uma marca de refrigerantes.

“Fizemos um clipe caro, de orçamento alto, e demos de graça para os fãs. Ao mesmo tempo, tudo foi feito do jeito que queríamos. Você não vê a gente dizendo que amarca é legal ou usando o produto. E, no fim, todos saem ganhando: a gente, que tem controle criativo sobre o que fazemos; amarca, que oferece algo legal para seu público; e, claro, os fãs”, continua Dave, “isso seria impossível numa grande gravadora”. E, mesmo assim, eles têm de ouvir que são uma banda “vendida”.

“A outra opção é assinar o novo contrato que as gravadores estão oferecendo, em que eles controlam sua turnê, seu merchandising, os direitos da sua música… Quem émais vendido? Quem pode fazer o que quiser com o dinheiro de uma marca ou quem vende tudo que faz para uma gravadora ganhar todo o dinheiro?”

Link – 30 de agosto de 2010

Orkut na puberdadeAmigos, amigos…Personal Nerd: O país do OrkutPaypal no BrasilVem aí mais um produto Apple: será que é o golpe contra a TV?GameoverdoseClube do jogoSamsung, Blockbuster, iPhone 4 e GoogleO homem-linux vem para cáVida Digital: Jason Sigal, do Free Music Archive

Impressão digital #0025: Quem são os hipsters

E o assunto da minha coluna no 2 desta semana foram os hipsters.

A vitória dos nerds
Quem são estes tais hipsters

Há duas semanas, Heloisa Lupinacci, que edita o caderno Link comigo e também assina a Crítica de Segunda do blog de Moda do Estado, me perguntou: “Matias, o que diferencia um indie de um hipster?” Ela havia escolhido esta tribo urbana como tema de sua coluna semanal e, com o cuidado que lhe é peculiar, tentava descrevê-la com referências mais conhecidas em vez de tentar partir para o rótulo puro e simples.

“Hipsters”, para quem não está habituado ao termo, define um novo tipo de personalidade urbana, atenta às novidades que vão da moda à música e novidades digitais.

O termo tem origens no meio do século passado e não constituía uma tribo – era um adjetivo para designar que determinada pessoa estava atenta a novas tendências de comportamento e cultura. Surgiu, nos EUA, mais ou menos à mesma época em que o termo “cool” deixou de significar apenas “gelado” para virar sinônimo de “legal”.

O hipster dos anos 10 não é só alguém atento às tendências em geral – mas a todas as tendências. Discos de vinil, tumblrs, câmeras fotográficas Lomo, máquinas de escrever, aplicativos para o iPhone e roupas de brechó. E, como a Helô definiu logo depois da nossa conversa, “hispter que é hipster não se leva muito a sério”.

Mas olhe para eles – procure pelo termo no Google Images, caso não esteja habituado. Eles evocam os beats, os hippies, a discoteca, o indie rock e a cultura techno – mas por baixo das franjas, dos óculos coloridos, dos cabelos compridos, bandanas e maletas, há outra tribo urbana, tão conhecida quanto as anteriores, mas raramente citada quando se fala em hipsters: os nerds.

No filme de 1984 que os consagrou como tribo (A Vingança dos Nerds, de Jeff Kanew), alguns alunos rejeitados por todos na universidade devido à sua inaptidão social começam a andar juntos e formam um grupo. “Nerd”, originalmente um xingamento, torna-se rótulo e, finalmente, motivo de orgulho, quando os integrantes da fraternidade Lambda-Lambda-Lambda conseguem dar o troco nos playboys arrumadinhos que os infernizam. No final do filme, vencem felizes, assumem suas personalidades sem medo da opinião dos outros e cantam We Are the Champions, do Queen.

Veja a foto acima, quando, no final do filme, os nerds podem ser quem realmente querem. Agora compare às fotos de bandas como Animal Collective e MGMT, ícones hipsters, e chegue à mesma conclusão que tive: os hipsters consagram o momento atual, em que ser nerd é ser cool.

O hit do verão 2011
http://www.myspace.com/ceelogreen. Cee-Lo Green conseguiu de novo. O rapper, que, com o produtor Dangermouse forma a dupla Gnarls Barkley (autora de um dos hits do século, Crazy), acaba de lançar o provável hit do fim do ano. Fuck You é perfeita – ouça-a.

Link – 23 de agosto de 2010

Chip com tudo dentroRIC estreia no interiorConcentração de dados no chip pode expor cidadãoIdentificador digitalA próxima vítimaGuia prático do LinkedIn Facebook.brNotasTV versus TVApps do bemVida Digital: Nicholas Carr