Em mais um episódio do programa que faço com Tomaz Paoliello sobre política internacional, desta vez escolhemos falar sobre o momento em que as forças armadas passam a circular entre a sociedade civil e surge a figura do policial. Criada no final do século 19 como uma forma de conter problemas que surgiam com o crescimento das grandes cidades, a polícia entra na rotina do século passado como uma espécie de agente comunitário mais do que repressor, mas a forma como um novo imperialismo criou novos antagonistas para justificar o uso da violência para com a parte mais baixa da pirâmide social transformou esta força civil em militar começou a impor o clima das guerras à urbanidade. E discutimos, claro, o caso específico brasileiro, que, para variar, tem uma história bem específica em relação ao tema.
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Em mais um encontro bissexto deste aparelho chamado Aparelho, cogitamos uma ideia revolucionária para mudar a forma como reconstruímos o Brasil. E tudo a partir da infelizmente incansável cruzada de pessoas que gostam de falar mal do Carnaval – motivados pelo desgosto alheio, propomos um carnaval interminável, constante e para além do calendário, mas com regras específicas para que não ultrapasse os cinco dias de folia. Como? Entre elocubrações sobre os Trapalhões, os tabajara e um seriado sobre prisão que mudou a história da TV, propomos a primeira intenção do Aparelho em 2023. Propomos ou profetizamos?
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Retomamos o programa em 2023 com perspectivas no horizonte. Depois do período nefasto que atravessamos nos últimos anos, podemos aos poucos voltar a ter alguma sensação de normalidade, mas que, no fundo, sabemos que não é normal. E é exatamente sobre isso que eu e Pablo Miyazawa discutimos na primeira edição do Altos Massa do novo ano. Chega mais.
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Nos encontramos em Brasília e quase fizemos um DM diretamente do Planalto Central, mas foi bom que o primeiro programa do ano não fosse realizado na minha cidade, pois além do deslumbre literal que acometeu Dodô, também pudemos refletir sobre a tragédia que abateu-se sobre a cidade uma semana após a posse do novo presidente. Falamos portanto dessa resistência fascista, mas dedicamos, sem querer, o programa a um panorama sobre Brasília em que eu, nativo, falo sobre as características específicas e históricas de nossa capital e Dodô, forasteiro, faz sua leitura de fora da cidade especificamente neste novo momento que felizmente estamos atravessando.
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Ele sempre se supera: depois do ótimo filme sobre si mesmo no ano passado (O Peso do Talento), em seu próximo filme Nicolas Cage vive ninguém menos que o Conde Drácula. Em Reinfeld, Nicholas Hoult (o ex-menino de About a Boy que depois fez Skins, X-Men, Warm Bodies, Mad Max Fury Road e o recente O Menu) vive o personagem título, que começa o filme discutindo a relação tóxica que tem com seu patrão – até que descobrimos que ele é o capanga do vampiro secular, vivido por Cage com toda a fleuma hiperbólica característica de sua atuação. Pelo trailer, o filme parece ser ótimo, assista abaixo: Continue
O bruxo Alan Moore escreveu uma extensa carta para os brasileiros explicando porque ele é a favor de Lula nesta eleição de 2022. Abaixo, a tradução que fiz para seu texto e a carta original, em inglês.
Caro Brasil,
Estamos gastando rapidamente nossas últimas chances de salvar o planeta e seus povos. Nosso mundo está mudando, mais rápido que jamais mudou e forçando-nos a adaptar mais rapidamente se iremos sobreviver. De uma sociedade caçadora-coletora à agricultura, da agricultura à indústria, da indústria ao que quer esteja tomando forma agora – esta nova condição para a qual não temos um nome ainda – a humanidade já se deparou com esses tipos de mudanças monumentais anteriormente, embora não com frequência. Estas transições não são causadas por forças políticas, mas pelos irrefreáveis movimentos da maré da história e da tecnologia, que é uma maré em que podemos guiar nossos veículos para nossa vantagem ou sermos naufragados por ela. A Terra está mudando, mudando pela necessidade de se tornar um lugar novo, e apenas nos resta mudar com ela ou então abrir mão para sempre da biosfera que nos sustenta. A maioria das pessoas, acredito, sabe disso em seus corações e pode sentir isso em seus estômagos.
E assim, ao longo dos últimos cinco anos e pouco, vimos através de todo o globo uma ressurreição feroz das ideias político-econômicas que exatamente nos levaram a essa situação obviamente desastrosa no princípio. A escancarada agressividade desse avanço da extrema-direita me parece tão à força, e ainda assim tão desconectada de qualquer realidade, que só pode ter nascida do desespero; o medo histérico sentido por aqueles que estão mais bem-posicionados nas estruturas de poder do velho mundo, e que sabem que o novo mundo pode, em última instância, não ter mais lugar para eles. Temendo suas próprias existências e pela existência de uma visão de mundo que os beneficia, eles entupiram o palco mundial nesta última meia-década com personagens de pantomima barulhentos, exagerados e grotescos, para os quais nenhum ato é tão corrupto ou desumano e nenhuma linha de argumentação é descaradamente absurda.
Desavergonhadamente monstruosos, eles têm perseguido minorias raciais e religiosas, ou seus povos originários, ou os pobres, ou as mulheres, ou pessoas de outras sexualidades, ou todos estes citados. Durante a pandemia ainda em andamento, eles colocaram seus posicionamentos políticos e suas doutrinas financeiras à frente da segurança de suas populações, presidindo centenas de milhares de mortes potencialmente desnecessárias; centenas de milhares de famílias e comunidades devastadas. Com suas nações em chamas ou inundadas ou em seca, eles insistiram que as mudanças climáticas eram um boato da esquerda para incomodar a indústria e rotularam ativistas ambientais e sociais como terroristas. Adotando o estilo circense-fascista do italiano Silvio Berlusconi, nós tivemos o perigoso teatro de insurreição de Donald Trump nos EUA, as desgraças arruinadoras de Boris Johnson e seus reservas no Reino (ainda) Unido. E, é claro, o Brasil tem Jair Bolsonaro.
Apesar de nós do Hemisfério Norte obviamente contribuirmos muito além da nossa cota de figuras políticas horrendas para a situação do mundo, não conheço ninguém com uma grama de consciência e compaixão que não se indigne com o que Bolsonaro, ao assumir o cargo na onda de Trump, fez com seu grande e lindo país, além do que ele continua a fazer com o nosso relativamente pequeno e ainda belo planeta. Assistimos com desespero enquanto, rezando pela mesmo hinário de sua inspiração norte-americana, Bolsonaro atacou os povos indígenas do Brasil, os seus homossexuais e os direitos de suas mulheres de fazer aborto de forma segura, alimentando um incontrolável incêndio de ódio como uma distração para suas agendas sociais e econômicas, enquanto ao mesmo tempo inundava sua cultura com armas. O vimos se gabar de seu jeito de lidar com a pandemia jorrando sua idiotice contra vacinas, e também observamos a expansão dos cemitérios improvisados; aquelas covas lado a lado no solo cinza com flores mortas e marcações de tinta trazendo gotas de cor.
Também vimos como ele respondeu à proposta de novas leis ambientais internacionais ao simplesmente aumentar a sua devastação suicida das florestas tropicais, asfixiando nossa atmosfera comum com a queima de florestas, desalojando ou matando pessoas que viveram nestas regiões por gerações, aparentemente em conluio ou fazendo vista grossa para o assassinato de jornalistas que investigavam a brutalidade dessa limpeza étnica. Uma respeitada revista científica britânica da qual sou assinante, New Scientist, recentemente descreveu as próximas eleições como potencialmente o ponto crítico sem volta na batalha de vida ou morte de nossa espécie contra a catástrofe climática que nós mesmos engenhamos. Dito de maneira simples, ou Jair Bolsonaro continua, lucrativamente, a satisfazer os interesses corporativos dos que o apoiam, ou nossos netos terão o que comer e respirar. É uma coisa ou outra.
Como anarquista, existem pouquíssimos líderes políticos que eu seria completamente capaz de tolerar, e ainda mais endossar, mas por tudo que soube e li a respeito, Luiz da Silva, Lula, parece ser um desses raros indivíduos. Suas políticas parecem ser justas, humanas e concretizáveis e, pelo que entendi, ele se comprometeu a reverter muitas das decisões desastrosas de Bolsonaro. Consertar o estrago destes últimos cinco anos certamente não será fácil nem barato, e da Silva poderá estar herdando um cenário político terrivelmente desfigurado. No mínimo, contudo, desta distância ele parece ser um candidato que reconhece que a humanidade está atravessando uma de suas pouco frequentes transformações sísmicas e percebe que precisamos mudar a forma como vivemos se quisermos continuar vivos. Ele me parece ser um político comprometido com o futuro, com seu trabalho honesto e com suas possibilidades justas e maravilhosas, e é melhor que a batida e devastadora agonia de morte de um passado insustentável.
A próxima eleição no Brasil se encontra equilibrada sobre o fio de uma navalha e, pelo que discuti acima, o mundo inteiro está à sua mercê. Se você alguma vez gostou de algum dos meus trabalhos ou sentiu alguma empatia pelas por suas tendências humanitárias, então, por favor, saia e vote por um futuro próprio para os seres humanos, por um mundo que seja mais que uma latrinas dourada para corporações e suas marionetes.
Vamos deixar as injustiças dos últimos cinco anos, ou talvez dos últimos cinco séculos, no passado.
Com amor e com confiança,
De seu amigo,Alan Moore
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Às vésperas da eleição, Edgar recupera uma música de seu EP Ultravioleta para reforçar a importância da mensagem que quis passar. “Essa música foi feita durante o período de pandemia, quando tava esse bombardeio de fake news do bolsonarismo e eu acho muito importante voltar agora, porque a gente tá vendo esse cara nos debates falando só merda e mentira, então é hora de soltar de novo esse som”, explica o artista de Guarulhos, que antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo o clipe de “Fake News”, que lançará neste sábado. O clipe foi dirigido por André Oliveira Cebola, que explica o processo do clipe totalmente digital: “Primeiro foram geradas imagens através de inteligência artificial e para gerar essas imagens, peguei trechos da letra do Edgar e usei como input para a inteligência artificial interpretar essas frases e gerar imagens baseadas no que ela achou mais relevante”, explica o diretor. “É um processo aleatório, se eu usar a mesma frase duas vezes, ela irá gerar duas imagens diferentes. O resultado nunca será igual. O segundo processo na criação foi pegar essas imagens e reinterpretar, modificar, através de arte generativa – programação criativa, num software que eu mesmo desenvolvi. Então o que vemos não é a imagem original da inteligência artificial e sim a base dela mas com modificações”.
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Primeiro programa com um convidado, eu e Tomaz Paoliello recebemos o professor Paulo Pereira, colega de Tomaz no Departamento de Relações Internacionais da PUC de São Paulo, para conversar sobre o assunto de sua especialização: a questão sobre como governos do mundo todo lidam com o tema das drogas. Mas para contextualizar, optamos por voltar no tempo, às raízes do proibicionismo contemporâneo, para entender como ele deu origem à infame guerra às drogas, que tem desdobramentos muito mais complexos do que a simples forma como as pessoas expandem sua consciência e a relação deste direito com a repressão estatal.
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A quarta temporada de Westworld encerrou com um episódio que, em vez de causar mais reviravoltas como os anteriores, amarrou todas as pontas soltas durante o ano, além de justificar uma série de novos elementos apresentados na fraca terceira temporada. Além do final apontar para uma próxima temporada que deve ecoar bastante a primeira…
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A convidada desta semana do meu programa de entrevistas é jornalista e já cobria saúde antes de sermos assolados pela pandemia do coronavírus. Na linha de frente desta guerra a que fomos submetidos – tanto biológica quanto de informação -, ela logo deparou-se com uma série de patifarias e absurdos que se vendiam com cura para a nova doença e o charlatanismo, que escalou ao nível federal, transformou o Brasil no país referência no que diz respeito aos remédios falsos contra a Covid-19, especificamente a cloroquina e a invermectina. Foi a deixa para que ela se unisse a Flavio Emery para escrever um livro sobre a farsa destas drogas de araque. Cloroquination: Como o Brasil se tornou o país da cloroquina e de outras falsas curas para a covid-19 já está em pré-venda e conversei com ela sobre o processo de escrever um livro sobre este assunto enquanto cobria o próprio assunto e o estrago que essas mentiras fizeram ao país.
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