E o Jorge Drexler cantando Tim Bernardes?

Entre um show em Montevidéu e Santiago, o uruguaio Jorge Drexler arrumou um tempinho para regravar “BB”, do Tim Bernardes, em português e postar em seu Instagram para convidar o público espanhol ver os shows solo que Tim está fazendo na Península Ibérica. Ficou bonito:  

Sonho materializado

Em mais apresentações no Theatro Municipal de São Paulo, Tim Bernardes pôs em prática um plano que acalentava desde que saiu em carreira solo: tocar seus discos ao vivo exatamente como são em estúdio, com toda pompa orquestral. Mas diferente de alguns de seus mestres (como Brian Wilson, Paul McCartney ou Lô Borges), autores de discos clássicos na tenra idade que não puderam transpô-los em shows, colocando-os em prática apenas décadas mais tarde, Tim conseguiu adaptar um disco cheio de cordas, harpa e metais no ano seguinte de seu lançamento. Tá certo que, aos 32 anos, Tim é mais velho que seus precursores (Paul e Brian tinham 24 anos quando compuseram seus Sgt. Pepper’s e Pet Sounds e Lô tinha só 20 no disco do tênis) e isso fez com que ele tivesse foco para materializar o que poderia ser só um delírio passageiro. E assim fez por quatro sessões neste fim de semana, quando, à frente de uma pequena orquestra regida por Ruriá Duprat e ancorada pelos compadres Arthur Decloedt e Charlie Tixier, mudou a regra de seu próprio jogo. Se até então a apresentação ao vivo de seu disco era mero segundo (e verde) capítulo do show de seu disco de estreia, este novo momento o leva a outro patamar. Batizado de Raro Momento Infinito (de cor roxa), a nova versão ao vivo de Mil Coisas Invisíveis coloca o vocalista d’O Terno como um meticuloso autor de pop de câmara. Espetáculo que abre novas portas para seus dois discos solo, ele pode dar uma sobrevida à carreira solo de Tim Bernardes como uma realidade paralela à existência de sua banda original, que retoma as atividades em 2024, ainda mais se continuar em outros palcos sem ser apenas um especial de fim de ano. Ao fugir do formato rock e propor uma extensão instrumental ao seu virtuosismo solo, Tim eleva o sarrafo da apresentação ao vivo pop para outra esfera, entre a música erudita, a canção orquestrada e as trilhas sonoras de musicais. O momento em que puxou sua “Esse Ar” citando “A Lenda do Abaeté” de Dorival Caymmi após contar uma longa e tocante história sobre a canção foi só uma pequena amostra da porta que ele está abrindo para um novo pop brasileiro. Bravo, Tim!

Assista aqui:  

Tim Bernardes ao vivo no Theatro Municipal com uma pequena orquestra

E cês viram que Tim Bernardes vai repetir a sessão dupla que fez ano passado no Theatro Municipal de São Paulo? O vocalista do Terno fecha um ótimo ano anunciando o show Raro Momento Infinito, em que apresentará as músicas de seu Mil Coisas Invisíveis (além de outras) acompanhado de uma pequena orquestra. São duas sessões que acontecerão nos dias 15 de dezembro, a primeira às 19h30 e a segunda às 21h30. Os ingressos começam a ser vendidos na próxima segunda, dia 9 de outubro, a partir do meio-dia. Se você não foi no show do ano passado, dá uma sacada como foi abaixo:  

CFest: Balanço final

O C6Fest terminou neste domingo estabelecendo um novo padrão de realizar festivais de música em São Paulo. Conseguiu provar que é possível fazer um bom festival com boa estrutura e curadoria equilibrando-se entre o comercial e o pouco previsível trazendo tanto artistas novos e relevantes quanto nomes consagrados – e, principalmente, dissociar a ideia de festival de música estar atrelada a dia de perrengue, como o que fizeram os festivais realizados em São Paulo na última década. Obviamente a questão do preço extorsivo do ingresso é um ponto central nos poucos contras do evento: não bastasse ser caro pra cacete, só era permitido que se frequentasse um dos três palcos em que se realizavam os shows, algo que é uma irrealidade longe da vida de qualquer fã de música que não nasceu em berço de ouro. Eu mesmo já estava conformado em não ir caso não estivesse credenciado. Mas falo disso abaixo.  

Vida Fodona #781: Essa é que é a graça da vida

Vem que não tem erro.

Ouça aqui.  

O próximo passo de Tim Bernardes

Mais um passo importante dado por Tim Bernardes nesta escalada que é sua carreira solo ao lotar o Espaço Unimed – o antigo Espaço das Américas – e domar o público tão grande com uma destreza que poucos artistas conseguem atualmente, especificamente puxando para o silêncio, o ponto oposto mais extremo da regra do mercado de música contemporâneo. Conduzindo a apresentação com a mesma delicadeza – e virulência – que toca seus instrumentos (seja a guitarra, o violão ou o piano), Tim regeu as expectativas da plateia como um diretor de cinema, transformando tensão e expectativa em sentimento por quase duas horas de apresentação, que seguiu o padrão de seus shows recentes, à exceção de uma leve mudança na paleta de cores graças a um telão de led (além do verde temático, houve mais branco, azul e até um bem-vindo laranja). Tenho cá minhas reservas por ele ter mantido o mesmo padrão de disco e show entre sua excelente estreia Recomeçar e o Mil Coisas Invisíveis do ano passado, mas justapostos no show deste último, os dois álbuns transformam o show numa longa sessão de terapia em conjunto com o público e foi bonito ver o compositor segurar sussurros e suspiros (sem contar o serviço de bar, suspenso durante o show, só isso já valeu metade da noite) de um público completamente entregue. Ao atingir esse novo patamar mantendo essa formação única, sozinho no palco, resta saber quais os próximos passos que Tim irá dar – mas ele mesmo deu a dica durante este show: trabalhar com mais músicos no palco e voltar a tocar rock com O Terno. A dúvida é saber em qual escala ele irá operar. Até aqui, tudo ótimo.

Assista aqui.  

Tim Bernardes às vésperas de seu maior show

Neste sábado, Tim Bernardes faz seu maior show solo até hoje, quando apresenta-se no Espaço Unimed, o antigo Espaço das Américas, em uma noite que já tem ingressos esgotados. São mais de 3.300 lugares, mais gente do que as 3.200 que reuniu em duas sessões distintas no Theatro Municipal de São Paulo no fim do ano passado. Claro que Tim já tocou pra mais gente, afinal, além de tocar em vários festivais pelo Brasil e exterior, também abriu a turnê dos Fleet Foxes nos Estados Unidos no ano passado. Mas é a primeira vez que ele reúne tanta gente ao mesmo tempo para vê-lo em uma única apresentação. Aproveitando este marco em sua carreira, o vocalista d’O Terno disponibilizou para download a íntegra de seu EP The Lagniappe Sessions, em sua conta no Bandcamp. Gravado no passado para o blog norte-americano Aquarium Drunkard, o disco reúne versões para músicas de Gilberto Gil, Dirty Projectors e Beatles, e Tim comentou suas escolhas em texto que reproduzo abaixo.

Ouça aqui.  

C6Fest traz Kraftwerk, War on Drugs, Weyes Blood, Arlo Parks, Dry Cleaning e Underworld para o Brasil

Depois de já ter anunciado Kraftwerk (pela primeira vez no Brasil sem um de seus fundadores, Florian Schneider, que morreu em 2020), Weyes Blood e Tim Bernardes tocando Gal Costa em sua escalação, o festival C6Fest, produzido pela Dueto de Monique Gardenberg que fazia o Free Jazz e o Tim Festival, acaba de anunciar sua formação completa. O evento acontece no Vivo Rio, no Rio de Janeiro, entre os dias 18 e 20 de maio, e no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, entre os dias 19 e 21 do mesmo mês e traz, na escalação final, nomes novíssimos como Arlo Parks, Black Country New Road, Samara Joy e Dry Cleaning, grandes nomes da última década como War on Drugs. Christine and the Queens, The Comet is Coming e Jon Batiste e veteranos como Underworld e Juan Atkins, entre várias outras atrações. No time brasileiro, há um tributo a Zuza Homem de Mello (que foi curador do Free Jazz e do Tim Festival) com a Orquestra Ouro Negro, Fabiana Cozza e Monica Salmaso, Russo Passapusso com a Nômade Orquestra, Caetano Veloso e uma homenagem musical ao ano de 1973 com Kiko Dinucci, Juçara Marçal, Arnaldo Antunes, Tulipa Ruiz, Linn da Quebrada, Giovani Cidreira e Jadsa. Os ingressos começam a ser vendidos a partir do próximo dia 5 e separei mais informações sobre horários e preços abaixo.  

Os 50 melhores discos de 2022 segundo o júri de música popular da APCA

Eis a lista com os 50 melhores álbuns de 2022 de acordo com o júri de música popular da Associação Paulista dos Críticos de Arte, do qual faço parte. A seleção reflete o quanto a produção musical brasileira ficou represada nos últimos anos e esta seleção saiu de uma lista de mais de 300 discos mencionados por mim e pelos integrantes do júri, Adriana de Barros (editora do site da TV Cultura e colunista do Terra), José Norberto Flesch (que tem seu canal no YouTube), Marcelo Costa (do site Scream & Yell), Pedro Antunes (do vlog Tem Um Gato na Minha Vitrola) e Roberta Martinelli (dos programas Sol a Pino e Cultura Livre). Eis a lista completa abaixo:

Leia mais:  

As 75 melhores músicas de 2020: 51) Fleet Foxes + Tim Bernardes – “Going-to-the-Sun Road”

“Um caminho que está sempre lá e que é qualquer lado que a gente quiser caminhar”