Thurston Moore e a microfonia no violão

, por Alexandre Matias

Eu realmente não esperava que o show solo do Thurston Moore fosse tão foda. Fui tanto por motivos afetivos (sou fã do Sonic Youth) como por ter gostado de seu disco solo mais recente, Demolished Thoughts, do ano passado. Já havia sido alertado pelo Mini que ele não estava tocando o single “Benediction” nos shows, uma das músicas mais bonitas do disco novo, e confesso ter lamentado por antecipação a ausência da música. Mas foi só Thurston subir ao palco para mostrar que não iria incursionar apenas pela veia acústica do disco em turnê, apesar de empunhar o violão – elétrico – por quase todo o show. Thurston passou por todo o imaginário de sua banda nativa, indo desde a reverência ao Velvet Underground (impossível dissociar o violino da baixista Samara Lubelski da viola elétrica de John Cale, nos momentos em que a banda ia para as vias de fato) à iconoclastia indie ao transformar “(I Know) It’s Only Rock’n’Roll (But I Like It)” dos Stones em música menor, sem o desprezo fake do original. Brincou com o público, fez piadas infames, se comportou como o pós-adolescente eterno que sempre vai ser, com seus quase dois metros de altura, e mostrou a que veio logo no início do show, quando transformou a segunda parte de “Orchard Street” em uma nuvem de microfonia espessa e sem melodia, apenas o zumbido permanente que prevaleceu por toda a noite, mesmo quando tocava apenas ao violão. Uma noite memorável, como você pode ver nos vídeos abaixo.


Thurston Moore – “Orchard Street”

Ah sim: vale mencionar que a acústica do Cine Jóia melhorou. Um pouco.

Sim, eu filmei todo o show 😛


Thurston Moore – “Never Day”


Thurston Moore – “In Silver Rain With a Paper Key”


Thurston Moore – “Cindy (Rotten Tanx)”


Thurston Moore – “Groovie & Linda”


Thurston Moore – “(I Know) It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It)”


Thurston Moore – “Blood Never Lies”


Thurston Moore – “Circulation”


Thurston Moore – “Mina Loy”


Thurston Moore – “Pretty Bad”


Thurston Moore – “Ono Soul”


Thurston Moore – “See-Through Playmate”


Thurston Moore – “Staring Statues”

Já o Kurt Vile, eu achei apenas OK. Quando a banda ajudava-o no peso, parecia uma banda qualquer vinda de Seattle nos anos 90 (ou querendo parecer que havia chegado de lá), riffs pesados com um pé no hard rock mas sem um pingo de refrão ou carisma. Quando ficava só ao violão, no entanto, seu talento ficava evidente, como na faixa que escolheu para fechar o show.


Kurt Vile – “Runners Up”

Mas ainda falta um tanto pra justificar o auê.

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