Tarantino x Irmãos Coen

, por Alexandre Matias

Irmãos Coen ou Tarantino? Atualmente fico com os Coen, mas por milímetros de predileção – Quentin está seedado pra sempre no torrent do meu coração do mesmo jeito que o Bergman no de algumas múmias da cinefilia dantanho. Jovens mestres, os três – os quatro, se somarmos David Lynch – elevaram o cultura white trash à condição de Arte, como Normal Rockwells pós-Nixon. Eletrodomésticos, quadrinhos, discos, carros, armas, drogas, malas cheias de dinheiro, estradas no deserto – elementos de um cenário em que sexo, mentiras, vingança e culpa atormentam personagens, quase sempre solitários – mesmo que sociais – sem rumo. O brasileiro Leandro Braga mashupou os dois à la Eclectic Method.

Fodaço.

Isso me lembra inclusive uma outra coisa que vinha comentando outro dia: como há uma casta de diretores que nasceu no vácuo da geração Coppola/Spielberg que, ratos de cineclube e escolados na técnica, parecem dirigir um grande filme, cortado por diferentes nuances. Além dos Coen, Lynch e Tarantino, completam esse time Woody Allen, Almodóvar e Martin Scorsese (que funciona como um tio mais novo para os outros). Não sei se eles são amigos, se eles se dão bem, se se conhecem (provavelmente sim). Mas seus filmes no século 21 parecem pedaços de um mesmo universo, filmados por diferentes ângulos, com filtros que coagulam emoções distintas. Nesse sentido não deixa de ser irônico o fato do Scorsese ter se transformado num diretor de filmes de época.

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