Impressão digital #0050: Marcelo Camelo no YouTube

Minha coluna no 2 foi sobre o veículo de lançamento do novo single do Camelo.

A nova do Camelo
O YouTube é o novo rádio?

Como você ficava sabendo de uma música nova há uns dez anos? Muito provavelmente, pela rádio. Ou, se a música em questão não fosse tão popular, você esperaria o lançamento do disco e o compraria na loja. Mas em dez anos, graças à internet, muita coisa mudou. Rádios e lojas de discos continuam por aí, mas não são mais a forma exclusiva – ou pelo menos, não mais a primeira alternativa – para quem quer conhecer algum artista novo. Veja o que aconteceu nesta semana.

Marcelo Camelo, ex-vocalista do grupo carioca Los Hermanos, lançou seu primeiro disco solo em 2008 – um disco hermético e pouco pop, como se o compositor quisesse fugir da aura popular que sempre pairou sobre sua banda. Rodrigo Amarante, o outro vocalista do grupo, saiu pela tangente e montou o Little Joy com integrantes de outras bandas, incluindo o baterista dos Strokes, o brasileiro Fabrício Moretti. Sem a necessidade de fugir do clima pop dos Hermanos, o Little Joy parecia comemorar os prazeres da vida sem se preocupar com o que os ouvintes iriam dizer.

E isso criou uma expectativa: será que o próximo disco de Marcelo Camelo teria alguma influência de Little Joy? Será que Marcelo teria percebido que não precisava se preocupar tanto com o que as pessoas iriam pensar do seu trabalho e voltar a fazer música fácil?

Outro fator que influenciava essa nova fase de Camelo era o fato de ele estar namorando a pequena Mallu Magalhães, cantora revelada na internet com atributos pop que eram inevitavelmente influenciados pela banda do atual namorado, embora não diretamente. Será que a convivência com Mallu fez Camelo soar mais leve?

A partir da simples Ô ô (é, o nome da música é só isso), tudo indica que sim. A novidade, no entanto, não está apenas no fato de a música corresponder às expectativas do ouvinte que esperava algo mais pop e tranquilo. Mas sim o fato de Camelo ter escolhido a internet para lançar sua canção. Mais do que a internet, o YouTube. E em vez de simplesmente lançá-la, optou por apresentá-la aos poucos, com pequenos vídeos com poucos segundos da faixa, que começaram a ser postados na segunda-feira passada.

Dez segundos em um dia, 10 em outro, mais 10 na quarta-feira e na quinta-feira Ô ô era revelada integralmente. Os fãs, claro, amaram. Mas, mais do que agradar aos fãs, Camelo fez que sua nova música atingisse um público que, de outra forma, levaria mais tempo para ouvir a nova canção.

Sinal dos tempos. O YouTube é um dos principais veículos de comunicação de nossa época e muitos o utilizam como continuação da televisão (não deu para assistir ao Jô ou ao jogo no dia anterior? Alguém já subiu no YouTube, no dia seguinte), e mais gente ainda, como rádio. Sim, há muita gente que escuta música no YouTube. E Camelo sabe disso.

4:20

Impressão digital #0040: Música – de produto a serviço

E a minha última coluna do ano do Caderno 2 fala sobre como a cultura está deixando de ser produto para virar serviço – ao menos no que diz respeito ao mercado.

O digital inevitável
Cultura enquanto serviço

Você lembra como fazia, há dez anos, para ouvir um determinado artista que alguém tinha comentado? Era preciso esperar que o disco fosse lançado por alguma gravadora e, caso o artista fosse estrangeiro, torcer para que o álbum saísse no Brasil. Se a obra em questão fosse audiovisual – filme ou programa de TV – o processo era mais complexo, pois os lançamentos eram ainda mais escassos.

Dez anos dentro do século 21 e como é que um cidadão online descobre sobre determinado artista ou filme? O método mais simples e popular é o YouTube. O site de vídeos do Google tornou-se um imenso repositório de cultura que abriga trechos de shows, programas de TV, trailers de filmes, vídeos de gente filmando discos raros em vinil sendo tocados, artistas que se lançam primeiro em clipes e músicas que outros usuários sobem no site sem autorização dos autores.

Desde que o Google comprou o YouTube há a promessa de limpar o site de conteúdo autoral indevido. Filtros foram criados para detectar vídeos colocados à revelia de seus donos, parcerias foram feitas com estúdios de Hollywood e gravadoras multinacionais, mas o YouTube ainda segue uma imensa terra-sem-lei no que diz respeito a direitos autorais.

(A culpa dessa rixa entre a internet e os velhos produtores de conteúdo pode ser posta nas gravadoras majors que decidiram “resolver” o “problema” da música digital processando quem baixava MP3 sem autorização. Caso fizessem uma associação com o Napster, o primeiro software que permitiu o download digital em escala massiva, talvez hoje estivéssemos felizes por pagar por MP3 legais e de excelente qualidade musical. Mas divago.)

Além do YouTube, no entanto, há outras formas de se consumir conteúdo digital sem que isso necessariamente esteja associado a downloads ilegais. Mesmo porque boa parte dessas alternativas, como o YouTube, nem cogita a possibilidade de download. São serviços pagos por assinatura em que é possível se ouvir qualquer tipo de música, em qualquer computador, a qualquer hora.

São nomes estabelecidos na última década (como as redes da Apple, Sony, Microsoft e Nintendo) e novatos que já fazem muito barulho (como a locadora online Netflix ou os serviços de assinatura musical como Spotify e Grooveshark). Nenhum deles está disponível no Brasil, mas já são uma tendência sem volta: o conteúdo cultural em vez de ser estocado em lojas e prateleiras agora é reunido em HDs e servidores. Cultura, aos poucos, deixa de ser um produto para se tornar um serviço. E se isso já começou a mudar a forma esse consumo, vamos começar a ver como isso afeta a produção cultural. O digital inevitável irá, necessariamente, mudar conceitos como “disco”, “livro” e “filme” – novos artistas já estão fazendo isso. Os anos 10 estão só começando. Feliz 2011!

Link – 26 de julho de 2010

Novo léxicoA vida das palavrasBraulio Tavares: Espalha como vírus, caduca feito disquetePersonal Nerd: 404 not foundFacebook: as cifras, o filme e os SimpsonsServidor: File, Kinect, e-books e ProEvolution SoccerNavegar impreciso: Orkut só segue soberano no Brasil – mas até quando?Vida Digital: Kevin Macdonald

Amanda Palmer

A Amanda, caso você não saiba, é mulher do mestre Neil Gaiman – acima vemos os dois nos bastidores de uma apresentação dele, em que ela toca “Creep” do Radiohead, pouco antes de ele chamá-la para ver um vídeo em seu laptop. Os dois anunciaram o casamento no início deste ano, cada um em seu blog. Eu acho um tanto de evasão de privacidade, mas os dois são nomes públicos e quem sou eu para julgá-los. Resta apenas admirá-los e passar sua mensagem adiante.

Link – 14 de junho de 2010

Se não for a eles, eles virão a vocêPara espalhar, é preciso apenas ser bomYouTube a lápis10 mitos sobre conteúdo onlineQuando um meme vira filmeAnálise: Quando as conexões entre pessoas na web ficam horizontaisPersonal Nerd: O trajeto da informaçãoReforma revê direitos autoraisGosta de mp3? Você é um pirata“A nossa lei não merece ser substituída. É boa”“Com mudanças, Brasil vai liderar a discussão”A construção de um mitoE3, falha no iPad e publicidade no TwitterVida Digital: Fernanda Viegas

4:20

Link – 5 de abril de 2010

E agora, lan house?Deputados discutem regulamentaçãoInclusão social e digital na práticaAprendendo com os piratasChatroulette nos lembra da natureza aleatória da internetO iPad de duas carasUma orquestra de laptops no ABCYouTube e Twitter de cara novaPeças em streaming. Dá certo?Nuvem sujaApp Store no FacebookMapa do 3GVida Digital: Charles Martinet

Sites que viraram livros

Outra que eu postei antes no Link.

A internet é uma droga

Patrick Moberg define bem os vícios modernos ao compará-los aos antigos. No link ele explica porque Twitter é cocaína, YouTube é tequila e Gmail é cafeína. E o 4chan, o que é? Heroína? Crack?