Vida Fodona #197: Várias épocas diferentes

Tava pensando que essa semana não tinha Vida Fodona? Pensou errado.

Talking Heads – “The Great Curve”
Picón de Mulo – “Ahí Va Otra Vez”
Beastie Boys – “Finger Lickin’ Good”
Of Montreal – “Jimmy”
Scott Walker – “Maria Bethania”
Cornershop – “Good Shit”
George Harrison – “All Those Years Ago”
Stevie Wonder – “I Wish”
Huey Lewis & the News – “I Want a New Drug”
Planet Hemp – “Quem Tem Seda?”
Olivia Tremor Control – “The Opera House”
Pink Floyd – “San Tropez”
Dr. Dre – “Fuck Wit Dre Day”
Zombies – “Beechwood Park”
Paul McCartney – “Eat at Home”
Radiohead – “Bangers and Mash”

Chega mais.

Como foi a volta do Velvet Underground

Os integrantes sobreviventes do Velvet (menos John Cale) se encontraram no início do mês para uma conversa sobre o tempo de existência da banda, em ocasião de lançamento de um livro sobre o grupo. O papo – que teve ingressos esgotados em menos de três minutos – rolou em Nova York, com mediação do jornalista David Frickle, e pode ser baixado em MP3 aqui. Vi lá no Carneiro.

Galaxie 500 tocando Velvet Underground

Precisa mais?

A volta do Velvet Underground

E com Doug Yule? Calma, Lou e Moe sobem de novo juntos aos palcos (sem Cale e, claro, Morrison ou Nico) com o guitarrista da segunda fase da banda mas para conversar sobre como era o Velvet Underground em seu tempo. O jornalista David Frickle é o mediador do encontro que acontece dia 8 de dezembro no Celeste Bartos Forum, na esquina da Quinta Avenida com a rua 42, em Nova York. Os ingressos já estão esgotados, mas os vídeos vão aparecer no YouTube.

É o tipo de evento que poderia ser mais explorado. Afinal, muita gente volta a fazer show depois de velha para atrair fãs que não se importam muito com o fato dos shows serem bons ou não – querem apenas estar na presença do ídolo. Uma conversa civilizada num ambiente de médio porte pode render histórias e lembranças mais genuínas e poderosas do que requentar velhas músicas sem muita empolgação além do dinheiro por uma hora e meia numa apresentação para milhares de pessoas – fora os arranhões na reputação. Como estamos vivendo na era dos popstars do power point (Al Gore e Steve Jobs, para citar os primeiros que vêm à cabeça), não duvide que isso se torne cada vez mais comum.

Falando no Velvet Underground…

Está saindo agora o livro The Velvet Underground: New York Art, que compila uma série de material relacionado aos primeiros anos de carreira da banda, com farto conjunto de fotos, os originais com as letras escritas à mão por Lou Reed, flyers, cartazes e as resenhas com os shows que o grupo fez em seu curto período de existência.

Suéter Sweet Jane

Mas até eu que sou fã do Velvet não conseguiria usar isso

The Velvet Underground & Beck

Não acredito que os álbuns irão morrer como a ditadura do single da era MP3 parece antever. Óbvio que não sobreviverão como um pedaço de plástico que toca música envelopado numa cartolina ou numa caixa de plástico ilustrado com uma capa legal. Nos tempos digitais que tornaram obsoletos tudo aquilo que só faz uma coisa que vivemos, é natural que o próprio formato álbum seja cobrado de algo entre a imersão e a interatividade. Algo que antes nos satisfazia – tirar uma tarde para ouvir um disco, ver a capa e folhear o encarte – agora parece muito trivial e limitado para os parâmetros atuais. Hoje o site de um artista faz muito mais as vezes de uma capa de disco, embora o próprio conceito de site torne-se obsoleto em breve. O fato é que a música vai encontrar uma forma de se apresentar envelopada em um conceito – seja visual, temático ou momentâneo.

Beck já vem há algum tempo tentando entender como a música será experimentada no futuro, dando um MP3 aqui, fazendo show com o Flaming Lips como banda de apoio ali, deixando o fã escolher a disposição das imagens na capa do disco (no disco The Information, que repetia a brincadeira da capa recorta-e-cola da Arca de Noé, de Toquinho e Vinícius) mais adiante. Mas com seu Record Club, Beck dá alguns passos para frente.

A brincadeira é simples: ele se tranca no estúdio com uns amigos para recriar, em um dia, um disco clássico escolhido aleatoriamente para ir soltando aos poucos as versões online. É um dia de trabalho que rende semanas e semanas de visitação e linkagem sobre o projeto que, à medida que vai tomando forma, funciona também como uma celebração do formato ameaçado pelo mundo digital. “Record Club” é um trocadilho entre o Clube do Registro – sobre o encontro de um dia de Beck com seus camaradas – com Clube do Disco. E, mais do que uma estratégia online, ele pode crescer e virar um disco de fato, um show, uma turnê. Na pior das hipóteses é uma respeitosa e ousada discografia paralela lançada oficialmente – mais ou menos como os trocentos CDs ao vivo que o Pearl Jam lançou no início da década.

Pra começar, ele preferiu chamar o time de casa. Juntou sua banda de apoio (Joey Waronker, Brian Lebarton, Bram Inscore, Chris Holmes) ao produtor Nigel Godrich (o de OK Computer, você sabe), o ator Giovanni Ribisi e a cantora islandesa Thorunn Magnusdottir para recriar o primeiro disco do Velvet Underground, o clássico banana. O disco finalmente foi consolidado e, como se esperar de uma gravação feita em apenas um dia, tem seus altos e baixos. Magnusdottir até funciona como uma Nico decente, dando a austeridade necessária à “Femme Fatale” e “All Tomorrow’s Parties” e a banda improvisada se comporta bem em versões bucólicas para “Sunday Morning” e “Run Run”. Mas quando tentam soar noise, são terríveis: “Waiting for the Man” e “There She Goes Again” têm guitarras retorcidas por pura idiossincrasia e as jam sessions de “Heroin” e “Venus in Furs” só funcionam como curiosidade mórbida. Os melhores momentos do disco, no entanto, acontecem quando Beck ressalta sua veia country, transformando “Black Angel’s Death Song” numa levada folk interminável, “I’ll Be Your Mirror” e “Europpean Son” em duetos de casal. Vale como experiência, não como produto – e é aí que Beck acerta com seu Record Club. É só uma brincadeira, uma tarde livre, mas ao mesmo tempo é um formato novo, um registro

E ele já está no segundo volume do projeto. Juntou-se ao MGMT, ao Devendra Banhart e à Binki do Little Joy para recriar o primeiro disco de Leonard Cohen (não duvide se o Amarante der as caras por lá). Outro projeto, já gravado, homenageia o único disco (o clássico Oar) de Alexander “Skip” Spence, ex-integrante do Jefferson Airplane e do Moby Grape, gravado ao lado de ninguém menos que o Wilco. E entre os discos já citados como próximos projetos estão um do Ace of Base (?!) e outro do Digital Underground.


Beck – “Black Angel’s Death Song

E por falar em Velvet Underground…

E essa caixinha com os compactos em vinil que foram lançados pela banda na época que a Sundazed botou pra vender? OK, é uma reedição, mas é muito fino. Dica do Danilo.

Vida Fodona #177: Tirar a poeira de umas músicas fodonas

Fui atrás de discos velhos pro programa de hoje – com uma pitadinha, de nada, de 2009.

Neu! – “Neuschnee”
Jackie Mittoo – “Reggae Rock”
Erasmo Carlos – “Mané João”
Yo La Tengo – “When Doves Cry”
Maximo Park – “Postcard of a Painting”
Klaxons – “Magick”
Washed Out – “Hold Out”
Memory Cassette – “Listen to the Vacuum”
Nancy – “Cinema Nacional”
Superbug – “Ice Cream Headache”
Of Montreal – “The Past is a Grotesque Animal”
Steely Dan – “Rikki Don’t Lose That Number”
Midnight Juggernauts – “Aurora”
Devo – “Girl U Want”
Javiera Mena – “Como Siempre Soñé”
A Tribe Called Quest – “Show Business”
Beck – “Heroin”
Pastels & Tenniscoats – “Modesty Piece”
The Pains of Being Pure at Heart – “Higher than the Stars”

Por aqui.

Cinco vídeos para o meio da semana – 96


Júpiter Maçã – “Modern Kid”


The Xx – “Crystalized”


Miike Snow – “Animal”


Beck – “Venus in Furs”


Franz Ferdinand – “No You Girls”