Pare tudo para ouvir as Rakta!

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Perdi o show das Rakta no Coquetel Molotov porque fiquei preso no trânsito a caminho do festival pernambucano, por isso não tinha como perder a apresentação desta que é a melhor banda nova de rock do país. Uma espécie de Warpaint do mal, o trio formado por Paula (vocais e teclados), Natha (bateria) e Carla (vocais e baixo) encarna uma psicodelia dark que é parente tanto dos primeiros discos do Black Sabbath quanto dos discos pós-Syd Barrett do Pink Floyd, com doses cavalares de krautrock e pós-punk na mistura – e cantado em português. Filmei algumas músicas, eis uma delas:

O show no Sesc Belenzinho foi o primeiro que elas fizeram após a bem sucedida turnê pelos Estados Unidos, onde puderam gravar uma ótima apresentação na rádio KEXP, onde mostraram toda sua força.

Grande nome, vai crescer muito no ano que vem, anotem aí. Dá pra ouvir o disco novo delas (o ótimo III) logo abaixo:

Música nova do BaianaSystem pra fechar 2016

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O grupo baiano BaianaSystem encerra o ano oficializando a gravação “Forasteiro”, instrumental que abre e fecha o show do disco Duas Cidades.

Guitarra baiana lascada, ela fica bem mais intensa – óbvio – no show:

Goma-Laca, o filme, vem aí

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Nesta sexta-feira agora, Ronaldo e Eugênio lançam o filme Goma-Laca aqui no Trabalho Sujo. O filme registra o processo de arranjo e gravação do disco que o maestro Lettieres Leite gravou com Juçara Marçal, Russo Passapusso, Karina Buhr e Lucas Santtana em cima de músicas brasileiras que so foram registradas em discos de 78 rotações por minuto (falei do projeto em uma das minhas primeiras colunas na Caros Amigos). ” o filme é um olhar sobre o processo de criação e gravação do disco, Goma-Laca – Afrobrasilidades em 78 Rotações”, explica Eugênio. “A ideia de documentar foi do Ronaldo, que dizia que não poderíamos deixar de registrar o encontro do maestro Letieres Leite com os músicos Marcos Paiva, Hercules Gomes, Gabi Guedes, Sérgio Machado e cantores Lucas Santtana, Russo Passapusso, Juçara Marçal e Karina Buhr. E não deixamos. Quis registrar tudo que via, tudo que acontecia, mas sem atrapalhar o fluxo de criação da banda. Precisava em pouco tempo ganhar confiança dos músicos para que pudesse registra-los em momentos íntimos. Foram quatro dias testemunhando um encontro mágico e único.” Ronaldo também escreveu sobre o encontro no site do projeto.

O trailer está aí:

Filmei o show desse disco, que aconteceu no ano passado (Russo não pode vir e Duani o substituiu):

O fim dos Supercordas

Foto: Beatriz Ribeiro de Sena

Foto: Beatriz Ribeiro de Sena

A notícia já estava meio no ar e os mais próximos da banda já sabiam o que os cariocas dos Supercordas oficializaram neste sábado em sua página no Facebook: o fim de suas atividades. A data escolhida foi a de de aniversário de lançamento de seu primeiro álbum, o já clássico Seres Verdes ao Redor, e a despedida não macula a amizade dos quatro integrantes, que seguem trabalhando com música, mas deixaram um senhor legado tanto para o rock independente brasileiro quanto para nosso cânone psicodélico. Abaixo, a íntegra da nota de adeus:

Hoje, dia 26 de novembro de 2016, faz exatamente dez anos que lançamos nosso primeiro LP com um concerto memorável no Centro Cultural São Paulo.

Desde então, nos mantivemos rodando o Brasil, fazendo shows, gravações, filmagens, experimentos, conhecendo novas bandas, fazendo novas amizades e nos apaixonando.

Todas as pessoas que acompanharam a banda neste tempo puderam ver o quanto fomos felizes fazendo tudo isso, e o quanto fomos transparentes e comprometidos com a cultura alternativa.

Nunca fomos o tipo de grupo que “estoura” e atinge grandes públicos em pouco tempo, construímos nossa historia com perseverança e em desencontro aos caminhos mais fáceis do mercado musical.

É complexo se manter como uma “entidade underground” por tantos anos. E é cada vez mais difícil estarmos abertos e disponíveis à experiência da viagem roqueira e da nossa criação musical em grupo, ainda que estejamos vivendo um ponto alto da nossa trajetória em muitos aspectos.

Acreditamos, então, ser um bom momento para anunciar que estamos encerrando nossas atividades como Supercordas.

Continuaremos tocando nossos demais projetos, e outros que ainda estão por vir.

Nunca deixaremos de existir através da música e militar em defesa de toda esta doideira que é sonhar.

Ficam aqui intensos raios de psicodelia e amor para todas e todos que nos acompanharam nesses 13 anos, pelo carinho e pela recepção. E para todos que pela banda passaram ou com ela trabalharam e contribuíram com música e dedicação, particularmente: Regis Argüelles, Eduardo Ps, Katia Abreu, Kauê Ravaneda, Sandro Rodrigues, Rodrigo Lariú,Pamela Leme, Francine Ramos, Ynaiã Benthroldo, Luccas Villela, Marcelo Callado, Caca Amaral, Wil Son, Giuliano Gerbasi, Gui Jesus Toledo e Bernardo Pacheco.

Abaixo, dois shows da banda que filmei, o da primeira edição do Fora da Casinha…

…e o show que fizeram ao lado dos Boogarins no início deste ano.

Grande banda.

BaianaSystem no Coquetel Molotov: “Junto, junto!”

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BaianaSystem fez um dos melhores shows que vi este ano no festival Coquetel Molotov no Recife: Russo endiabrado, grave batendo pesado, participação da Larissa Luz e a plateia completamente entregue à banda. Filmei quase tudo, aumenta o som:

Ah Deerhoof!

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Eis os vídeos que fiz da eletrizante apresentação da banda norte-americana no Sesc Pompéia.

Foi demais!

Quem tá com saudades dos shows do Wilco no Brasil?

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Eis os vídeos que fiz nos três shows da já clássica turnê da banda pelo país.

No Circo Voador:

No Popload Festival:

No Auditório Ibirapuera

Foi demais.

Como foi o Coala Festival 2016

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Não consegui pegar os shows do início, cheguei no final da Céu e consegui ver Cícero e Marcelo Camelo, BaianaSystem (arrasador) e Karol Conká, seguem os vídeos a seguir. Festival redondinho, que só pecou pelo som e pela falta de sinalização nos arredores, mas de resto, tudo ótimo. São Paulo precisa de mais eventos assim:

A volta dos Pin Ups!

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No meio do show de despedida que o Pin Ups armou no final do ano passado, a banda paulistana percebeu que aquele não poderia ser sua última apresentação. “Último show… em São Paulo”, corrigiu a baixista Alê, já pensando nas outras cidades em que aquele show poderia se repetir. Com anos a mais de estrada, todos estavam tocando melhor do que no auge da banda, matar a saudade no palco traduziu-se como entrosamento quase cossanguíneo e eles estavam tocando emum equipamento (o do Sesc Pompeia) muito superior do que a grande maioria dos que tiveram que usar em sua carreira. Mas o principal motivo da indecisão sobre aquele ser o último show foi emocional: além da entrega da banda, o público – mais jovem do que eles esperavam – recebeu o ícone ancestral do indie brasileiro de braços abertos.

Aí o que seria o ponto final da banda evoluiu para alguns shows em cidades que o grupo já havia tocado, incorporando Adriano Cintra como quarto pin up no lugar da integrante original Eliane (que hoje mora na Inglaterra), mas logo eles estavam falando em compor músicas novas, em relançar os discos antigos digitalmente e em vinil e resolveram assumir que estavam de volta. Prevendo disco novo no início do ano que vem, o grupo está armando a volta em grande estilo ainda para esse semestre. Conversei com o guitarrista Zé Antônio sobre os próximos passos da banda renascida.

O fim e a volta

A entrada de Adriano

Indie Brasil: ontem e hoje

O relançamento da discografia

E a Eliane?

Shows?

Quatro vezes Kate Tempest

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Já acompanhava a carreira de Kate Tempest, mas do ponto de vista dos discos, tanto que elenquei seu Everybody Down como um dos meus discos favoritos de 2014. Mas seu trabalho vai muito além da música – ela é poeta, dramaturga e escritora, tem o completo domínio da palavra, seja escrita ou falada. Pude acompanhá-a de perto durante sua primeira vinda ao Brasil, primeiro durante a Flip, em que trabalhei pela terceira vez consecutiva cuidando das mídias sociais do evento. Lá pude vê-la em três momentos: o primeiro deles no sarau de abertura da festa literária, quando ela recitou seu épico “Brand New Ancients”, após ser apresentada pela mestra de cerimônias Roberta Estrela D’Alva:


Kate Tempest – “Brand New Ancients”

Depois foi quando ela participou da mesa O Palco é a Página, ao lado do poeta carioca Ramon Nunes Mello (que segurou bem a onda do lado dela, uma grata surpresa). Lá, Kate recitou, de cabeça, o início de seu romance, lançado no Brasil com o título de Os Tijolos nas Paredes das Casas, lançado pela editora Leya:


Kate Tempest – “The Bricks That Built the Houses (introduction)”

E depois emendou seu incrível poema “Hold Your Own”, que batiza uma coletânea de suas poesias mas nunca foi publicado:


Kate Tempest – “Hold Your Own”

A terceira vez foi durante a mesa de encerramento da Flip, Livro de Cabeceira, em que ela leu um trecho do romance Murphy, do irlandês Samuel Beckett. Peguei pela metade, como vocês podem ver:


Kate Tempest lê Murphy, de Samuel Beckett

Encontrei com ela duas outras vezes, uma em Paraty, à noite, entre uma festa e outra, mas preferi deixá-la à vontade. E depois no restaurante Bica do Curió, em Taubaté, quando não resisti ao papparazzismo para registrar o encontro improvável dela e do norueguês Karl Ove Knausgård no restaurante de beira de estrada mais Wes Anderson que conheço:

Knausgård e Tempest na Bica do Curió

Uma foto publicada por Alexandre Matias (@trabalhosujo) em

Tive que comentar sobre a inusitada foto quando a encontrei pessoalmente pela primeira vez, na quarta vez que pude vê-la ao vivo, quando fiz conversei com ela na livraria Saraiva do Shopping Pátio Paulista, durante o lançamento do seu livro em São Paulo. Na conversa, ela recitou outras duas vezes. Na primeira delas, ela recitou um poema sem nome, que fez em homenagem à importância do hip hop para sua descoberta como artista:


Kate Tempest – “Hip Hop”

E mais uma vez ela recitou o início de seu romance, que é tão envolvente e cativante quanto suas performances, vale muito à pena ler:


Kate Tempest – “The Bricks That Built the Houses (introduction)”

Dali ela ia pra Bahia, fugir das pessoas, depois de quatro meses incessantes de turnê. Já tinha composto seu próximo disco, que iria lançar logo depois das férias e lamentou não ter vindo ao Brasil fazer shows devido à pressa, mas amou o país e disse que quer voltar. Vale à pena acompanhá-la.