Vida Fodona #517: Ainda não tô em clima de retrospectiva

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Vamos lá que ainda tem muito 2015 pela frente….

Drake – “Hotline Bling (Instrumental)”
Mopho – “A Carta”
Erasmo Carlos – “Grilos”
Gorillaz – “Empire Ants (Miami Horror Remix)”
Kendrick Lamar – “The Blacker the Berry”
Wire – “Keep Exhaling”
Spoon – “Rainy Taxi”
Elza Soares – “Maria da Vila Matilde”
Rodrigo Ogi – “7 Cords”
Diogo Strausz – “Não Deixe de Alimentar”
Lana Del Rey – “High by the Beach”
Carly Rae Jepsen – “Run Away With Me”
Ryan Adams – “Style”
Siba – “O Inimigo Dorme”
Tulipa Ruiz – “Oldboy”
Wilco – “Pickled Ginger”

Vamo lá.

Fargo e o universo indie dos irmãos Coen

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Estou completamente por fora da nova temporada de uma das melhores séries do ano passado, Fargo, produzida pelos irmãos Coen, mas plenamente ciente do quão ela parece ser melhor que a temporada anterior. Não duvido. Só de ver os nomes da nata indie que eles conseguiram reunir pra regravar clássicos do cancioneiro norte-americano, dá pra ter uma ideia do alto nível. O Britt Daniel, vocalista do Spoon, regravou “Run through the Jungle”, que os Coen já haviam utilizado no clássico Big Lebowski, porém em sua versão original, do Creedence Clearwater Revival.

O quarteto texano White Denim recriou outra música que os Coen usaram no Lebowski, “Just Dropped In (To See What Condition My Condition Was In)”, de Jerry Lee Lewis, eterninzada por Kenny Roggers:

E o vocalista do Wilco, Jeff Tweedy, compareceu tocando “Let’s Find Each Other Tonight”, de José Feliciano, que já havia aparecido pessoalmente no filme que deu origem à série cantando exatamente a mesma música (mas não consegui achar a versão de Tweedy online), alguém viu por aí?

Como foi o Popload Festival 2015

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Fui aos dois dias do Popload Festival, o festival do Lucio que aos poucos se estabelece no calendário brasileiro como um dos principais eventos de música em São Paulo, e a melhor constatação foi ver, na prática, que “festival de música” não é sinônimo para perrengue, pé na lama, chuva, som ruim, shows à luz do dia, dezenas de milhares de pessoas, quinze mil bandas e a grande maioria delas ruim, comida tosca, banheiros imundos, gente passando mal. Tudo funcionava – e isso é ponto não só para a organização como também para o Audio Club.

Cheguei no primeiro dia no meio do ótimo show do Sondre Lerche e não dá pra entender porque o francês não estava abrindo para o Belle & Sebastian, que tocaria no dia seguinte – era uma situação que todos iriam ganhar, inclusive o festival. Depois foi a vez do Emicida, que optou por fazer um show mais pesado e dando uma geral em toda sua carreira, em vez de tocar apenas o show do disco novo – embora o melhor momento tenha sido “Madume”, em que ele chamou os rappers Drika Barbosa, Raphael Alafin, Muzzique e Coruja para quase nove minutos de dedo na cara. A única concessão ao peso da noite foi a radiofônica “Passarinhos”, deixando claro que o artista sabia que a grande maioria do público nunca tinha visto um de seus shows.

E, como alguns, tive que fazer a escolha salomônica entre ver uma lenda viva do rock (ainda) em ação e um ás da atualidade em seu atual auge. Como aquela não era minha primeira vez com o velho Iggy e sabia que o show começava como uma memorável sequência “No Fun”, “I Wanna Be Your Dog”, “The Passenger” e “Lust for Life”, escolhi assistir ao início do show de roque para depois cair na pista do mago norueguês da disco music, Todd Terje, mas não sem antes assistir ao mosh que o quase centenário roqueiro deu sobre o público que nasceu depois que ele gravou “Candy”, nos anos 80. No clube do Audio, longe das guitarras, Terje determinava um transe rítmico em que timbres retrô pareciam ter nascido no século 20 – e até um velho hit da Whitney Houston não soava como mera citação, combinando perfeitamente com o repertório da noite, repleto de faixas de seu excelente It’s Album Time, do ano passado. O astral da apresentação do escandinavo estava tão bom que, mesmo com ele acabando antes do show do Iggy Pop terminar, bandeei pra casa.

No dia seguinte, consegui ver mais uma vez o Cidadão Instigado tocando seu tenso Fortaleza ao vivo e a banda de Fernando Catatau está imersa na alma pesada do disco – mesmo os momentos mais leves (como “Land of Light” ou “La La La La La La La”) soam bem mais intensos e elétricos do que gravados, mesmo sem sair de suas levadas originais. O Spoon fez um show quase às escuras e o intimismo dark da banda norte-americana não encontrou liga com o público do Belle & Sebastian. Foi um show preciso e empolgante, mas a grande parte do público apenas esperava a banda que encerraria o palco, como também aconteceu no show do Cidadão. Mas não era desânimo – o público estava atento e apreciou os dois shows, mas era uma abordagem muito cética perto do excesso de fofura do show Belle & Sebastian.

Não desgosto do Belle & Sebastian, mas estou longe de ser um fã. Contudo, é uma banda que pertence à minha geração e aquele era o quarto show do grupo escocês que assistia. O lado fofinho, sorridente e Hello Kitty da banda quase chega a me irritar – gosto deles quando esquecem o Nick Drake para revisitar o soul dos anos 80 via Inglaterra. O mais curioso, no entanto, foi a onda jovem que parece ter descoberto o grupo nos últimos anos. Quando assisti ao show que o grupo fez na saudosa Via Funchal há cinco anos, tive a clara sensação de que todos os presentes ali haviam assistido (ou queriam ter visto) o grupo em sua primeira passagem no Brasil, quando tocaram no também saudoso festival Free Jazz (o avô do igualmente saudoso Tim Festival). Eram os indies velhos (como eu), que voltavam para ver uma banda que foi importante para eles em suas juventudes. Mas no encerramento do festival do Lúcio havia muito gente no início dos 20 anos que com certeza não estava naquele show de 2010. A grande interrogação ficou pela forma como esse público descobriu a banda: foi trilha sonora de filme? Tocou na novela? Entrou em videogame? Descoberta semanal do Spotify?

O fato é que essa nova geração de fãs se entregou à fofura do Belle & Sebastian e o show foi muito mais passional que o de Iggy Pop, por incrível que pareça. A felicidade no ar era parecida com a do show que a banda fez em São Paulo no início do século, quase sem acreditar que não apenas tinham fãs no Brasil como eles sabiam cantar todas as músicas. Essa constatação guiou a apresentação da banda, que foi pouco a pouco hipnotizando o público em sua bolha de otimismo, o que também cativou os mais velhos presentes – tocaram até “Legal Man”, que é minha música favorita deles. Foi um show tão divertido quanto cativante e, ao contrário do Iggy Pop, não habita apenas o palco, como um deus do rock. O momento já clássico dos shows da banda é justamente quando trazem os fãs para o palco. Querem dizer que são pessoas como eles. Enquanto o mosh de Iggy Pop na galera é um elogio à saúde atual do roqueiro e uma honra para os pobres mortais que o seguraram antes que ele caísse no show, a subida ao palco do Belle & Sebastian é um abraço coletivo, um carinho de cena que funciona como um colo para pessoas que reconhecem mais as canções que os integrantes da banda.

E é essa dicotomia – entre o antigo rock clássico e o clássico indie rock – que precisa ser resolvida pelo Popload. Ao trazer Iggy Pop como uma das atrações em um festival essencialmente indie, ele abre a possibilidade de realizar shows de veteranos para poucos milhares de pessoas. Mesmo para uma banda como o Belle & Sebastian, o palco do Audio foi bem mais acolhedor e, na medida do possível, intimista do que os outros dois quando eles passaram por São Paulo (o clube da Água Branca deve ter menos que a metade do tamanho da Via Funchal). A escolha de Iggy Pop pode criar uma expectativa errada para o festival (o público da Kiss FM e do Café Piu Piu certamente iria em peso caso o show tivesse uma divulgação específica para canais não-indies, o que não aconteceu) ao mesmo tempo em que ele pode fugir da fórmula “o hype da vez” trazendo velhos de guerra e indies grandes para tocar num palco que os deixa quase em cima do público.

Abaixo, alguns vídeos que fiz no festival.

Dose dupla de Spoon no fim de semana

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Não é sempre que um fim de semana tem dois shows do Spoon em São Paulo – sendo um deles num clube na rua Augusta. Cortesia do festival do Lúcio, que trouxe uma das melhores bandas americanas na ativa para dois shows distintos: um num festival de médio porte (comemorado no microfone pelo Britt Daniel: “Estamos num festival e num local fechado!”) abrindo para uma banda que era o centro das atenções (o Belle & Sebastian) e outro num show pequeno, com algumas centenas de pessoas que foram apenas para vê-los em ação – o que naturalmente tornou este melhor. Filmei os dois pra quem quiser uma boa trilha sonora para começar bem a semana.

Depois eu falo mais sobre o Popload Festival como um todo.

Vida Fodona #502: Esse formato deve mudar em breve

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Retomando o ritmo…

Nicolas Godin – “Orca”
Ornette Coleman – “Lonely Woman”
Luiz Melodia – “Pra Aquietar”
Criolo – “Plano de Voo”
Tulipa Ruiz – “Oldboy”
Hot Chip – “Burning Up”
Quarto Negro – “Ela”
Courtney Barnett – “Small Poppies”
Delgados – “Clarinet”
Spoon – “New York Kiss”
Frank Jorge – “Tempo pra Viver”
Curumin – “Selvage”
Of Montreal – “Gallery Piece”
Mercúrias – “Desse Jeito”
M.I.A. – “Can See Can Do”
Florence & the Machine – “What Kind of Man (Nicolas Jaar Remix)”

Vem cá.

Spoon x Cramps

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O Spoon não para! Desta vez o grupo fez uma versão para “TV Set“, do primeiro disco dos Cramps, para o remake que fizeram de Poltergeist.

Spoon: “I don’t make time for holy rollers”

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A bela “Inside Out” do Spoon ganha um tratamento lyncheano em sua versão em clipe, em que o vocalista da banda, Britt Daniel, surge à espreita em diferentes situações…

Vida Fodona #499: Às vésperas de virar o disco

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Grandes mudanças estão vindo aí…

Daisy Chainsaw – “Love Your Money”
Courtney Barnett – “Close Watch”
Secos & Molhados – “Fala”
Cidadão Instigado – “Dudu Vivi Dada”
Unknown Mortal Orchestra – “Ur Life One Night”
Kendrick Lamar – “King Kunta”
Giorgio Moroder + Britney Spears – “Tom’s Diner”
Jaga Jazzist – “Oba (Todd Terje Remix)”
Hot Chip – “Love is the Future”
Bixiga 70 – “Martelo”
Tulipa Ruiz + Felipe Cordeiro – “Virou”
Spoon – “Inside Out (Fabrizio Moretti Remix)”
Sinkane – “Young Trouble”

Vem aqui.

Vida Fodona #498: Esse outono tá que tá

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Vamos naquele ritmo…

Marcelo Camelo – “Pazpazpazpazpazpaz”
Chubby Checker – “Misirlou”
B-52’s – “Lava”
Friends – “Friend Crush”
Mac McCaughan – “Lost Again”
Ruído/mm – “Índios”
Tame Impala – “‘Cause I’m a Man”
Carly Rae Jepsen – “All That”
Unknown Mortal Orchestra – “Can’t Keep Checking My Phone”
The Hood Internet – “Tryout”
Dr. Dre + Snoop Dogg – “Still D.R.E.”
Justin Timberlake + TI – “What if”
Aeroplane + Benjamin Diamond – “Let’s Get Slow”
Goldroom – “Mykonos”
Prefuse 73 – “Applauded Assumptions”

Colaê.

Spoon 2015: “This intense gravity”

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E dá-lhe “Inside Out”! Semana passada Bon Iver lançou uma versão para a excelente faixa do Spoon e o podcast Song Exploder liberou uma versão demo da mesma faixa, que havia sido dissecada meses antes (além de eu ter aproveitado a deixa para desenterrar um mashup feito com a base da música do ano passado). Agora o Spoon anuncia que “Inside Out” ganhará seu próprio EP digital de remixes e entre novos tratamentos feitos por pelo Dan Boeckner do Operators, Tycho e pelo produtor Brian Reitzell está esse remix feito pelo baterista dos Strokes Fabrizio Moretti, que usa o clássico vídeo “Powers of Ten” do casal Charles e Ray Eames como amparo visual. Ficou massa – e bem anos 80.