Quarta nobre

Todo mundo na Vila depois de amanhã? Começando no Sancris e terminando na Merça.

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Revista F.
Evento: Lançamento da revista Mercearia
Quando: Quarta-feira, 7 de junho, às 19h
Local: São Cristóvão, R. Aspicuelta, 533, Vila Madalena, São Paulo

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Revista Mercearia
Evento: Lançamento da revista Mercearia
Quando: Quarta-feira, 7 de junho, às 20h
Local: Mercearia S. Pedro, rua Rodésia, 34, Vila Madalena, São Paulo

Que vaceeeelo

A Prefeitura miou a festa de um ano do Vegas, que iria acontecer, além do Vegas, em quatro puteiros da Augusta simultaneamente. Na correria, colocaram as atrações no The Week, que é onde vai acontecer a acabação. A festa ia ser foda (isso porque eu já tinha desistido de ir), com Nepal, Forgotten Boys, Tim Sweeney, Primo, Bonde do Rolê, Bispo, Camilo, Lucio, Eclectic Method, Mau Mau, Zé Gonzalez, Dubstrong e outros. Tomara que continue legal, mas é muito deprê esse papo da prefeitura contra a noite de São Paulo… Avisa pros putos que noite é divisa econômica e setor de serviços, que é o futuro dessa cidade.

Update: Nem no The Week. Alguém sabe o nome e o partido do vereador que tá agitando isso? Ou da pessoa que se beneficiaria com o fracasso do Vegas?

Dancing in the streets

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Sabadão, simbora?

29/04, três sistemas de som diferentes estarão ligados ao mesmo tempo para espalhar boa música na Vila Madalena. O Dubversão (dub, reggae, roots, etc…) estará na Praça Aprendiz, o R.U.A. — Radiola Urbana Aparelhagem — (funk, rap, música brasileira, afrobeat, etc…) montará seu equipamento na rua Girassol (próximo ao Grazie a Dio) e o [A]tensão Sistema Sonoro (eletrônico, dub, jazz, ska e o inominável) ficará na rua Harmonia (perto da saída do Beco do Batman). Tudo isso de graça, na rua, a partir das 15h até, aproximadamente, às 22h. Compareça!!!!!!!!

Dubversão: na Praça Aprendiz, Rua Belmiro Braga esquina com a Inácio Pereira da Rocha
R.U.A: no Gigabar, Rua Girassol, 27
[A]tensão Sistema Sonoro: no Ribabar, Rua Harmonia, 68

TFC-BR

Agora vai. Dobradinha entre a Slag e o Coquetel Molotov garantem a vinda dos escoceses mais legais do planeta ao Brasil. A notícia saiu do Diário de Pernambuco, vê lá. A data marcada é 27 de março do ano que vem e deve ter shows da PELVs e do Hurtmold, ao menos na etapa de Recife. Claro que o show deve descer pro Rio e pra São Paulo (e, talvez, além), mas não tem nada confirmado, por enquanto.

Jeckyll & Hyde

John Cale
Sesc Vila Mariana (São Paulo)
Quinta-feira, 9 de dezembro de 1999

Foi só ele entrar no palco e todos se calaram. Parecia aquele velho professor de história que tomou alguma coisa no passado e até hoje não conseguiu voltar ao normal, dando aulas tão extravagantes quanto divertidas. Surgiu no palco com um blaser marrom sobre uma camiseta preta, calça marrom escuro, calçando um par de tênis escandalosamente vermelhos. Os comentários logo começaram a ser sussurrados, como se aquele professor de história tivesse vindo com um sapato de cada cor.

No palco, um piano de cauda, um violão no pedestal, três banquinhos, um com um pequeno teclado antigo em cima e uma mesa com samplers. Primeiro Cale pegou o violão e cantou duas músicas novas, sem apresentá-las ao público. Não precisava. Ao violão, Cale se permite ao desleixo – impensável ao piano – e a ênfase da apresentação fica por conta de sua interpretação. Sua voz parece sequer precisar de microfone, ela invade o ambiente num misto de tédio e fúria e agarra o espectador à força. Do berro ao sussurro, o maestro galês passa de músico erudito contemporâneo a velho punk em questão de segundos, entre um verso e outro.

Ele vai ao piano, seu instrumento de origem. Do mesmo jeito que acariciava e esmurrava o violão, ele é Jeckyll e Hyde em frente ao piano, mas ao contrário do outro instrumento, aqui ele sabe tudo. Interessante perceber como suas mãos acabam servindo de metáfora para si mesmo: enquanto os polegares e indicadores são incisivos, assinalando a repetição de acordes com força e violência, os outros três dedos floreiam arpegios nos espaços vazios, quase um tique de músico erudito.

Ao piano, canta dois poemas de Dylan Thomas e entra em seus clássicos. Eles surgem um atrás do outro: primeiro uma versão fria para “Child’s Christmas in Wales” seguida de uma imponente “Chinese Envoy”. “Essa é uma canção para Drella”, ele anuncia antes de entrar na bela “Style it Takes”, composta ao lado de Lou Reed no disco Songs for Drella, de 89, homenagem ao padrinho do Velvet Underground, Andy Warhol.

Volta ao violão, desta vez com “Leaving it Up to You”, tocada com míseros dois acordes. “Essa música é sobre dois caras que se apaixonam na cadeia”, brinca com o público, “na verdade é a minha versão para o filme The Ballad of Cable Hogue, um filme de Sam Peckinpah” e entra em “Cable Hogue”, do subestimado Helen of Troy, de 75.

“A Dream” dá início ao único deslize do show: a entrada de Adam Dormblum. Ele senta-se na mesa de samplers ao lado do pequeno teclado vermelho de Cale e começa a disparar ruídos eletrônicos e pedaços de música. Até aí tudo bem, o problema é que a noção de modernidade eletrônica de Dormblum ficou parada no 1994 de Dummy, do Portishead.

Mas a presença de Adam incomodava menos quando o velho Velvet abria a boca. Em suas incursões ao lado do único músico convidado do show, Cale deixava de cantar para apenas contar histórias. Começa com a já citada “A Dream”, também de Songs for Drella, onde Cale encarna um Warhol no meio de um sonho, reclamando, às vésperas da própria morte, dos amigos que o deixaram de lado – incluindo aí Cale e Reed, citados nominalmente. “Gun” – “uma música sobre uma dupla de detetives” – perde toda força e transforma-se numa peça tensa que preenche todo o teatro do Sesc – uma excelente casa de shows, diga-se de passagem. Cale não parece ter envelhecido, ele parece ser exatamente o que sempre foi. Ou melhor: ele sempre foi velho, mesmo aos 20 anos. Natural que envelhecesse com classe.

De novo ao piano, ele rendeu “Chasing Ghosts” antes de entrar em sua parceira com Brian Eno, Cordoba. “Quando estava gravando o disco Wrong Way Up com Brian Eno, às vezes não tínhamos idéias para as letras. Então entrávamos na enorme biblioteca de Brian e ficávamos passeando pelos livros. Até que encontrei um livro de exercícios de inglês para quem fala espanhol. Essa letra era o Exercise 24 do livro, cujo nome íamos manter. Mas aí eu vi uma matéria sobre um terrorista espanhol chamado Cordoba e batizei-a com este nome”. Depois de “Cordoba”, ele volta aos anos 70 – “essa é do Elvis Presley” – em sua personalíssima versão para “Heartbreak Hotel”, que perdeu os toques de soul music da versão do disco Slow Dazzle, de 75, e aparecia sóbria. Fechando o show, ele atacou “Fear is the Man’s Best Friend”, transformando o teclado piano num instrumento de percussão e destruindo a própria garganta de tanto berrar. Aplaudido de pé, voltou para o último número: uma versão para “Hallellujah”, de Leonard Cohen. Cale se despediu com um sorriso nos lábios. Um acústico e individual, mas com tanta energia e vigor quanto o outro melhor show deste ano, o dos Chemical Brtohers