Dorgas ao vivo

Filmei o Dorgas na quinta passada tocando a minha música brasileira favorita desse ano, “Loxhanxha”. O som tava meio embolado, mas o show foi bem massa.

Flying Lotus em São Paulo

O produtor favorito de Thom Yorke baixa por aqui no meio de agosto, em dois shows organizados pela Metanol.fm. Se liga no nível do cara:

Rio de Janeiro e São Paulo: as cidades mais caras das Américas

Deu no FT:

São Paulo and Rio de Janeiro soared up the rankings this year to 1oth and 12th place worldwide (from 21st and 27th last year), making them the most expensive cities in the Americas, north or south.

Se liga:

Isso deu pra sentir na pele na viagem: uma refeição em Londres não aparentava a facada que parecia ser se comparada aos preços paulistanos. Bizarro isso.

Enquanto estive fora: Jon Spencer Blues Explosion no Brasil

E por falar em Royal Trux, que tal essa? Vai ser um show fodaço, ainda mais por ser no Bourbon Street, no final do mês.

Acima, o vídeo que fiz dos caras quando eles tocaram no aniversário de 21 anos da Matador, em Las Vegas.

Chegar chegando: Analógico/Digital – Alexandre Matias x Camilo Rocha

E aí, ansiedade? Taquicardia? Disforia? Irritabilidade? Insônia? Náusea? Hipertensão? Até consigo imaginar os sintomas da síndrome de abstinência do Trabalho Sujo. O site só volta à ativa de fato na próxima segunda, dia 10, mas já nessa quinta-feira começo a matar as vontade pessoalmente, quando coordeno a primeira Analógico/Digital sem os meninos do Veneno Soundsystem. E sempre que a minha versão da festa ocorrer, acontecerão duelos – o primeiro deles, pra chegar chegando, é com ninguém menos que o bróder e mestre Camilo Rocha, que chega pra dividir os discos comigo, na primeira vez que discotecamos juntos. Quem fez o flyer foi o compadre Jairo. E se você quiser ir sem pagar nada, deixa seu nome e email aí nos comentários que até às 19h da própria quinta eu te aviso se dá pra você entrar no Alley na faixa. Bora lá?

Analógico/Digital | Alexandre Matias x Camilo Rocha
Quinta-feira, 7 de julho de 2011
Alley Club: Rua Barra Funda, 1066. Barra Funda. São Paulo. Telefone: 3666-0611
A partir das 23h
Preços: R$ 30,00 de entrada (entrada gratuita das 23h às 0h com apresentação do cupom disponível no site do Alley – ou com nome na lista, comente esse post e deixe seu email para contato posterior)

Gainsbourgaço: Um réquiem para um escroto

Les Provocateurs no Centro da Cultura Judaica
18 de junho de 2011


Les Provocateurs – “New York U.S.A.” / Les Provocateurs + Bárbara Eugênia – “Roller Girl”


Les Provocateurs + Andrea Merkel – “L’Helicoptère”

Que beleza essa banda que o Scandurra reuniu para celebrar Serge Gainsbourg. Um dos artistas de seu país mais importantes do século 20, Serge vem sendo reavaliado constantemente desde sua morte, há vinte anos, quando deixou de ser o hitmaker provocador de plantão, uma mistura de Sullivan & Massadas com Carlos Imperial com uma queda pesada por gatas e meninas novinhas, que usava a escrotice de sua obra como medida para sua reputação. Em vida, passou por altos e baixos, porres e pés-na-bunda, hits nacionais, discos conceituais e vexames autoconscientes em programas de TV, sempre saindo-se como um fanfarrão, um canalha, um vilão, um palhaço. Pop por todos os poros, abandonou o jazz quando viu que conversava apenas com uma panelinha de intelectuais esnobes e abraçou a música pop com a devoção de um pai, buscando maneiras de traduzir a tensão entre o amor e o sexo da forma mais escancarada possível para toda uma geração de novos ouvintes.

Como autor, Serge foi muito além da música. Músico, cantor e compositor, extrapolou tais funções para assumir-se um artista da própria personalidade – profissão: bon vivant -, e criou uma casca dura para encarar o resto do mundo. Foi assim que aproximou a música francesa da música africana, que diluiu a melodia da chanson para o pop mais trivial possível (o yé-yé, como era conhecido no país), assumiu a dance music pós-discoteca como campo autoral e flertou com o reggae e o hip hop – inventando, basicamente, a música pop francesa atual, em diferentes momentos de sua carreira. Foi assim também que ladeou-se de algumas das deusas mais extraordinárias de seu tempo, extraindo-lhes valor musical como se isso fosse apenas um detalhe – um Andy Warhol parisiense, afinal. Foi assim que sussurrou um orgasmo feminino nas rádios do mundo todo e conseguiu ser autor da música francesa mais conhecida do século 20. Foi assim que dirigiu filmes, comerciais de TV, atuou, deu entrevistas, queimou dinheiro e disse, na cara dela, que queria comer Whitney Houston, e escreveu um livro sobre um sujeito que descobre-se um compositor de sinfonias de peido. E isso fumando sem parar.

“Sujeitinho desagradável”, escarneceria-lhe o século 21. Seculozinho de merda esse que estamos vivendo, não? Isso há de mudar. ZOL.


Les Provocateurs + Crioulo Chris- “Le Poinçonneur des Lilas”


Les Provocateurs + Juliana R.- “Les Sucettes” / Les Provocateurs + Alex Antunes – “Requiem pour un Con”

Mas felizmente há quem carregue sua chama para estes tempos obscuros de totalitarismo politicamente correto e de reaças disfarçados de politicamente incorretos – e um de seus fiéis súditos é o guitarrista Edgard Scandurra, que, seduzido pela cultura francesa, montou uma banda para tocar em seu bistrô (ou teria sido o contrário?) e chamou alguns bambas e chapas pra incrementar o tributo. Batizada de Les Provocateurs, a banda se reuniria mais uma vez para um grande espetáculo, uma espécie de versão Mr. Hyde para o comportado e solene tributo que a Orquestra Imperial fez ao compositor em setembro de 2009, no Sesc Pinheiros.


Les Provocateurs + Blubell – “Le canari sur le Balcon” / “Contact”


Les Provocateurs + Crioulo Chris – “Aux Armes et Cætera”

Pra começar, o fato de ser orquestrado por um guitarrista de banda de rock transforma o Provocateurs em um ensemble mais agressivo e intenso que a exibição de gala regida pelo maestro Jean-Claude Vannier, que dirigiu a Orquestra no show de dois anos atrás. Era inevitável que, sempre que a música permitia, Scandurra deslizasse em direção ao rock psicodélico, a seus clássicos solos que fundem Hendrix, Townshend, Jeff Beck e acordes de soul music, pesado e contido, músico único na paisagem nacional. Isso tornava a entrada dos crooners mais natural, era mais show do que apresentação, mesmo que o público estivesse confortavelmente sentado no belo e amplo teatro do Centro de Cultura Judaica, ali do lado do metrô Sumaré.


Les Provocateurs + Andrea Merkel + Crioulo Chris + Juliana R. -“Ballade de Melody Nelson” / “Valse de Melody” / “Ah! Melody” / “L’Hôtel Particulier”


Les Provocateurs + Fausto Fawcett- “Love on the Beat” / “No Comment”

(A descoberta desse lugar merece um parêntese. No lado menos badalado da Oscar Freire, o Centro fica escondido do lado da estação do metrô e é um pequeno oásis encravado bem na pontinha do morro que começa na Doutor Arnaldo, o mesmo da Paulista. Com um teatro confortável e aconchegante, ele é uma opção elegante e aprazível a ser desbravada pela vida cultural da cidade – e é do lado do metrô!)


Les Provocateurs + Fausto Fawcett- – “Sea, Sex & Sun”

A noite começou com um pequeno curta sobre Gainsbourg, em que ele falava sobre a diferença entre a musica que fazia na época e que a fazia antes de assumir o pop (“dinheiro”, respondia). Depois veio Xico Sá e, como mestre de cerimônias, apresentou-nos à banda depois de ler um longo poema escrito na noite anterior, inspirado em Gainsbourg. Mais longo do que precisava, mas eis o homem, Xico Sá, quem sou eu para censurá-lo (embora haters gonna hate). O trio Suite, que assumiu a apresentação logo em seguida, passeou por um repertório francês pré-Gainsbourg, mas não houve contextualização para sua presença, descrita apenas no programa que era distribuído à entrada. Um bom show, seguido, aí sim, dos Provocateurs de Scandurra.


Les Provocateurs + Rodrigo Carneiro – “Les Amours Perdues”


Les Provocateurs + Crioulo Chris + Bárbara Eugênia – “Bonnie and Clyde”

Além de Scandurra, que ainda canta algumas músicas, a banda é formada por Claudio Fontes na bateria, Henrique Alves no baixo e Astronauta Pinguim nos teclados, além de diversos vocalistas: entre as meninas, as queridas Bárbara Eugênia e Juliana R. formam o trio ao lado de Andrea Merkel, mulher de Scandurra, se não me engano, e revezam-se no papel de musa de Serge: Juliana faz as vezes de France Galle (e de Charlotte Gainsbourg, em “Lemon Incest”), quando Scandurra explora bem sua voz pueril; Bárbara assume vocais que foram de Bardot ou Birkin, de sensualidade conversada, enquanto Andrea faz par, literalmente, com Scandurra por quase todo o show – valsa com o guitarrista no trecho do show dedicado a Melody Nelson e o beija ao final de “Je T’Aime…”.


Les Provocateurs + Crioulo Chris + Andrea Merkel – “69 Année Érotique”

Na ala masculina, Alex Antunes e Rodrigo Carneiro não convenceram ao cantar suas versões abrasileiradas para os hits que, até então, vinham apenas em francês. Conheço o trabalho de ambos para saber que eles se sairiam melhor do que se saíram no sábado. Talvez seja o ambiente teatral que os tenha deixado acanhados, distantes do contato quase íntimo que as vocalistas conseguiam com o público. Em contrapartida, outro vocalista, menos ilustre, roubou a cena. Crioulo Chris (creditado na programação como “francês legítimo”) não apenas segurou com toda a compostura necessária a obra de Gainsbourg como revelou-se um crooner de primeira, seu timbre grave e didático contrapondo-se à sua presença quase discreta, não fossem os dreadlocks (bom) e os solos de air guitar quando Scandurra começava a solar (péssimo). Uma senhora surpresa.


Les Provocateurs + Juliana R.- “Lemon Incest”

O show de sábado foi o primeiro de duas noites (“um Gainsbourgaço”, como definiria mais tarde Fausto Fawcett), com convidados diferentes. No domingo, viriam Thiago Pethit e Wanderléa (alguém filmou?). No sábado, os dois convidados foram Blubell e Fausto Fawcett. Blubell roubou a cena: começou cândida e doce para depois tirar o curto vestido branco de boneca e sair com um collant prateado para cantar a sci-fi “Contact”, hit de Brigitte. Fausto também não fez feio e suas versões em português para os versos de Gainsbourg saíam mais naturalmente do que os cantado por Alex e Carneiro. Mas Fawcett é escolado em Serge, talvez seja o artista brasileiro que mais deve ao mestre francês, por isso sua presença não era apenas uma boa pedida como funcionou perfeitamente, quando Fausto assumiu três músicas menos festejadas de seu ídolo.


Les Provocateurs + Andrea Merkel- “Je T’Aime… Moi Non Plus”

Eis outra característica desse show: a busca por um Serge menos trivial, menos histórico. É inevitável recorrer a alguns hits, mas o repertório foi atrás de músicas menos aclamadas em busca de pérolas escondidas da carreira do sujeito – o que não é pouco. Ao final, a apresentação não apenas fez jus à memória de Gainsbourg como funcionou como mais um tijolo na construção de sua reputação póstuma, uma obra em constante crescimento. Genial.

4:20 + 1

E a Thaís me mandou uma foto de sua cachorra, a Baleia!

A maior valsa do mundo

Flávia manda avisar do flashmob que a Parada Gay quer incluir no Guiness desse ano.

Mais um capítulo do ano 2011 Está na Rua.

Ariel Pink’s Haunted Grafitti + The Pains of Being Pure at Heart em São Paulo

Confirmados no Fourfest, dia 15 de setembro. Boa notícia.

Vinteonze: É rádio!

Peba Tropikal e Maurício Fleury, os 2/3 do Veneno Soundsystem que nunca estão presentes no Vinteonze, baixam nos estúdios Casa Sonora em celebração à primeira quinta-feira que faremos juntos no Alley, com a festa Analógico/Digital (já confirmou sua presença no Feice?). E aproveitamos a vinda dos dois para falar sobre o momento cultural que São Paulo está atravessando hoje – abrindo todos os hyperlinks mentais que um devaneio desses pode permitir -, ao som do disco da Budos Band do ano passado, III.


Ronaldo Evangelista & Alexandre Matias + Maurício Fleury + Peba Tropical – “Vinteonze #0011“ (MP3)