80 anos e dando tudo!

O anúncio da “última canção dos Beatles”, que será lançada na semana que vem com as duas coletâneas clássicas do grupo (a vermelha e a azul) em versões expandidas, é mais um exemplo que a geração baby boom, nascida durante a Segunda Guerra Mundial e responsável por mexer na história da cultura e do comportamento nos anos 60, segue à toda e sem dar sinal de aposentadoria à vista. Nomes como Rolling Stones, Pink Floyd, Roger Waters e os brasileiros Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso e Paulinho da Viola endossam sua vida criativa mesmo entrando na oitava década de vida. Foi sobre isso que escrevi na matéria que fiz nesta quinta-feira para o site da CNN Brasil.

Leia abaixo:  

A despedida dos Rolling Stones

Mick Jagger está com oitenta anos, Keith Richards completa suas oito décadas em menos de dois meses e Ronnie Wood fez seus 76 anos no meio deste ano – e mesmo octagenários os Rolling Stones lançam um de seus melhores discos. Hackney Diamonds, lançado nesta sexta-feira, é o primeiro disco de inéditas do grupo em quase 20 anos e é o melhor disco da banda desde, provavelmente, Tattoo You, lançado em 1981. O grupo sabe disso e não o fez por mera autopromoção – ao cogitar que o novo álbum talvez seja seu último disco de estúdio, os três remanescentes da banda o transformaram em uma grande celebração à sua importância, não apenas subindo o sarrafo para apresentar um repertório bem acima da média dos discos anteriores, como convidando compadres e ídolos para participar desta celebração. Só a mera participação de Paul McCartney tocando baixo em “Bite My Head Off” já desequilibra completamente qualquer balança do mundo pop e todos esperamos o momento de vê-la encarnada em algum palco do mundo num literal museu vivo dos anos 60. Mas o disco ainda traz Stevie Wonder e Lady Gaga numa mesma faixa (a deslumbrante baladaça gospel soul “Sweet Sounds of Heaven”, que foi mostrada ao vivo no show surpresa que a banda fez em Nova York nesta quinta-feira no clube Racket, para 600 pessoas, com a participação da própria Gaga), o baixista original da banda Bill Wyman (o Stone mais velho de todos, já com 86 anos!) e Sir Elton John e encerra com uma versão da banda do blues de Muddy Waters que lhes deu o nome. Fechar o disco superproduzido com uma versão crua para “Rolling Stone Blues” foi a forma nada sutil que o grupo cogitou para encerrar sua carreira em estúdio. Em estúdio! Porque a vida nos palcos continua – esperamos vê-los ao vivo em breve.

Assista abaixo a participação de Lady Gaga no show de lançamento do novo álbum:  

A história do fundador dos Rolling Stones: Brian Jones

Apesar de ter entrado para a história como a banda da dupla Mick Jagger e Keith Richards, a verdade é que os dois que mais tarde encarnariam os Rolling Stones, entraram na banda depois que ela foi fundada – e seu fundador chama-se Brian Jones. Foi o guitarrista loiro demoníaco quem vislumbrou a possibilidade de montar uma banda de rhythm’n’blues elétrico em Londres e até Ian Stewart, eterno tecladista da banda que foi limado da formação original porque o primeiro empresário da banda, Andrew Loog Oldham, o considerava grandalhão demais para um grupo juvenil, tocava com os Rolling Stones antes da entrada de Keith e Mick. A aliança entre o vocalista e o outro guitarrista, que fez o grupo começar a compor suas próprias músicas, foi firmada para contrapor o peso da liderança de Brian, sujeito do novo documentário de Nick Broomfield, que dirigiu Kurt & Courtney (1998), Biggie & Tupac (2002), Whitney: Can I Be Me (2017) e Marianne & Leonard: Words of Love (2019). The Stones and Brian Jones contará a história do ponto de vista do Stone mais elétrico, mais endiabrado e mais ousado dos cinco integrantes originais – e como o peso do sucesso foi lhe tirando a importância dentro de sua própria banda. O filme estreará nos EUA em novembro, não tem previsão de lançamento no Brasil (alô In Edit!) e o primeiro trailer traz imagens inacreditáveis de Jones, veja abaixo:  

O Evangelho segundo os Rolling Stones, com Stevie Wonder e Lady Gaga

No segundo single de seu próximo álbum, Hackney Diamonds, os Rolling Stones não deixaram barato e soltaram logo um gospel de mais de sete minutos que ecoa os clássicos números lentos do grupo, como “Shine a Light”, “Worried About You”, “Winter”, “You Can’t Always Get What You Want” e até “I Just Want to See His Face”. E o clima de igreja de “Sweet Sounds of Heaven” é reforçado pela presença dos convidados ilustres da vez, ninguém menos que Stevie Wonder entre o piano, o piano elétrico e o synth bass (linha que o grupo usou para escrever o arranjo de sopros da faixa) e uma Lady Gaga, que consegue ser simultaneamente protagonista e coadjuvante, ambos apenas reverenciando a importância que sentem em relação ao grupo. Os dois guitarristas da banda – dois dos últimos sobreviventes, Keith Richards e Ron Wood – misturam-se com os convidados como se já tivessem tocado juntos por décadas, deixando terreno e holofote para Mick Jagger brilhar, que aproveita essa luz para celebrar o amigo Charlie Watts: “Abençoe o pai, abençoe o filho, ouça o som dos tambores enquanto eles ecoa pelo vale e explode”. Bom demais.

Ouça abaixo:  

Rolling Stones vindo pro Brasil?!

Calma que ainda é cedo pra cravar, mas o sexagenário grupo inglês já deu uma pista de cara ao anunciar seu primeiro álbum de músicas inéditas em quase 20 anos em uma coletiva nesta quarta-feira. Hackney Diamonds é o primeiro disco com novas composições do grupo desde A Bigger Bang, de 2005. Desde então o grupo só entrou em estúdio para lançar Blue & Lonesome, um disco composto só por versões de blues, em 2016, e os outros discos que lançou eram de gravações ao vivo de diferentes épocas de suas seis décadas de carreira. O novo disco, cujo título faz referência à forma como os cacos de vidro após assaltos a joalheiras eram referidos, deve sair no dia 20 de outubro e já tem convidados de luxo como Lady Gaga, Paul McCartney e Stevie Wonder. O disco ainda conta com as últimas gravações do falecido Charlie Watts e o novo baterista, Steve Jordan, foi uma sugestão do próprio Watts, que morreu em 2021. O novo disco ainda conta com a participação do antigo baixista da banda, Bill Wyman, e deve ter mais convidados anunciados em breve – e resta aquela especulação de que uma das faixas traria McCartney no baixo e Ringo Starr na bateria, no maior supergrupo de todos os tempo. Por enquanto, o grupo – resumido agora a um trio formado por Mick Jagger, Keith Richards e Ron Wood – só apresentou a data de lançamento, a capa do novo álbum e o primeiro single, “Angry”, acompanhado de um clipe estrelado pela atriz Sydney Sweeney, que passeia num conversível entre outdoors que passeiam por diferentes fases da banda. E no finzinho da música, Jagger canta que “ainda tomo os remédios e estou indo pro Brasil”. Estamos esperando:

Assista aqui:  

Vida Fodona #772: Bem na manha

Vem comigo.

Ouça aqui.  

Vida Fodona #766: Meio que uma pajelança

Vamo acender o sol…

Ouça aqui.  

Vida Fodona #754: 16 anos de Vida Fodona

Aos 45 minutos do segundo tempo do mês de fevereiro.

Ouça aqui.  

Clássicos internacionais de 1972 – Parte 3

Encerrando o especial que fiz no site da CNN Brasil sobre discos estrangeiros clássicos que completam 50 anos em 2022 ainda influentes, falo sobre o melhor disco dos Rolling Stones, a coletânea que apresentou a música jamaicana para o mundo, o disco de estreia da banda que inventou o art rock, uma das obras-primas do papa do glam rock, o disco em que Stevie Wonder mostrou sua maturidade e o disco definitivo de rock progressivo.  

Vida Fodona #752: Eu sei, tô devagar

Deixa que eu vou na manha…

Ouça aqui.