Titãs e Rick Bonadio = lixo

Sim, essa é o resultado da decana banda paulistana com o produtor dos Mamonas Assassinas e do CPM 22. É triste ver esse que já foi um dos grupos mais importantes da história do rock brasileiro chafurdando-se na lama alheia com tanto gosto. Vai tocar no rádio? Claro, porque é música da novela. Os caras vão ganhar dinheiro? Sim, essa é a especialidade da música produzida por Bonadio (não todas, afinal seu toque de Midas – um toque de merda, na minha opinão – funciona na base de atirar pra todos os lados, vai que pega em algum alvo).

Fico pensando no trabalho psicológico que cada titã deve fazer individualmente para continuar tocando músicas desse naipe – algo que deve ter começado na época do deprimente Acústico (lançado há DOZE anos): “A música é uma merda, mas eu estou nessa desde o começo, sou um titã, esse é o meu trabalho, não posso largar isso agora”. E isso bem depois da banda ter lançado um documentário coberto de elogios e tom nostálgico, A Vida Até Parece uma Festa.

Acredito que os Titãs poderiam lançar um disco bom (embora irrelevante – e aí está a chave do problema), mesmo sem Arnaldo, Nando e Frommer – se não fossem tão inseguros como foram ao chamar o Jack Endino para fazer o “disco grunge” dos caras, Titanomaquia. Mas nenhuma música do disco de 93 consegue ser tão deprimente quanto essa música nova. Eles vivem um dilema entre ser uma banda conhecida, rentável, popular e adolescente ao mesmo tempo. Se optassem por um esquema lo-profile, poderiam até lançar algo que preste. Mas, desse jeito, segue a teoria do Vlad de que o Titãs é tipo aquele tio gordo que, nas festas de família, grita “ah, eu tou maluco” e canta “Robocop Gay” no karaokê. Uma espécie de Márcio Canuto do rock.

Vale aquele papo de que um dos problemas do Brasil é que as bandas não sabem a hora de acabar.

Dogão é mau!

Rick Bonadio deu uma entrevista inacreditável ao Bezzi:

Como foi o seu início na música?
Estudei música clássica, regência, entrei na USP, mas queria fuçar em estúdios. Minha mãe era costureira e professora de piano e quando fiz 16 anos me emprestou US$ 5 mil para eu abrir um estúdio no quintal de casa. Montei uma dupla de rap no início dos anos 80, Rick e Nando. Todo mundo pensava que era uma dupla sertaneja (risos). Imagina tocar rap nessa época. Mas foi assim que conheci o (o produtor e jurado de Astros) Arnaldo Saccomani. Foi aí que comecei a produzir.

Nesse começo, você produziu a dupla de palhaços Atchim e Espirro. Como alguém que veio do rap foi produzir dois palhaços?
Eu não era preto e não vivia na galeria no centro da cidade. Gostava era da música. A ideia do Atchim e Espirro era fazer uma coisa mais eletrônica, com umas baterias mais programadas. Modernizamos o Atchim e Espirro.

E você produziu junto ao Rafael Ramos o primeiro disco do Los Hermanos. Gostaria de voltar a trabalhar com eles?
Nunca. Los Hermanos é insuportável. A banda mais chata que eu já ouvi na minha vida. Naquele primeiro disco que eu produzi eles não eram. Depois piraram.

Mas o que aconteceu?
Eles têm talento, mas uma visão que não tem nada a ver com a minha. São muito pretensiosos. Acham que são muito mais talentosos do que são. Eles renegam Anna Julia, mas se não fosse por essa música não estavam aí. Quem renega o que já fez na vida, comigo não vai funcionar.

E agora você está com os Titãs.
Cresci ouvindo o disco deles e sempre deixei claro que os considero a maior banda de rock do Brasil. Era um sonho produzi-los.

Mas tem como tirar algo novo de uma banda que está prestes a completar 30 anos?
Eles têm um talento inesgotável. Eu não quero fazer mais um disco dos Titãs, não quero que seja igual aos outros. Acabei propondo um lance eletrônico e eles aceitaram imediatamente, mexi nas bases. Tem música que não tem bateria, músicas com vários elementos eletrônicos. É um exemplo de como saber amadurecer e ainda manter essa consciência profissional. Eles são éticos com o som deles, mas não são burros.

Lembrando que Rick Bonadio é o nome por trás de grandes sucessos do passado recente da música brasileira, como Mamonas Assassinas, CPM 22, Rouge, Charlie Brown Jr. e NX Zero.