Bob Fernandes, o Movimento Passe Livre e o transporte público em São Paulo

Com a palavra, meu comentarista político preferido:

Rafucko segundo Caetano Veloso: “O Daniel Cohn-Bendit de 2013”

rafucko

Mundos se chocam quando Caetano Veloso resolveu comentar os protestos contra o governador Sérgio Cabral no Rio de Janeiro em sua coluna n’O Globo deste domingo. No meio de um comentário sobre a estética dos Mídia Ninja (Caetano, né?), ele joga os olhos pra cima do Rafucko:

Na verdade, Arto me enviou três links: dois da Mídia Ninja (suponho: o segundo se chamava ninja2) e um do Black Bloc. Este no Twitter. Havia uma série de posts criticando a polícia, ridicularizando o governador, atacando a imprensa — sobretudo a TV Globo — e estimulando os eventuais leitores a protestar na chegada do Papa. As imagens da ninja1 eram puro expressionismo abstrato, com fragmentos sucessivos de objetos inidentificáveis captados em meio a algum movimento — embora o som fosse claro e inteligível. A pessoa que segurava a câmera comentava o que via. A truculência da polícia, sua covardia, era sublinhada. Fui para a ninja2. A imagem era mil vezes melhor. O câmera-narrador também frisava que a polícia atacara sem muita razão para isso. Era bastante bonito porque o jeito desse narrador era o de um partícipe, não o de um repórter externo ao ato ou isento. Sentia-se o gosto da aventura. Tudo muito juvenil. Ao lado das imagens corriam posts curtos com perguntas, encorajamentos e observações. “Bombinha de São João. Nada comparado às bombas deles”. Uma moça se aproxima e diz, emocionada: “prenderam o Rafuco”. Ao que o câmera e seus próximos reagem com preocupação. Logo vejo nos posts que o nome se escreve Rafucko: todas as pessoas que postam o conhecem. Uma se oferece para consolá-lo. Imagino que seja o Cohn-Bendit de 2013. Todos decidem ir para a 14ª DP, para onde Rafucko tinha sido levado. Na porta, em meio à confusão, um pai que veio buscar o filho que fora preso diz que há manipulação política e que Garotinho está por trás da incitação à baderna. Ligo a TV e vejo o contraponto na GloboNews. No Panamá, armamento pesado (e antiquado) foi encontrado em navio norte-coreano vindo de Cuba. Depois acho o Rafucko na web. Muito engraçado e muito legal. No link do Black Bloc vejo um vídeo do cara “viciado em manifestação”. Uma amiga (ou irmã) tenta libertá-lo da compulsão com gás lacrimogêneo numa bombinha para mantê-lo em casa. Ele repete slogans.

E assim, numa canetada, um humorista de internet torna-se o equivalente à face pública dos acontecimentos de maio de 1968 em Paris – mesmo que seja só ironia, é forçar a barra. Afinal, tudo que Rafucko fez foi ser preso durante um protesto – e usar sua pequena fama online para denunciar isso:

Cuidado Rafucko, senão já já você vira tema de canção…