17 de 2017: 4) Segundamente

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A primeira curadoria que exerci em 2017 começou no ano anterior, quando a Keren me chamou para assumir o papel de curador de música do Centro da Terra. Para mim o desafio era simples mas ao mesmo tempo complexo: chamar artistas para valorizar o espetáculo e criar novos projetos a partir do próprio local (ele mesmo uma viagem para dentro, como o próprio tom do meu 2017). Uma matemática irracional me fez criar o projeto Segundamente, em que artistas têm quatro segundas-feiras para criar um projeto próprio, de preferência inédito. Assim, tivemos os 15 anos de carreira do Tatá Aeroplano em março, o Chega em São Paulo de Negro Leo em abril, o Mergulho de Tiê em maio, o Depois a Gente Vê de Thiago França em junho, o Na Asa de Luísa Maita em julho, o Música Resiliente em Camadas Lentas do Maurício Takara em agosto, o Mete o Loco de Rafael Castro em setembro, o Persigo SP de Saulo Duarte em outubro e o Enfrente de Alessandra Leão em novembro, além dos shows individuais de Iara Rennó (Feminística), Luiza Lian (Oyá: Centro da Terra) e Papisa (Tempo Espaço Ritual), nos meses com cinco segundas-feiras. Foram meses de aprendizado e preparo, intensos e emocionantes, com o desafio de fazer o público da região do Sumaré sair de casa nas segundas-feiras para ver shows que não veria em nenhum outro lugar. Ainda teve o sensacional encontro com todos estes artistas na primeira segunda de dezembro, provando que a música vibra sem precisar de regras ou planos. É só deixar rolar. Agradeço imensamente a todos os artistas que convidei e também a todos que foram convidados por estes artistas, transformando o Centro da Terra em um núcleo de produção musical avançada numa época em que fazer cultura parece ser subversivo – porque talvez o seja.

Segundamente 2017

Encerramos o primeiro ano do projeto Segundamente no Centro da Terra convidando quase todos os músicos que encabeçaram espetáculos nas segundas-feiras para um grande encontro (mais informações aqui).

Papisa 2017: “Pressa compulsiva pra onde for”

papisa

Rita Oliva aos poucos vai estruturando seu primeiro álbum com sua persona Papisa. Depois de dar o primeiro passo com o espetáculo Tempo Espaço Ritual no Centro da Terra, ela começa a mostrar as novas músicas – e lança “Pressão”, uma das músicas apresentadas em sua aparição no Segundamente – com forte influência psicodélica e eletrônica.

Papisa: Tempo Espaço Ritual

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Rita Oliva vem pouco a pouco assumindo a personalidade Papisa, que assumiu desde que se lançou em carreira solo, no final do ano passado, depois de sair das bandas Cabana Café e Parati. A nova persona a conecta com o sagrado feminino e eu a convidei para realizar um show único dentro da programação do Segundamente, no Centro da Terra, no final deste mês. Ela aproveitou o iminente início do verão para transformar seu espetáculo em um ritual feminino, com a presença das instrumentistas Laura Wrona (voz, percussão e efeitos), Luna França (teclado e voz), Sílvia Tape (teclado e voz) e Larissa Conforto (percussão). Falei com ela sobre esta nova fase, inaugurada como o espetáculo Tempo Espaço Ritual, que acontece no dia 30 de outubro de 2017, no Centro da Terra.

O que é Papisa?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/papisa-tempo-espaco-ritual-o-que-e-papisa

É uma personagem?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/papisa-tempo-espaco-ritual-e-uma-personagem

Fale sobre o conceito de Tempo Espaço Ritual.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/papisa-tempo-espaco-ritual-fale-sobre-o-conceito-de-tempo-espaco-ritual

Quem te acompanha nesse processo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/papisa-tempo-espaco-ritual-quem-te-acompanha-nesse-processo

Qual é o papel do espetáculo na nova fase da sua carreira?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/papisa-tempo-espaco-ritual-qual-e-o-papel-do-espetaculo-na-nova-fase-da-sua-carreira

Fale sobre o significado da data para Tempo Espaço Ritual.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/papisa-tempo-espaco-ritual-fale-sobre-o-significado-da-data-para-tempo-espaco-ritual

Como você acha que este espetáculo influencia sua carreira daqui para frente?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/papisa-tempo-espaco-ritual-como-este-espetaculo-influencia-sua-carreira-daqui-para-frente

Ave Papisa

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Ex-integrante das bandas Cabana Café e Parati, a cantora Rita Oliva assumiu a carreira solo no ano passado, quando se reinventou como o nome de Papisa: “Papisa surgiu a partir de uma investigação pessoal, e ela se relaciona com o universo feminino pela simbologia, o próprio nome representa um arquétipo”, ela me explica, falando de um projeto que soa igualmente místico e pop. Depois de lançar um EP e fazer shows que chamaram atenção, ela agora prepara-se para entrar em um novo estágio da sua carreira, começando a trilhar o caminho para o primeiro álbum. “A concepção e gravação do EP foi uma experiência nova para mim, já que inaugurei meu projeto solo e gravei a maioria dos instrumentos, e os shows que tenho feito em formato solo também são. Estou trabalhando no disco, mas sigo fazendo shows paralelamente. Quero que os shows moldem a concepção do disco, e vice-versa”, continua. É assim que ela lança o clipe de “Intuição” em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.

“Meu plano de fazer o clipe de ‘Intuição’ coincidiu com o convite da Tatá (Leon), que é professora e produtora de moda e fez o figurino no clipe, depois que ela viu um show da Papisa e propôs que fizéssemos um vídeo junto com a Manoela (Chiabai), uma das diretoras”, conta Rita. “A gente desenvolveu o conceito junto com a Renata (Chavs), a artista que pintou a mandala na parede do estúdio onde o projeto nasceu. O processo todo foi muito baseado em sensibilidade, em quais sensações a música causa na gente, e em como poderíamos trazer essas sutilezas para a linguagem de vídeo. E seguimos nessa linha no clipe, nos inspirando em deusas da mitologia, partindo do princípio que elas se manifestam na psique feminina como arquétipos. Como a ideia era que eu incorporasse as figuras, chamamos o Johnny pra fazer a preparação de corpo. Ele trouxe uma espécie de meditação guiada que me despertou memórias, e conforme eu contava minha percepção e como eu me sentia a respeito delas, fomos estudando como as deusas se manifestavam no corpo. Foi uma experiência bem interessante que mexeu bastante comigo. Em paralelo, buscamos caracterizar e ambientar essas personagens com figurinos, ângulos de câmera e cenários diferentes. A equipe toda que participou do clipe foi fundamental, e o clima das filmagens também criou um campo pra que a gente pudesse trabalhar de um jeito intuitivo, deixando as cenas fluírem.”

É um rumo que ela deixa que trilhe seu próprio sentido: “A experiência, no sentido de explorar os sentidos e as percepções, é um ponto que me interessa muito e é um caminho que busco com a Papisa”, conclui a cantora, que tem shows marcados para este fim de semana – toca nessa sexta em Petrópolis (mais informações aqui), no sábado em Vitória (mais informações aqui) e domingo no Rio de Janeiro (mais informações aqui).