As 75 Melhores Músicas de 2016 – 54) Arthur Verocai + Mano Brown – “Cigana”

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“Vire a página, seque a lágrima, não demonstre sua dor”

As 75 Melhores Músicas de 2016 – 60) Mano Brown + Don Pixote + Seu Jorge – “Dance, Dance, Dance”

“Longa metragem da dor”

Os 75 Melhores Discos de 2016 – 33) Mano Brown – Boogie Naipe

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Boa noite, São Paulo.

Verocai + Criolo + Mano Brown

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O mestre Arthur Verocai, um dos maiores arranjadores de nossa música, está lançando um dos raros discos com seu próprio nome, que segue a linha do único – e cultuado – álbum de 1972. No Voo do Urubu reúne nomes como Seu Jorge, Danilo Caymmi, Vinícius Cantuária, Mano Brown e Criolo e os dois últimos puderam comparecer nos shows de lançamento que o maestro fez neste fim de semana, no Sesc Pinheiros, em São Paulo, ao lado de uma pequena orquestra de cordas e sopros. Filmei o momento em que Brown e Criolo dividiram o palco com o mestre.

No Voo do Urubu é um dos grandes discos de 2016.

Mano Brown chega chegando

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Mano Brown, o cabeça dos Racionais MCs, começa a mostrar seu primeiro disco solo – Boogie Naipe – em que ele cai de cabeça no soul. Ele já havia dado uma amostra do que vem por aí no single “Amor Distante” e esta música – já conhecida dos fãs dos Racionais em apresentações ao vivo ou gravações não-oficiais – dá o tom do disco, cujo principal foco é o soul e o R&B. Quase o tempo todo ao lado de seu novo fiel escudeiro Lino Krizz, Boogie Naipe, que será lançado nesta sexta-feira, conta com várias participações especiais (Hyldon, Seu Jorge, Carlos Dafé, Wilson Simoninha, Max de Castro e Leon Ware, entre outros), além de oficializar outras músicas já conhecidas do público (como “Lois Lane”, “Boa Noite São Paulo” e “Mulher Elétrica”). O disco já está em pré-venda nas plataformas digitais e sai nessa sexta-feira e o MC participa de um bate-papo online nesta quinta, 8, conversando com os fãs (mais informações aqui). Veja a capa e a ordem das músicas a seguir:

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“Sinta-Se Bem Com o Boogie Naipe (feat. Wilson Simoninha)”
“Gangsta Boogie (feat. Lino Krizz)”
“Mal de Amor (feat. Lino Krizz & Ellen Oléria)”
“Boa Noite São Paulo (feat. William Magalhães & Lino Krizz)”
“Mulher Elétrica (feat. William Magalhães)”
“Foi Num Baile Black (feat. Hyldon & Lino Krizz)”
“Lois Lane (feat. Seu Jorge & William Magalhães)”
“Dance, Dance, Dance (feat. Don Pixote & Seu Jorge)”
“DJ Vitória Rios”
“Flor do Gueto (feat. Lino Krizz & Max de Castro)”
“La Onda (feat. Lino Krizz & Nelson Conceição)”
“Nova Jerusalém (feat. Lino Krizz, Mara Nascimento, Carlos Dafé & Dado Tristão)”
“Nave Mãe (feat. Lino Krizz & Ellen Oléria)”
“Por Mim e Nāo por Elas”
“Adicto (feat. Dado Tristão)”
“Felizes / Heart 2 Heart (feat. Leon Ware)”
“Amor Distante (Rap Mix) (feat. Lino Krizz)”
“Amor Distante (Blues Mix) (feat. Lino Krizz)”
“De Frente pro Mar (feat. Lino Krizz)”
“Você e Eu… Só! (feat. Lino Krizz)”
“Boogie Naipe, Baby! (Ao Vivo)”
“Felizes”

Mano Brown soulman

Foto: Marcelo Pretto (UOL)

Foto: Marcelo Pretto (UOL)

O rosto e a voz dos Racionais MCs está prestes a caminhar para além do rap. Mano Brown está prestes a lançar seu primeiro disco solo e acaba de mostrar um trechinho do primeiro single, “Amor Distante”, em que entrega-se ao soul e ao R&B, ao lado do rapper Lino Crizz.

Tudo indica que é a mesma versão que já circula online há um tempo (mas será que vão manter a segunda parte blueseira?):

O rapper conversou com o Tiago Dias lá do UOL (grande entrevista) sobre a mudança musical de sua carreira solo:

Tem 3 ou 4 tipos de música que comanda o mercado e não é na direção delas que eu estou indo. Se eu for abençoado em criar outra opção na indústria, glória a Deus, mas eu não estou indo na direção das outras. Apesar da gente acabar disputando o mesmo público. Qual o público do sertanejo, do samba, do outro barato? O pessoal da favela. Então todo mundo disputa o mesmo público. Está lançada a sorte, não tem nada garantido. O trabalho do Racionais tem força própria, entende? Já compreendi isso. Quem sou eu para dizer que o Racionais é mais isso ou aquilo. O Racionais pertence a essa multidão que ajudou a colocá-lo lá em cima. E o Mano Brown continua sendo leal a esse povo. Eu sou romântico, apaixonado pelo ser humano. Acima até da própria causa é o ser humano. A causa é pelo ser humano.

Vale ler a entrevista na íntegra.

Como Mano Brown descobriu a força do hip hop

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Na carta Uma História de Várias Vidas, reproduzida abaixo, Mano Brown conta como ele conheceu o hip hop e como essa cultura o transformou em quem ele é hoje. O texto foi escrito para a apresentação do especial Hip Hop Brasil, da revista Caros Amigos, editado pela Nina Fideles, que pode ser lido online neste link.

Uma História de Várias Vidas
Por Mano Brown

Nasci de novo quando conheci o rap nacional. Não passei por apenas uma transformação, outra vida me foi dada. Saí do ostracismo, do anonimato total e conheci outro lado. Não tinha política nenhuma, a gente não queria ser nada, queria só cantar, se divertir e arranjar uma namoradinha.Eolance de querer cantar já dá uma vida nova, uma direção; você sair de uma porta de bar às 14h e ir para casa escrever uma letra. Na quebrada era isso, eu ficava no bar, com os caras, não tinha muita escolha. Qualquer paixão me divertia.

Essa visão politizada veio depois, até considerando nossa idade. Eu mesmo tinha 18 anos. A gente conheceu uma pessoa logo no começo que fez a diferença: Milton Sales. Ele tinha toda a bagagem política de outras bandas. E ainda havia todo aquele momento político começando… Final de ditadura, Diretas Já, democracia. Estes caras eram muito apaixonados, e nós éramos adolescentes. Eu tinha noção zero de política.

O Milton falava: “Vocês são bons, vocês poderiam usar este ritmo, este talento para orientar as pessoas. Tipo o Bob Marley na Jamaica…” E naquele momento éramos os caras para conduzir as ideias dos mais velhos, que não tinham acesso à molecada. Tudo era muito novo e começou a fazer parte do que a gente fazia. Milhões de portas se abrindo para um cara que sempre teve todas as portas fechadas.

Na sequência, vinha o Public Enemy. Foi o mesmo que ver o surgimento do Pelé para o moleque que jogava futebol. E tudo aquilo que o Miltão falava, os caras do movimento falavam, e eu não sabia fazer, os caras do Public Enemy já faziam bem demais. Foi o nocaute. Isso tudo antes de existir os Racionais, foram dois anos muito longos. Nesta fase tive muita chance de morrer, de não ter me tornado nada. Eu cantava, mas nada com compromisso. Ganhei concursos, tinha talento para ritmo, era sambista, sou ritmista, e era tudo muito natural, eu só não tinha boas ideias, não era um letrista, era um “cabeça de bagre”.

A gente se divertia, era uma coisa que a gente queria fazer. Eu era um cara confuso, liderando um movimento sem saber, com 20 anos. A ficha caiu agora aos 40 anos, e percebo que nada é perfeito. Estamos no planeta Terra, e não existe felicidade plena.

Acredito que qualquer coisa feita por obrigação flerta com ditadura, com imposições, com o conservadorismo, flerta com cadeia e prisão. Liberdade é liberdade, faz se quiser, se sentir. Um rapper político com más intenções pode ser tão ruim quanto ou pior do que um político de carreira. Você saber que tem domínio sobre as pessoas e usar aquilo é muito perigoso. Hoje minha música está mais livre, eocompromisso está na minha alma. Não preciso colocar no outdoor, fazer panfletagem, nem fazer a mente de ninguém. A internet taí, a informação taí, dá para buscar.

Eu não mudo, mas não exijo. Faço da mesma forma que fazia, com muito amor, muito respeito, ousadia e alegria. O rap é linguagem universal. Se quiser entender, vai ter que conviver, eu não traduzo. Não sou perfeito, não quero ser e já descobri que estou longe disso. Mas não fiz nada que meu coração não quisesse que eu fizesse.

O rap e o Hip Hop não fizeram nada sozinhos. A transformação foi visível. Orgulho próprio, forma de encarar, forma de se vestir, forma de abordar o outro. Em cada fase a gente ocupou um espaço que não ocupava. Foi muito importante, mas vestir a capa de super-herói realmente não nos cabe, porque existem outros anônimos que não ostentam nada, que não vão para a capa do disco e que não são reconhecidos à altura.

Vi no RND.

Vida Fodona #518: Vida Fodona de amigo oculto

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Tirei a Carol no amigo oculto da firma e ela levou esse Vida Fodona de presente.

Bárbara Eugenia + Rafael Castro – “Pra Te Atazanar”
Ryan Adams – “Style”
Grimes – “Flesh Without Blood”
Weeknd – “Can’t Feel My Face”
Kendrick Lamar – “Alright”
Instituto + Karol Conká + Tulipa Ruiz – “Mais Carne”
Chairlift – “Ch-Ching”
Jamie Xx + Young Thug + Popcaan- “I Know There’s Gonna Be (Good Times)”
Hot Chip – “Started Right (Joe Goddard Disco Remix)”
Tame Impala – “Let It Happen (Soulwax Remix)”
Mano Brown + Naldo Benny – “Benny & Brown”
Emicida – “Salve Black (Estilo Livre)”
Diogo Strausz – “Narcissus”
Elza Soares – “Pra Fuder”
BNegão + Os Seletores de Frequência – “Giratória (Sua Direção)”
Bixiga 70 – “100% 13”
Deerhunter – “Snakeskin”
Mark Ronson + Bruno Mars – “Uptown Funk”
Anitta – “Bang!”
Will Butler – “Anna”
Unknown Mortal Orchestra – “Ur Life One Night”
Toro y Moi – “Empty Nesters”
Supercordas – “Sinédoque, Mulher”
Siba – “Mel Tamarindo”
Cidadão Instigado – “Land of Light”
Ava Rocha – “Transeunte Coração”
Boogarins – “Mario de Andrade/Selvagem”
Yumi Zouma – “Second Wave”
Letuce – “Mergulhei de Máscara”
Anelis Assumpção + Amigos Imaginários – “Eu Gosto Assim (Dub Version)”

Vamos?

A senhora Mano Brown

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Bem foda essa entrevista que a Lia fez pra TPM com a Eliane Dias, mulher do líder dos Racionais e empresária da maior banda de rap do Brasil.

Qual é o peso de ser a mulher do Mano Brown?
Um peso enorme. Portas se abrem, portes se fecham. As pessoas me batem muito, me usam muito, se aproximam de mim pra poder chegar no Brown, então sou esse canal. Fiquei mais de 20 anos desconhecida porque nunca quis ser chamada de mulher do Mano Brown, mas não tem jeito, mulher do Brown é mulher do Brown.

Existe preconceito?
Existe. Teve pessoas que foram na Assembleia Legislativa e falaram assim: “Você é a mulher do Brown? Eu vim aqui só pra te conhecer. Mas você é completamente diferente do que eu pensava, achei que você usasse roupa larga, fosse toda cheia de tatuagem”. Porque na Assembleia eu trabalho de salto e roupa social. E as pessoas falam: “Você é muito diferente do que imaginava, você não fala gíria”. Eu nunca falei.

Você não é vida loka…
Sou vida loka porque tendo que encarar o Mano Brown e o Racionais só sendo vida loka. Você pensa que é fácil ser mulher num lugar desse? Não é fácil, não. É encrenca pura, tem que ser muito macho pra viver aqui. A gente enfrenta machismo, as mães perdem seus filhos pro crime, pra bala, pra droga. Você vê as meninas com 12 anos engravidando. E a violência? Pelo amor de Deus, gente. As minhas sobrinhas, quando vão casar, eu converso com os caras e falo: “Se encostar a mão na minha sobrinha vai se ver comigo”. Eu vou pra cima mesmo.

Leia a íntegra lá no site da TPM.

Mano Brown e… Naldo?

O Naldo (aquele, de “Amor de Chocolate” – você sabe, a música do “vodca ou água de coco…”) avisou em sua página do Facebook que está fazendo uma parceria com ninguém menos que Mano Brown.

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Daí deve sair uma daquelas baladas bregosas que o rapper mais conhecido do Brasil tem curtido fazer nos últimos ano. Mas, na boa, pra mim tanto faz.