Calor do norte

Outro encontro de gerações que aconteceu no fim de semana foi quando a paraense Luê chamou seu pai, Júnior Soares, um dos fundadores do Arraial do Pavulagem, para dividir o palco do Sesc Vila Mariana consigo, no primeiro encontro de pai e filha no palco desta última. Luê está lançando o EP 091, mergulho em suas raízes nortistas, que funciona como preâmbulo para o álbum que lança em breve, Brasileira do Norte, em que mistura gêneros caribenhos, amazônicos e latinos na mesma sonoridade pop e dançante – e com sua mágica rabeca sempre à mão. Esse foi o tom do show que aconteceu no domingo e Luê conseguiu aquecer o público com o calor de canções autoexplicativas como “Verão no Pará” e “Dançadeira do Arrozal” mesmo com o frio de quase 10 graus do lado de fora. O show aainda contou com ninguém menos que Felipe Cordeiro nas guitarras e depois Luê chamou o pai para dividir o single que lançaram juntos, “Preamar”, para depois passear pelo repertório paterno – sem esquecer a clássica versão que Beto Maia fez para “Wicked Game” de Chris Izaak, rebatizada de “Lilian”. Noite quente.

Assista abaixo:  

Vida Fodona #792: Aquecer por dentro

Frio nada a ver.

Ouça abaixo:  

Luê deixa cair

lue2019

O encontro da cantora e compositora paraense Luê com o produtor Mateo Piracés-Ugarte, da banda Francisco El Hombre, está começando a causar mudanças em sua carreira. Jogando o foco de suas composições para uma atmosfera jamaicana, ela começa a lançar uma série de singles para experimentar formatos e sonoridades a partir desta sexta-feira (dá pra deixar pré-salvo nas plataformas digitais neste link), quando mostra o primeiro destes frutos, o single “Virou o Zoínho (Viciei)”, que ela antecipa em primeira mão para o Trabalho Sujo.

“O single surgiu depois que a gente ouviu uma música do Wesley Safadão chamada ‘Só pra castigar’, onde ele dá a entender que virar os olhos é o momento do gozo”, lembra a cantora, sobre o começo de seu trabalho com Mateo, “rimos disso e começamos a fazer a nossa versão, que era só uma brincadeira, mas virou música mesmo.” A faixa ainda conta com a participação da cantora Luísa Nascim, vocalista do grupo potiguar Luisa e os Alquimistas: “Ela chegou com um poema lindo em espanhol, sobre corpos em conexão e aquela coisa toda, que ela tinha feito há séculos e não tinha onde usar, encaixou certinho!”

Assim, Luê começou a explorar um novo território temático. “Eu nunca tinha falado disso em música e tem sido bem interessante pra mim esse processo, porque enquanto a música ia nascendo, algumas fichas foram caindo, não só pra mim, mas também pro Mateo e Luisa, sobre a relação com o prazer, nossa relação com o nosso corpo e como nos relacionamos com outro corpo. Falando por mim, eu achava que era sexualmente super livre e coisa e tal, mas percebi que tava condicionada a um sexo raso, onde o prazer do homem é o objetivo, onde a maioria dos caras não sabem o que fazer com o corpo da mulher e são preguiçosos. Nem eu conhecia meu corpo e morria de vergonha de me expressar e hoje pra mim um orgasmo é uma revolução pessoal que me enche de poder.”

“Pessoas são sexuais, acho que é da nossa natureza, mas quando a gente fala de prazer mesmo, para as mulheres o buraco é mais em baixo”, ela continua, “50% das mulheres que têm relações sexuais heterossexuais não chegam ao orgasmo. Às vezes nunca na vida. Não é do interesse do plano de dominação patriarcal que a gente goze, porque uma mulher que goza e compreende seu corpo – e está em paz com ele – é extremamente poderosa. Acho que falar sobre isso é importante pra que uma sirva de espelho para a outra. E que homens também consigam se libertar de seus padrões cansativos que ninguém aguenta mais né?”

Ela também comenta sobre a nova fase. “A ideia é continuar lançando singles e tanto nesse novo quanto nos próximos sou eu dando a cara a tapa e experimentando em outras sonoridades. Cada single um passinho além, gosto dessa inquietação.”

Luê no Centro Cultural São Paulo

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Nesta quinta-feira, às 21h, a cantora paraense Luê convida Siba e Juliana Strassacapa e Mateo Piracés-Ugarte (do grupo Francisco El Hombre) para mostrar músicas de seus dois discos e outras canções na Sala Adoniran Barbosa do Centro Cultural São Paulo (mais informações aqui).

CCSP: Maio de 2019

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Esta é a programação que teremos neste mês de maio pela curadoria de música do Centro Cultural São Paulo…

2 – A cantora cearense Soledad lança seu segundo disco Revoada, com produção de Fernando Catatau – de graça
4 – A Levis comemora o aniversário de sua calça icônica com o 501 Day Festival, que reúne apresentações de Letrux, Tássia Reis, Jaloo e MC Tha de graça a partir das 16h
5Luciana Oliveira mostra seu disco Deusa do Rio Níger a partir das 18h
9 – A banda A Place to Bury Strangers já está com ingressos esgotados (mas eu ouvi falar em sessão extra?)
11 – O sexteto instrumental Labirinto lança seu terceiro álbum (Divino Afflante Spiritu) e grava clipe ao vivo
12 – O rapper Froid vem de Brasília pra mostrar seu disco Teoria do Ciclo da Água
16Arto Lindsay e Rodrigo Coelho apresentam-se na mesma sessão, o primeiro mostra seu disco Cuidado Madame, enquanto o segundo apresenta seu espetáculo Coisas2018, em cima da obra de Moacir Santos
18 – A primeira parte da Virada Cultural no Centro Cultural São Paulo faz Rodrigo Brandão mostrar seu Outros Barato ao lado do trio Azymuth, com alguns convidados surpresa…
19 – A segunda parte da Virada Cultural no Centro Cultural São Paulo traz shows com Quartabê, Luiza Lian, Ava Rocha e Alessandra Leão – além de um espetáculo envolvendo as quatro artistas
23 – Os grupos de pós-punk Duplo (de São Paulo) e Belgrado (de Barcelona) apresentam-se na mesma sessão
24 – A big band Höröyá lança seu terceiro disco, Pan Bras’Afree’Ke Vol.2, de graça no Centro Cultural São Paulo
25 – O trio Mental Abstrato funde rap com jazz e chama Kamau e Stefanie MC como convidados
26Lara Aufranc mostra seu novo disco Eu Você Um Nó, produzido por Rômulo Froes, com abertura da banda Nã em mais um show gratuito
30Luê recebe Juliana Strassacapa e Mateo Piracés-Ugarte, da banda Francisco El Hombre, e Siba para mostrar faixas dos dois álbuns e músicas inéditas

Josyara: Abraça

cartaz Josyara 040219

Maior satisfação em trazer a cantora e compositora baiana Josyara para encerrar o mês de fevereiro no Centro da Terra, que traz uma versão recriada do ótimo disco que lançou no ano passado, Mansa Fúria, no espetáculo Abraça, que conta com as participações da musicista Luê e da atriz Bárbara Santos. “A conversa do show com o disco é o violão”, ela me explica antes do show. “Convidei estas participações justamente pra gente puder revisitar os arranjos do disco e tocar de um jeito diferente. Eu caminho pelo arranjo do disco, mas tô desconstruindo, tocando violão de outra maneira, acrescentando outras ideias”. O show começa às 20h (mais informações aqui), vamos lá?