“Trouxe?”

Pude mais uma vez ver o Jards Macalé esse ano, desta vez corrigindo uma falha que havia deixado passar no primeiro semestre quando ele tocou seu primeiro disco na íntegra no palco do Sesc Pinheiros. Voltando ao mesmo tema agora no palco do Itaú Cultural por três noites seguidas (ainda tem ingressos pro show de domingo, não dê mole), ele trocou de baixista e de baterista (saíram Fabio Sá e Tutty Moreno para a entrada Pedro Dantas e Marcelo Callado), mantendo o guitarrista Guilherme Held, que produziu seus discos mais recentes, como fiel escudeiro destas apresentações. Além do repertório do disco clássico ao lado deste power trio, ele ainda apresentou-se sozinho por três músicas, quando enfileirou a instrumental “Um Abraço do João” (em que ele conta como conversou com João Gilberto durante a pandemia, depois da morte do mestre), “Vapor Barato” (quando lembrou que Waly Salomão não gostava que Gal Costa misturava dinheiro e deus na letra) e “Só Assumo” (uma preferida sua de Luiz Melodia), além de mencionar a passagem do compadre João Donato fazendo uma piada sobre o que João Gilberto teria dito ao buda acreano quando se encontraram no além.

Assista abaixo:  

Filmando Donato

Procurei mas não achei foto minha com o João Donato – puxei pela memória e realmente não lembrei de nenhuma vez das poucas que nos encontramos de termos tirado o clássico selfie que sempre tiro com ídolos e chapas (talvez estivéssemos entretidos com algo no papo, se é que você me entende). Mas cansei de filmá-lo em tudo quanto é lugar: só esse ano pude registrá-lo duas vezes, uma lançando tocando seu último disco Serotonina e outra tocando seu Síntese do Lance com o compadre Jards na Casa Natura, última vez que o vi. O filmei em várias unidades do Sesc, em festivais pelo Brasil, dividindo o palco com vários bambas (Bixiga 70, Tulipa, Marcos Valle, Mariana Aydar) e até no Rock in Rio, mas um show que guardo no coração é uma apresentação que vi dele no mitológico Beco das Garrafas, em Copacabana, tocando seus clássicos ao lado de dois outros monstros, o contrabaixista cearense Jorge Helder e o baterista carioca Robertinho da Silva (que dividiram o palco com os sopros de Roberto Pontes e Jessé Sadoc e vocais de Emanuelle Araújo). Uma noite especial.

Abaixo seguem outros tantos vídeos que fiz do mestre:  

Unidos por João Gilberto

Apesar de ambos serem octagenários, Jards Macalé e João Donato, que apresentaram-se nessa quinta-feira na Casa Natura Musical, são de gerações diferentes. Gravaram juntos há quase dois anos o sensacional Síntese do Lance completamente entrosados, mas os oito anos que os separam eram uma era geológica quando começaram na música – Jards ainda estava aprendendo a tocar seu violão quando Donato já se esbaldava na vida noturna carioca com seu piano. O ponto em comum, relembrado pelos dois, era João Gilberto: um dos primeiros ídolos de Jards tocava nos mesmos palcos que também se apresentava o tecladista acreano quando nem bossa nova existia e a aura do velho baiano pairava sobre a apresentação que fizeram juntos – num momento central do show, literalmente, quando Jards invocou o fantasma de João quando telefonou para seu velho número e recebeu uma canção postumamente (“Um Abraço do João”) seguido de uma canção de Donato que teve sua letra escrita por João (“Minha Saudade”). O entrosamento dos dois músicos era patente, mas a idade faz com que os dois não atravessem toda a apresentação juntos, fazendo sets solo ao lado dos músicos que os acompanhavam (o baixista Guto Wirtii, o baterista Renato Massa Calmon, o trumpetista José Arimatéia e o trombonista Marco Aurélio Tiquinho). Mas o bom mesmo era quando Jards e Donato estavam no palco ao mesmo tempo, celebrando uma música brasileira que ajudaram a transformar. Foi foda.

Assista aqui.  

Vida Fodona #774: Primeiro Vida Fodona de 2023

E um monte de música velha…

Ouça aqui.  

Vida Fodona #769: Naquele clima certo

Vem comigo.

Ouça aqui.  

Quando Jards Macalé ligou para João Gilberto depois de sua morte

Domingo para reencontrar o mestre Jards Macalé com seu já clássico Besta Fera ao lado de uma banda formada por Guilherme Held, Marcelo Callado, Victoria dos Santos, Pedro Dantas e Allan Abadia, no Sesc Belenzinho. Mas quando o velho Macau fica sozinho com o violão e suas histórias, a apresentação vai para outro plano – e ao mostrar a música que fez depois de um telefonema póstumo para João Gilberto, ele só permitiu que a lágrima caísse. Que momento ❤️

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Vida Fodona #754: 16 anos de Vida Fodona

Aos 45 minutos do segundo tempo do mês de fevereiro.

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Os 50 melhores discos de 2021, segundo a APCA

É sempre assim: dezembro chega e com ele as listas de melhores do ano, mas a lista com os melhores de 2021, feita pelo júri de música popular da Associação Paulista de Críticas de Arte (APCA, da qual faço parte ao lado da Adriana de Barros, José Norberto Flesch Marcelo Costa, Pedro Antunes e Roberta Martinelli) só será revelada no início de 2022. Por enquanto, antecipamos os 50 indicados à categoria Melhor Disco, mostrando como, mesmo com todas adversidades do caminho, foi intensa a produção de música neste ano que chega ao fim. Confira os indicados a seguir.  

Vida Fodona #740: Loucaço

Que nem o clima.

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Tudo Tanto #083: Jards Macalé

Que momento! Na minha edição desta semana da meu programa de entrevistas Tudo Tanto, sobre música brasileira, tenho a enorme honra de receber o mestre Jards Macalé, que está cheio de novidades para 2021: um disco em parceria com João Donato, outro em homenagem ao centenário de Zé Kéti, outro instrumental, um festival sobre sua obra no cinema e seis shows que irá gravar ainda neste início de ano. E aproveito a oportunidade para lembrar história dos anos 60, 70, 80… até hoje.

Assista aqui.