Os nomes que faltavam pra fechar a escalação do Terra

Anunciados nessa quarta Interpol, Goldfrapp, Broken Social Scene, Criolo, White Lies e Garotas Suecas se juntam ao Beady Eye, Peter Bjorn & John, Toro Y Moi e Strokes para formar o Planeta Terra desse ano. Deu pra salvar um tanto o festival de uma possível mesmice, mas é a edição mais sem graça desde a criação do evento. Tomara que isso não queira dizer que o festival esteja perdendo a mão – afinal de contas, ele ainda é o melhor evento dessa natureza no Brasil.

Interpol para o Rio Fanzine

Essa entrevista com o Paul Banks eu fiz em 2003:

Etéreo e abrupto

Como grande parte da dita “volta do rock” atual é baseada na regurgitação retrô de elementos do passado recente do gênero (especificamente o período 1979-1982), parece ser difícil resistir à tentação de rotular o Interpol como “o novo Joy Division”. Preguiça, má vontade ou falta de informação: basta ouvir o recente Turn On the Bright Lights e perceber que, fora o timbre grave do vocalista Paul Banks e o ímpeto trôpego da banda quando engata a terceira, há muito mais do que o fantasma de Ian Curtis assombrando as ondas musicais do grupo nova-iorquino.

“Crescemos ouvindo este tipo de música, no meio dos anos 80”, explica Paul, pelo telefone, em meio à parte final da turnê americana de lançamento do grupo, que começou no fim do ano passado. “Por isso é natural que ela reapareça agora. O público que consome este tipo de música hoje é o mesmo que consumia na época – a diferença é que hoje há ouvintes mais novos, que estão sendo apresentados agora a este tipo de som”. Mas além do Joy Division, é possível ouvir todo um séquito de bandas pós-punk que pavimentou o caminho para o grupo. Pelas faixas do disco, que se equilibra entre o etéreo e o abrupto, passeiam timbres e andamentos de nomes como Wire, Cure, U2 no começo, Echo & the Bunnymen, Buzzcocks. O próprio estigma de vestuário – o Interpol se veste com ternos escuros bem cortados – parece vir destes grupos, embora Paul desconverse: “Apenas gostamos de nos vestir bem”.

Além de suas raízes musicais inglesas, a banda ainda bebe na fonte do noise escocês: há My Bloody Valentine e Jesus & Mary Chain nas entrelinhas do jogo de guitarras do grupo, um senso pop digno do Teenage Fanclub em dias de ressaca e não é por acaso que um de seus três primeiros EPs foi lançado pela Chemikal Underground, a mesma gravadora do Mogwai. E embora a influência britânica seja decisiva, o DNA do grupo é o mesmo do típico popstar indie da Costa Leste americana – e o fato de serem artistas da Matador não deixa dúvidas quanto a isso.

“Não posso reclamar”, Banks fala do recente assédio que a banda vem sofrido desde o lançamento americano do primeiro álbum, em setembro do ano passado, “há um ano eu estava num emprego que eu não gostava, num café, e escrevia de graça para revistas de conhecidos. Parece engraçado que todo mundo resolva te reconhecer ao mesmo tempo, porque as pessoas tendem a falar sobre os mesmos assuntos. Mas isso é bom – do mesmo jeito que os Strokes abriram caminho para que as pessoas procurassem novas bandas, como nós, acredito que abriremos caminho para outras bandas”.

Mesmo sem uma posição definida sobre a troca de arquivos de músicas pela internet, Paul concorda que o sucesso do Interpol aconteceu devido aos programas P2P e músicas em MP3. “É claro que é um péssimo negócio para quem investe muito dinheiro em publicidade, campanhas de mídia e outras estratégias de mercado. Como trabalhamos em outro nível, não nos afeta tanto – muitas pessoas compram nossos discos após nos ouvir em MP3. Se não fosse o MP3, talvez ele não nos ouviria. Ou copiaria o disco de um amigo, como fazíamos há vinte anos, com fitas cassete. Como as tendências musicais, as de mercado tendem a ser muito cíclicas. Mas os executivos de gravadora acham que conseguem parar isto com dinheiro. E não dá”.

Preparando-se para enfrentar nova bateria de shows pela Europa, Paul dedica as horas fora do palco à audição de discos de outras bandas de Nova York. “Adoro os Warlocks, tocamos em uma turnê com eles, o disco novo do Walkmen é excelente e o do Coup, de hip hop, é outro que não paro de ouvir. Mas quase sempre retorno para o melhor disco de todos os tempos, Teenager of the Year, do Frank Black. Aquilo sim, é perfeito”.

Interpol 2010

Rapaz, que música ruim é essa “Lights” que eles acabaram de botar no site pra download, hein… A banda já tá fazendo hora-extra há pelo menos um disco… Melhoraê, porra.


Interpol – “Lights

As 300 melhores músicas dos anos 00: 41) Interpol – “Obstacle 1”

As 300 melhores músicas dos anos 00: 108) Interpol – “NYC”

Os 100 melhores discos dos anos 00: Franz Ferdinand / Interpol

19) Franz Ferdinand – You Could Have It So Much Better (2005)

20) Interpol – Turn on the Bright Lights (2001)

Vida Fodona #191: Talvez o último Vida Fodona da década

Será que eu faço mais um VF antes dos anos 00 acabar? Só o tempo sabe…

Foals – “Balloons”
Hurtmold – “Chuva Negra”
Interpol – “NYC”
Passion Pit – “Sleepyhead”
Dan Le sac vs. Scroobius Pip – “Thou Shalt Always Kills”
Digitalism – “Zdarlight”
Goose – “Bring It On (MSTRKRFT JFK Remix)”
Britney Spears – “Gimme More”
Kelly Key – “Baba Baby (Instrumental)”
Dr. Dre + Eminem – “Forgot About Dre”
Calvin Harris – “Merrymaking at My Place”
Dragonette – “I Get Around”
New Young Pony Club – “Ice Cream”
Fujiya & Miyagi – “Collarbone”

Enquanto isso, venha pra cá.

Vida Fodona #152: NYC

Billy Joel – “New York State of Mind”
Prince – “All the Critics Love U in New York”
LCD Soundsystem – “New York, I Love You But You’re Bringing Me Down”
Genesis – “Back in NYC”
T-Rex – “New York City”
Cat Power – “New York”
Desolation Wilderness – “Paris to New York”
Serge Gainsbourg – “New York, U.S.A.”
Yoko Ono – “Midsummer New York”
John Lennon – “New York City”
Juicy – “New York New York”
Frank Sinatra – “New York, New York (Chew Fu Big Room Remix)”
Soulwax – “NY Excuse (Nite Version)”
Kills – “What New York Used to Be”
Rakim – “New York (Ya Out There)”
Strokes – “New York City Cops”
Interpol – “NYC”
Kylie Andrews – “Naked in NYC”
Razorlight – “Englishman in New York”
Belle & Sebastian – “Piazza New York Catcher”
Sara Lov – “New York”
R.E.M. – “Leaving New York”

De brinde, meia hora de free jazz: Ornette Coleman – “The Tribes of New York”

Venham por aqui e fiquem bem.

Vida Fodona #147: Que venha o mês três!

Recepcionando o mês The Wall sem dar um pio, só deixando a música rolar.

Cut Copy – “Lights & Music”
New Order – “Regret”
Rapture – “The Devil”
Laid Back – “White Horse”
Can – “Mushroom”
Blur – “Far Out (Demo)”
M.I.A. – “Paper Planes”
Tim Maia – “Me Enganei”
Massive Attack – “Safe from Harm”
Velvet Underground – “I’m Set Free”
Pink Floyd – “Wot’s… Uh the Deal”
Walter Franco – “Feito Gente”
Interpol – “Hands Away”
Prince – “When Doves Cry”
Paul & Linda McCartney – “Uncle Albert/Admiral Halsey”
Bonifrate – “Estudo em Ré Menor”
Lô Borges – “O Caçador”
Radiohead – “Reckoner”

Se aprochegue.