J.J. Abrams e Jordan Peele visitam H.P. Lovecraft juntos!

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Sem avisar nada, a HBO lançou apenas um teaser do seriado Lovecraft Country, anunciando-o para agosto. A série junta nomes de peso na produção – nada menos que J.J. Abrams e Jordan Peele – para afundar-se na mitologia do mestre do horror H.P. Lovecraft, cujas histórias giravam em torno do mito Cthulhu, uma divindade maligna que se alimenta de dor e sofrimento humano. A série ganha um apelo extra – principalmente por incluir Peele, mais conhecido pelos atordoantes filmes Corra! e Nós – ao se inspirar no livro de mesmo nome do escritor norte-americano Matt Ruff, que traçava paralelos desconcertantes entre as metáforas de horror do autor e seu declarado racismo.

Pode ser uma jornada perturbadora – e ainda tem Michael K. Williams (o Omar de The Wire) no elenco.

Bowie na HBO

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Documentário produzido pela BBC sobre os últimos anos de David Bowie acaba de ser comprado pela emissora norte-americana – escrevi sobre isso no meu blog no UOL.

The Last Five Years foi um documentário produzido pela BBC inglesa nos últimos cinco anos da vida de um dos artistas mais criativos de nossos tempos, o inglês David Bowie, que morreu no início de 2016. Lançado na Inglaterra no início de 2017, o filme foi comprado pela emissora norte-americana HBO e será lançado no dia em que Bowie completaria 71 anos, dia 8 de janeiro nos Estados Unidos e possivelmente em outras emissoras afiliadas do canal espalhadas pelo mundo.

O documentário traça o período em que Bowie voltou a produzir novos discos depois de diminuir suas aparições públicas consideravelmente. Durante estes cinco anos, ele lançou dois álbuns aclamados pela crítica, o sóbrio The Next Day (lançado em 2013) e o críptico e ousado ★, seu vigésimo quinto disco, que veio a público dois dias antes de sua morte e impressionou a todos como um de seus discos mais sérios e um epitáfio sobre sua carreira.

Dr. Dre 2017: “How do you spell CEO? D.R.E.”

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Depois de ter abandonado a carreira fonográfica ao despedir-se com o disco Compton, de 2015, o produtor Dr. Dre, pai do gangsta rap, volta com a música nova “Gunfiyah”, feita para a trilha sonora do documentário seriado The Defiant Ones, que a HBO produziu sobre sua relação com outro produtor, Jimmy Iovine, que ajudou a consolidar seu nome após o fim de sua banda original, o NWA. Mas vamos combinar que Dr. Dre já teve dias melhores…

O trailer do seriado, que estreou no início de junho, vem abaixo:

Silicon Valley, por Daniel Clowes

O mestre do quadrinho depressivo Daniel Clowes foi convidado pela HBO para fazer o poster da próxima temporada de Silicon Valley, que estreia no final deste mês, e ficou lindaço, olha só:

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Falei mais sobre a série no meu blog no UOL.

Quando estreou, em 2014, o seriado Silicon Valley, da HBO, parecia prometer ser uma versão Entourage de Big Bang Theory, jogando os nerds das startups pós web 2.0 aos píncaros da glória e do sucesso. Em vez disso apresentou uma versão californiana para o The Office sem que houvesse um chefe ou um escritório de fato. Mas aos poucos foi maturando seu universo e seus persoangens e agora, às vésperas do lançamento de sua quarta temporada, promete entrar em sua melhor fase, consagrando seu criador Mike Judge (o mesmo do desenho Beavis & Butthead e do sensacional – mas subestimado – filme Como Eliminar Seu Chefe) como um dos principais observadores do cotidiano de sua geração. E tal reconhecimento veio antes do lançamento da nova safra de episódios, quando a própria HBO chamou outro grande observador desta geração para apresentar a nova temporada. E assim temos esta versão maravilhosa de Erlich (T. J. Miller), Dinesh (Kumail Nanjiani), Richard (Thomas Middleditch), Gilfoyle (Martin Starr) e Jared (Zach Woods) no traço do quadrinista Daniel Clowes, autor de clássicos modernos como a revista Eightball e as graphic novels Como uma Luva de Veludo Moldada em Ferro, Mundo Fantasma, Wilson e David Boring.

A quarta temporada de Silicon Valley começa a ser exibida a partir do dia 23 de abril – e se seguir o padrão das temporadas anteriores, a HBO Brasil deve retransmitir os novos episódios no mesmo dia de lançamento dos episódios nos Estados Unidos.

Uou, Westworld!

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Escrevi no meu blog no UOL sobre o porque do remake de Westworld, produção de JJ Abrams e Johnathan Nolan, já poder ser considerada a melhor série de 2016.

E a HBO conseguiu mais uma vez. Westworld vem superando todas as expectativas, episódio a episódio, e caminha para se tornar o grande evento da TV em 2016, fazendo a emissora recuperar-se do fiasco que foi a primeira temporada de Vinyl e a promissora mas fria The Night Of. Um enorme quebra-cabeças magistralmente montado em frente aos nossos olhos, intercalando a frieza de máquinas com o calor do velho oeste norte-americano, reinventando completamente uma premissa simples de um filme dos anos 70 para o século 21 e enfileirando monólogos magistrais, atuações impecáveis, cenas intensas, diálogos esclarecedores, teorias complexas e revelações sensacionais.

Para quem não está acompanhando, eis a breve premissa, sem spoilers: num futuro próximo existe um parque de diversões para adultos chamado Westword, em que você paga para viver como nos tempos mais selvagens do povo norte-americano, interagindo com robôs idênticos a seres humanos que ficam à disposição dos convidados. E esta disposição é degradante: os “anfitriões” (hosts, em inglês, como os androides são referidos na série) se tornam objetos para todo o tipo de humilhação que os convidados queiram praticar, e assim são tratados como meros objetos e quase sempre morrem mortes violentas – apenas para serem religados e voltar ao papel de escravo dos desejos alheios.

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Mas algo acontece: os robôs aos poucos começam a entender sua própria condição. Acumulando memórias de suas vidas passadas, alguns dos protagonistas da série vão lentamente entendendo o que vivem e, cada um à sua maneira, vai despertando sua consciência e aprendendo a lidar com aquela nova realidade. Alguns simplesmente entram em parafuso e dão tilt – logo no primeiro episódio da série há um destes -, mas outros conseguem ir além. E poucos humanos conseguem perceber isso.

Isso é apenas a premissa inicial, o tabuleiro armado em que seus produtores desdobram cenas ousadas, violentas e emblemáticas, criando uma mitologia específica enquanto mostram personagens rasos lentamente sendo aprofundados. A partir disso, há um enorme e complexo jogo narrativo que faz o espectador perder-se em histórias que parecem acontecer simultanemente, mas que ocorrem em épocas diferentes – um truque genial que parte do princípio de que os robôs não envelhecem.

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Sob esta premissa, há um duelo entre os criadores do parque, Arnold e Ford, que têm ideias distintas para aquele mundo robótico: enquanto o primeiro quer evoluir a inteligência artificial para a descoberta da consciência, o segundo considera isto perigoso e prefere apenas usar os seres sintéticos para “contar novas histórias”. Ford ganha a disputa e Westworld passa para as mãos de uma empresa chamada Delos, cujo interesse no parque vai muito além da gerência dos lucros gerados pelos visitantes e segue desconhecido. A série de dilemas éticos e morais abertos a partir desta disputa seria assunto para uma série apenas sobre isso, mas Westworld vai além.

Personagens como a cândida Dolores Abernathy vivida por Evan Rachel Wood, o assustador e admirável Robert Ford de Anthony Hopkins, o intrincado Bernard Lowe de Jeffrey Wright, a impressionante Maeve Millay da Thandie Newton e o Homem de Preto de Ed Harris humanizam e emocionam a história com atuações grandiosas e exigentes, Eval Rachel Wood e Thandie Newton especificamente brilham como poucas atuações na TV nesta década e até coadjuvantes como Hector Escanton do nosso Rodrigo Santoro, o William de Jimmi Simpson e a Clementine de Angela Sarafyan desequilibram bastante o seriado.

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Tudo isso sendo orquestrado em cenas que transcendem gêneros e criam imagens impactantes para a cultura pop. Westworld consegue elevar o western para um patamar quase surreal, misturando orgias, canibalismo, religião e genocídios, aprofunda questões éticas tocadas apenas de forma superficial pela ficção científica moderna, atualiza os robôs para a era da impressão 3D e aposta na inteligência do espectador, proporcionando momentos de puro deleite narrativo (o final do oitavo episódio, por exemplo, já é um dos grandes momentos do ano na TV).

Os detalhes também são de tirar o fôlego: cenografia, direção de arte e trilha sonora mantém aquele padrão da emissora em que ela acerta mesmo quando as séries são ruins. A trilha especificamente é um achado: versões para músicas de Amy Winehouse, Radiohead, Rolling Stones, Animals, entre outros, tocadas naqueles pianos típicos de saloon (automatizados, como se fossem os primeiros robôs).

E por cima de tudo há um labirinto. Uma mapa literal que pode ser percorrido geograficamente mas também um jogo lógico que amplia o teste de Turing para uma realidade em que a inteligência artificial evolui como um fractal. Um desafio posto no coração da série tanto para seus protagonistas quanto para seus espectadores, que vai recompensando a cada novo episódio.

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A primeira temporada da série termina no próximo domingo, quando seu décimo episódio vai ao ar (a HBO brasileira vem transmitindo os novos episódios exatamente à meia-noite entre o domingo e a segunda, com reprises na segunda às 21h) e tudo indica que teremos a conclusão de uma série de enigmas e mistérios abertos ao longo dos episódios anteriores – além de tantas outras perguntas que só serão respondidas na próxima temporada, já renovada para o ano que vem.

A esperteza da série vem do casamento de dois talentos: J.J. Abrams, o criador de Lost e Fringe, além de ter ressuscitado Jornada e Guerra nas Estrelas para o novo milênio, e Johnathan Nolan, responsável pelos roteiros dos filmes de seu irmão Christopher Nolan. O primeiro é mestre em instigar a curiosidade, provocar o espectador, abrir teorias e propor possibilidades. O segundo brinca com duplos sentidos, lineraridades temporais e sabe concluir bem as histórias. Os dois já haviam trabalhado juntos na ótima Person of Interest, uma série mais modesta em termos de produção e de narrativa, e agora podem ousar graças à liberdade dada pela HBO. Nolan chamou a esposa Lisa Joy (que já havia assinado as séries Pushing Dasies e Burn Notice) para ajudá-lo na criação daquele novo universo.

Até o fim da semana volto ao tema explicando ainda mais as teorias da série e mostrando como Westworld pode ser muito mais do que apenas a melhor série deste ano. Por enquanto recomendo que você que ainda não assistiu dê um jeito de ver os nove episódios antes do próximo domingo e você que está acompanhando comente a série abaixo. E já deixo de sobreaviso aos comentaristas incautos – por favor avisem sobre spoilers antes de fazer seus comentários sobre a série para não estragar a surpresa de quem não assistiu ainda.

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Falei lá no meu blog do UOL sobre como Vince Gilligan, criador de Breaking Bad, resolve contar, através da HBO, a história do líder do culto religioso suicida, que teve passagens pelo Brasil.

Vince Gilligan resolveu sair de Albuquerque para outro interior dos Estados Unidos, contar mais uma saga de ascensão de uma figura sombria. Depois de firmar seu nome como autor da aclamada série Breaking Bad, universo em que ele ainda burilou por duas temporadas, na série filhote Better Call Saul, o produtor resolveu contar a história de uma das figuras mais controversas do século passado: o líder religioso Jim Jones.

De acordo com o site Deadline, a série, que terá um número limado de episódios, será produzida por Gilligan, sua parceira de Breaking Bad Michelle MacLaren e a atriz Octavia Spencer, dona dos direitos de adaptação do livro Raven: The Untold Story of Jim Jones and His People, escrito pelo jornalista Tim Reiterman, que sobreviveu ao massacre. Será a primeira produção de Gilligan na HBO, que MacLaren, que dirigirá a série, já conhece por ter dirigido episódios de Game of Thrones.

O norte-americano Jim Jones é um dos personagens mais sinistros da história dos cultos religiosos do século passado, mas sua personalidade sombria floresceu depois de começar como um carismático líder bem intencionado. Sua escalada para a fama começou com a criação de sua própria igreja, o Templo dos Povos, que começou sua história no estado de Indiana, migrou para São Francisco na Califórnia e finalmente para a Guiana, aqui na América do Sul, onde fundou sua própria colônia, Jonestown, que no final dos anos 70 foi palco para um macabro suicídio coletivo de quase 1000 pessoas, entre elas mais de 300 crianças, todos envenenados. Fica a dúvida se a série mostrará o tempo em que Jones passou pelo Brasil, no início dos anos 60, quando escolheu Belo Horizonte como a melhor cidade para fugir de um ataque nuclear, que ele estava certo que aconteceria naquela década, para depois mudar-se com seu culto para o Rio de Janeiro, onde atuou junto às comunidades das favelas cariocas.

E agora HBO?

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Game of Thrones vai firme e forte, mas cadê as grandes séries que fizeram a moral do canal? Escrevi sobre isso no meu blog no UOL.

Uma série de Martin Scorsese para a HBO sobre a indústria musical da Nova York dos anos 70

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Desde 2010 Martin Scorsese vem desenvolvendo um seriado com a HBO que se passa na Nova York dos anos 70 e fala sobre a indústria da música nesse período. O processo de desenvolvimento e pré-produção chegou ao fim e a série, ainda sem nome, começará a ser produzida no ano que vem, com um elenco que conta com Bobby Cannavale, Olivia Wilde, Ray Romano e Juno Temple. É inevitável imaginar que Scorsese parta das cinzas do Village nos anos 60, passe pela Little Italy, acompanhe a ascensão do punk rock e da disco music e narre sagas de excessos da indústria do disco da época envolvendo dinheiro, drogas, mulheres e violência. É um jeito esperto de juntar algumas pontas de sua filmografia (os documentários sobre música, os filmes sobre a história dos EUA, os épicos sobre o crime organizado) e à própria história pessoal, afinal Scorsese não só viveu intensamente aquele período como era, na época, uma das celebridades no bolão pé-na-cova principalmente devido ao consumo de cocaína. As informações são do site Collider, que também aponta que Mick Jagger está entre os produtores da série.

Uma série de David Fincher para a HBO sobre a indústria musical da Los Angeles dos anos 80

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A HBO tá apostando firme em séries de grandes diretores sobre a indústria da música: depois da série de Scorsese sobre a cena musical dos anos 70 em Nova York, outro seriado que a emissora deve produzir foi inspirado numa idéia do diretor David Fincher, que também deverá dirigir os episódios. É uma comédia com episódios de meia hora chamada Living on Video, se passa em 1983 e fala sobre a indústria de clipes em Los Angeles – cenário que, como a Nova York dos anos 70 para Scorsese, também é familiar a Fincher, que começou a carreira dirigindo clipes (ele dirigiu vídeos de Madonna, Aerosmith, Paula Abdul, George Michael, Billy Idol e Michael Jackson, entre outros). A série deve funcionar como uma Entourage, mostrando jovens forasteiros se deslumbrando com aquela Califórnia enquanto começam a crescer na carreira. As informações são da Deadline.

American Gods e Filhos de Anansi: Neil Gaiman chega à TV

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Lembra que, há algum tempo, rolava um papo que a HBO estava transformando American Gods, o primeiro romance de Neil Gaiman, em uma minissérie? Pois o canal pago norte-americano largou o bastão e esse desafio agora está na mão da produtora FremantleMedia – e é um desafio duplo, porque os principais sucessos desta produtora (Amercian Idol, The Price is Right, X-Factor, America’s Got Talent e Family Feud) não têm nada a ver com ficção. Foi o próprio Gaiman quem confirmou em seu blog, além de cravar que seu segundo romance, Filhos de Anansi, também já está em vias de materializar-se em televisão, pelas mãos da produtora britânica Red, que faz programas para a BBC. Dedos cruzados!