“Harlem Shake” tecnobrega

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É a vez do DJ Waldo Squash, da Gang do Eletro, dar um tapa no “Harlem Shake”…

O “Harlem Shake” d’O Terno

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Só edição: ficou legal. Veja abaixo:

 

Impressão digital #146: “Harlem Shake”

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E na minha coluna de hoje do Link, escrevi sobre como o famigerado “Harlem Shake” levou um desconhecido pro topo da parada de sucessos mais respeitada do mundo da música.

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Um artista desconhecido no topo da parada da Billboard
Dança nonsense levou a música ao topo

Na semana passada, a parada de sucessos da revista norte-americana Billboard incluiu mais um item em seu ranking de músicas mais populares dos Estados Unidos. Chamada de Hot 100, a parada elenca desde 1958 as cem músicas mais vendidas e tocadas durante uma semana e sempre foi o termômetro de desempenho comercial dos artistas. Até a chegada da internet.

Antes da rede, era razoavelmente fácil aferir a performance mercadológica de um músico. Somava-se discos vendidos e músicas tocadas nas rádios e, a partir de cálculos específicos, a revista estabelecia qual era o artista mais popular no momento. Ou a banda que, embora não tenha atingido o topo, continuava a fazer sucesso graças às vendas e às execuções no rádio. Com a internet, esses parâmetros se perderam.

Afinal, qualquer um pode baixar quantas músicas quiser sem pagar ou ouvi-las sem que toquem no rádio, o que torna inviável a quantificação. Mesmo descartando os downloads ilegais, aumentam a cada dia as opções para ouvir música de graça (bandas que liberam o download ou serviços de streaming). Um deles, onipresente, é o que está mais perto de se tornar a maior rádio global que já se viu – embora seja uma plataforma originalmente de vídeo. Sim, o YouTube.

E foi exatamente o número de visualizações via YouTube que foi incluído no Hot 100 da Billboard. Mas o destino irônico quis que a novidade surgisse na hora em que a febre musical da vez não tivesse nem mesmo um vídeo próprio.

Se o novo parâmetro tivesse sido habilitado há seis meses, há um ano, há dois, teria elevado nomes como Psy (de Gangnam Style), Carly Rae Jepsen (de Call Me Maybe) ou Rebecca Black (de Friday) ao topo da lista e acelerado sua consagração comercial. São canções que têm videoclipes próprios, em que as imagens e a exposição são de domínio do artista.

Acontece que o hit de fevereiro de 2013 não é sequer uma música inteira. São 30 segundos de uma faixa que muitos nem mesmo podem considerar (por preconceito) uma canção. Harlem Shake, do produtor norte-americano Baauer, sem querer, se tornou o exemplar mais famoso de um gênero em formação chamado trap music.

A classe musical é uma variante sulista do hip hop norte-americano, mais lenta e pesada, que se aproxima de estilos específicos, como a versão dos EUA do dubstep (mais pesada e rápida do que a original inglesa) e o moombahton (colisão entre house music e reggaeton). Há um paralelo inevitável com o chamado “funk ostentação” paulistano, que se tornou objeto de curiosidade antropológica devido ao seu sucesso via internet.

Mas Harlem Shake não é nova – foi lançada em maio de 2012 e até fevereiro não tinha registro comercial. Até que um grupo de adolescentes australianos se vestiu com fantasias ridículas (um de Power Rangers, outro de alienígena, todos de collant) para dançar de forma ainda mais ridícula com a canção de Baauer. “CON LOS TERRORISTAS!”, diz o grito no início da música, que entra numa batida mecânica que se acelera. Aos 15 segundos, um sample diz “do the harlem shake” e a música se esborracha em câmera lenta, com um beat constante e uma base grave, sintética e lenta.

No vídeo dos jovens, a primeira parte da música é dedicada a se mexer sem sair do lugar, balançando a cabeça e os quadris sem tirar o pé do chão. Na segunda, depois de “do the harlem shake”, os moleques se chacoalham por inteiro, com os braços caídos, numa falta de noção típica da adolescência. Virou uma pérola de humor nonsense da internet.

Justamente por isso pegou. E, como outros, começou a ser citado, referido, misturado. E o “do the harlem shake” convidou as pessoas a fazerem seu próprio “Harlem Shake”. O resto é história.

E, de uma hora pra outra, um artista desconhecido, que criou uma música há quase um ano, tem um trecho seu usado ironicamente em um vídeo que se espalha por um motivo idiota e se torna o artista número 1 na Billboard. Esse começo de século 21 é uma época e tanto…

As melhores versões para esse tal de “Harlem Shake”

Estou acompanhando com curiosidade o crescimento deste tal “Harlem Shake” que muitos apostam ser “o próximo ‘Gangnam Style’“.

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Não acho que seja por aí.

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É inevitável a viralidade de “Harlem Shake” pelo puro e simples pressuposto de que o humor na internet tem como ponto de partida o nonsense e o excesso de referências (o que linka tudo a tudo), sejam elas pop ou eruditas. No caso de “Harlem Shake”, o que vemos, na verdade, é um template, um formato, para diferentes versões, feitas por qualquer um. Não é um Tourist Guy ou Seu Madruga esperando para ser encaixado em diferentes contextos. É um código não-verbal de comportamento físico realizado a partir de um conjunto de regras bem simples: nos apresentam a um ambiente estático, à exceção de um único protagonista, que se movimenta sozinho no meio de um grupo de pessoas repetindo uma rotina que está alheia ao personagem solitário, que quase sempre usa um capacete. “Con los terroristas!” é o brado que inaugura esta primeira fase. Que dura quinze segundos.

De repente, a música derrete-se entre graves esborrachados que se estatelam no chão, logo que o vocal grave chama o “do the Harlem Shake”. Ao mesmo tempo, a paisagem nos diferentes clipes vira do avesso. Toda a multidão que parecia estar indiferente à primeira parte da música transforma-se em uma festa completamente absurda, em que maquiagem, fantasias e coreografias individuais que deixem bem claro que o mundo enlouqueceu. Em outros quinze segundos.

A mania foi uma invenção de um grupo de skatistas australianos que, chateados sem ter o que fazer, resolveram brincar com a música “Harlem Shake”, do produtor norte-americano Baauer, do selo Mad Decent, do Diplo (ouça abaixo). Inventaram uma coreografia ridícula, mas que deu certo.

A comparação com “Gangnam Style” não faz sentido por uma série de motivos. A começar pelo fato de PSY ser um artista que produziu o próprio vídeo para sua música com a intenção de torná-la hit online a partir da falta de senso de ridículo. “Harlem Shake” era uma brincadeira de uns amigos que espalhou-se sem nenhuma promoção, usando apenas a força do nonsense para ser imitado, parodiado e homenageado. O clipe de PSY era, sozinho, uma íma de atenção – que não por acaso chegou ao primeiro bilhão de visualizações na história do YouTube. “Harlem Shake” já deve ter sido ouvida mais de um bilhão de vezes, mas em inúmeros vídeos espalhados em diferentes cantos da internet – inclusive fora dela, uma vez que o viral chamou atenção para uma música que, até janeiro passado, era virtualmente desconhecida. E, principalmente, é um viral ridiculamente curto, de trinta segundos, o que não toma tanta atenção como, por exemplo, todas as paródias feitas para “Gangnam Style”.

“Harlem Shake” segue viralizando – enquanto isso, reuni alguns dos melhores “harlem shakes” que vi por aí. Tem algum faltando?

 

O “Harlem Shake” dos Simpsons

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E é claro que os Simpsons não iam ficar fora dessa…