Ó o carro do Gúgol, mano!

Enquanto isso, em Salvador…

Link – 16 de janeiro de 2012

CES 2012: Futuro próximoTendências da vitrineSaída da Microsoft antecipa o fim da importância da CES • Tudo conectado à internet • Homem-Objeto 2012A rede social do Google é o próprio Google • O canto do Siri  • The Pirate Bay, música no Facebook, tumulto na China…

Impressão digital #0088: A rede social do Google

Falei sobre o verdadeiro significado do Google + na minha coluna na edição dessa segunda do Link.

A rede social do Google é o próprio Google
…e ela pode determinar o futuro do site

No dia 13 de julho de 2009, quando, pela primeira vez, demos o Facebook na capa do Link, ele nem era a maior rede social do mundo, mas já cravávamos que o site havia uma meta bem específica – e o descrevemos como sendo o principal rival do Google.

Aos poucos a comparação entre os dois se tornava mais evidente e uma teoria se formava. O Google surgiu em uma época em que as pessoas ainda estavam se entendendo com a internet e buscavam o que fazer uma vez conectadas. Comparada à saraivada de links do diretório de seu antigo site rival, o Yahoo, a homepage do Google era clean e minimalista, com um único campo de busca no meio de uma página branca, que parecia apenas perguntar que busca o usuário gostaria de fazer.

Veio a web 2.0, em que todo mundo poderia postar o que quisesse online sem a necessidade de entender de programação. Logo vieram as redes sociais e as pessoas começaram a se conectar entre si – e, num segundo momento, a compartilhar conteúdo. E aos poucos mandar uma notícia para outra pessoa, sugerir um site ou mostrar um vídeo engraçado não significava enviar um e-mail para vários destinatários ou esperar que alguém estivesse online no MSN. Bastava publicar em seu perfil que seus contatos em determinada rede veriam quando o consultassem.

Foi aí que o Facebook floresceu. E o perfil de seus usuários logo deixava de ser uma página com informações pessoais para exibir links, fotos e vídeos, transformando o feed de notícias (área equivalente aos scraps no Orkut ou do blog no MySpace) na primeira coisa que qualquer um vê quando entra no Facebook. Com todo mundo postando sem parar, bastava entrar na rede social para saber o que fazer na internet. Isso tornou a homepage do Google obsoleta.

Esse movimento aconteceu entre 2008 e 2010, quando o Facebook deixou de ser uma aposta para se tornar uma certeza. E logo vieram as especulações a respeito de quando o Google lançaria sua própria rede social.

Mas a empresa não tinha um bom histórico nessa área. Seu caso mais bem sucedido era, até o ano passado, o Orkut, mas o site só deu certo no Brasil e na Índia. Outras tentativas deram com burros n’água. O Google Wave era complexo demais e queria “apenas” reinventar o e-mail (algo como lançar um novo modelo de automóvel com a intenção de, literalmente, reinventar a roda). O Google Buzz foi criado para aproveitar o vácuo do Twitter e até ensaiou dar certo, mas esbarrou em questões legais a respeito de invasão de privacidade. Os dois projetos deram tão errado que foram desligados.

Por isso quando começaram a especular sobre a rede social do Google para enfrentar o Facebook, seus executivos logo diziam que não estavam criando uma rede social, mas uma “camada social” que atravessaria todos os serviços que hoje oferece.

Aí veio o Google + que, por ser de quem é, foi a rede social que mais cresceu na curta história deste tipo de site. Foram 25 milhões de usuários apenas nos dois primeiros meses de atividade do site. E ao mesmo tempo em que cresceu tão rápido, nos provocava com a primeira pergunta que aflige qualquer novo usuário de qualquer nova rede social (“O que eu faço aqui?”) ao mesmo tempo em que causava celeuma entre os entusiastas do Facebook, que o considerava uma versão piorada do site de Mark Zuckerberg.

Mas, como começou a mostrar na prática na semana passada, o Google + não é a rede social do Google. A rede social do Google é o próprio Google.

Explico: quando um de seus fundadores (Larry Page) assumiu o cargo de CEO (antes ocupado por Eric Schmidt) no início de 2011, ele começou a organizar a casa para fazer os inúmeros produtos do site (o navegador Chrome, o sistema operacional Android e as dezenas de sites e serviços oferecidos gratuitamente) conversarem entre si.

Uma operação interna, mas que poderia ser percebida por usuários mais atentos. Aos poucos, aparecia uma lista de links acima de sua homepage, apontando para outros serviços, como o Google Maps, a busca por imagens ou por vídeos, o Google News, entre outros. A lista virou uma barrinha, a princípio branca, que logo ganhou a cor cinza e depois escureceu ainda mais, trazendo ainda outros links para mais serviços da empresa.

E assim que o Google + foi lançado, dois itens novos surgiram nessa barra. O primeiro apareceu bem à direita e trazia a foto que o usuário escolheu para sua conta no Google seguida de seu nome, um número que mostrava se havia novidades no Google + e um campo escrito apenas “compartilhar”. Na ponta esquerda, o primeiro item deixava de ser a busca pura e simples do Google para se tornar o nome do próprio usuário, acrescido de um símbolo de adição (o + da “camada social”) à esquerda.

Essa barrinha está presente em qualquer serviço do Google. Resta agora saber se o Google irá conseguir fazer que as pessoas compartilhem conteúdo no campo específico que determinaram para isso. Enquanto isso, eles seguem tentando – e o anúncio da semana passada foi o primeiro passo para colocar a tal camada social em prática.

É que agora, quando você faz uma busca através do Google, tem duas opções de resultados: ou você vê os links que a maioria das pessoas viu quando buscou pelo termo que você acionou ou pode escolher apenas os links indicados pela sua rede de contatos, restringindo as opções de busca mas trazendo-as para seu contexto pessoal. A mudança pode ser percebida em dois ícones à direita da página, na altura do campo de busca. Clicando no ícone que é um pequeno globo, você vê os resultados gerais. Clicando no ícone que é um pequeno busto, vê o que seus amigos e conhecidos também buscaram.

Essa decisão já gerou controvérsia – a começar pelo Twitter, que afirmou que a mudança restringe o acesso às notícias que estão sendo publicadas naquele exato momento (que é a função atual da rede social dos 140 caracteres), com resultados do Twitter caindo para baixo nas buscas feitas em modo pessoal.

Outro problema é que isso restringe ainda mais a área de alcance de quem quer saber o que está acontecendo, ponto crucial de um dos melhores livros do ano passado, The Filter Bubble (ainda não lançado no País), do norte-americano Eli Parisier. Ele argumenta que, a partir do momento em que os algoritmos das redes sociais vão entendendo a forma como cada um funciona na rede, eles vão oferecendo apenas opções relacionadas ao gosto de quem clica. Isso parece ser prático em teoria – quem clica em muitas notícias de esporte, por exemplo, veria mais notícias relacionadas a esse assunto do que as outras. Mas, contudo, perderia outros assuntos que poderia se interessar, sem ao menos saber que eles estão acontecendo.

Era uma crítica quase direta ao Facebook, mas a partir do momento em que o Google adota uma prática parecida, ela cai como uma luva também para o gigante das buscas. E se você não corre o risco de trombar com algo novo, inusitado ou surpreendente, vai ficar cada vez mais preso à tal bolha-filtro concebida por Parisier.

E isso nos leva à principal dúvida em relação ao Google em 2012: e se, ao apostar em transformar-se numa enorme rede social, o site perderá a mão? E se as pessoas cansarem ou enjoarem de usar o Google? Parece apocalíptico, mas não custa lembrar a velocidade em que as coisas acontecem no mundo digital.

Link – 9 de janeiro de 2012

Condomínio fechadoO primeiro palco de 2012Entrevista: ‘Tudo conectado’
Análise: O delay brasileiroRestrição de fábricaPrograme-se para 2012Google, Amazon, Facebook e Apple juntos em 2012?‘Telobalização’Hackers roubam Symantec, internet não é um direito, Google pune a si mesmo e Twitter autentica fake

Impressão digital #0087: 2012 digital

Minha primeira coluna do ano saiu hoje no Link.

Google, Amazon, Facebook e Apple juntos em 2012?
Tudo para manter a influência dos EUA

2011 foi um ano de arrumação da casa para os gigantes do mundo digital. O Google começou o ano trocando de CEO – Eric Schmidt deixou o cargo para a entrada de Larry Page, um dos criadores do site – e passou todo o ano passado reestruturando seus produtos e serviços para que eles pudessem conversar entre si. E aproveitou o clima de reforma para lançar seu Google Plus, que não seria uma rede social mas uma “camada social” que interligaria seus produtos – e uma clara tentativa de não perder, futuramente, a importância para o Facebook.

A rede social de Mark Zuckerberg aproveitou 2011 para crescer ainda mais (particularmente no Brasil, que foi o país que mais cresceu no Facebook no ano passado) e adiar a abertura de seu capital na Bolsa de Valores norte-americana. Foi também o ano em que o site reorganizou-se estruturalmente (lançando uma nova interface, a Timeline) e para lançar seu criador como principal personalidade do mundo digital – ao menos para o grande público, quando Zuck apresentou, em setembro passado, o evento F8. E também aproveitou para criar as bases de sua sustentação econômica no futuro, começando a trazer empresas para desenvolver aplicativos em seu ambiente – e, finalmente deslanchar um conceito que vêm trabalhando há tempos, que é o f-commerce – o e-commerce realizado apenas dentro do Facebook.

A economia dos aplicativos – criada pela Apple, no lançamento do iPhone, em 2007 – também mexeu com a Amazon, que abriu sua própria loja de aplicativos e lançou o primeiro concorrente de peso para o iPad, o Kindle Fire, que foi um dos produtos que mais vendeu nos EUA no final do ano passado.

E a Apple, surfando alto graças ao sucesso do iPad, teve o melhor ano de sua história – e é irônico que isso tenha acontecido no mesmo ano em que Steve Jobs tenha morrido. O luto pelo fundador não abalou os números da empresa, que se tornou a maior fabricante de celulares do mundo além de ter atingido, durante o período mais crítico da crise financeira que abalou os EUA no ano passado, o posto de empresa mais valiosa do mundo.

Além de ter criado e feito vingar um tipo novo de aparelho – o tablet –, fez todos correrem atrás. Tudo isso ofuscou o fato de que a empresa adiou o upgrade que faria para seu celular, apresentando um iPhone 4S em vez do esperado iPhone 5. Mas o 4S trouxe uma novidade específica – o aplicativo Siri permite que qualquer um faça buscas online sem encostar um dedo no aparelho, usando apenas a voz. Não é pouco, tanto que o próprio Eric Schmidt, ainda com assento no conselho do Google, declarou que a empresa deve se preocupar com isso, para não perder o posto de líder nas buscas online.

Google social, Facebook como ambiente de compras, Amazon fazendo tablets, Apple entrando na área de buscas. Já deu para entender mais ou menos qual vai ser a tônica de 2012, não?

Afinal, todas estas empresas têm como meta utópica reter seus usuários o máximo de tempo possível em seu ambiente virtual – de preferência sem ter tempo para olhar para o site do lado ou para trocar de aparelho.
Mas, na prática, já está claro que ninguém fica em um só desses ambientes. Dá para preferir um ao outro, claro. Houve quem abraçasse o Facebook e repudiasse o Google Plus, mas é pouco provável que o fã mais entusiasmado da maior rede social do mundo deixe de usar o Google para fazer buscas.

E por mais que essas empresas tentem correr atrás das áreas de atuação das outras, elas não vão conseguir fazer que seu público fique apenas no ambiente criado por elas.

A menos que elas se juntem.

E não estou falando em fusão ou em aquisições. Lembro apenas do discurso do presidente norte-americano Barack Obama no início do ano passado, quando sublinhou que era o líder eleito do país que deu ao mundo o Google e o Facebook. Não custa lembrar que ainda sentimos os ecos da crise financeira de 2008, que abala até hoje os EUA (e também a Europa), ao mesmo tempo em que assistimos a países antes periféricos – como o Brasil – ganhando o palco central do mundo. E não apenas politicamente.

A indústria cultural dos EUA, que por muito tempo ajudou aquele país a se impor inclusive culturalmente, já não é mais a mesma. Ainda que fature cifras consideráveis, seu impacto não é mais unânime justamente devido ao fato de que a produção cultural destes países emergentes também está ebulindo, como suas economias. O impacto ainda é pequeno e é percebido melhor nos próprios países – e não globalmente. Mas, como hoje não para dá separar cultura de internet, é questão de tempo para que estes mesmos países comecem a usar a rede para atingir mercados exteriores e, possivelmente em breve, criar seus próprios ambientes digitais.

E se não dá para dissociar cultura de internet, a dominação cultural norte-americana hoje não acontece através de filmes, discos ou programas de TV. E é justamente nos quatro gigantes citados no início do texto que os EUA estão apostando para transformar o século 21 no que eles chamam de “o novo século americano”.

Por isso que é bem provável que, em 2012, comecemos a ver Google, Apple, Amazon e Facebook mais próximos uns dos outros, aos poucos derrubando as barreiras que os separam para trabalhar conjuntamente, mesmo que de forma tímida. A Stop Online Piracy Act (Sopa) – a dura proposta de lei antipirataria que pode ser aprovada em breve pelo governo norte-americano (e que é o assunto da capa desta primeira edição de 2012 do Link) – é um bom exemplo disso. Estas empresas estão percebendo o quanto o negócio delas é parecido não apenas no sentido administrativo e empresarial, mas também político.

E sob a ameaça de restringir ainda mais o uso da internet com este novo pacote de leis, os quatro – entre vários outros, como a fundação Mozilla do navegador Firefox, o serviço de pagamentos online PayPal e a Microsoft – finalmente começaram a se ver como uma força política e apelar para seu maior trunfo: a enorme audiência global.

O 2012 de seus quatro principais executivos (Steve Bezos da Amazon, Tim Cook da Apple, Larry Page do Google e Mark Zuckerberg do Facebook) deverá ser marcado por uma lenta aproximação mútua, para evitar que o próximo gigante saia da Rússia ou da China. Não há nada no horizonte que indique o surgimento de algo do tipo ainda este ano, mas você sabe como são as coisas na internet… Basta alguém começar algo novo que caia no gosto popular para ver sua audiência subir. Por isso, eles – e o governo de seu país – sabem bem que é melhor se preparar do que remediar.

Porque de nada vai adiantar ter um ambiente social que permita fazer compras e acessar a conteúdo digital em um determinado aparelho se aparecer uma ou mais empresas de fora dos EUA para dar continuidade àquele ciclo típico da era digital, como quando as pessoas param de usar o Friendster para começar a usar o MySpace. Nada impede que o próximo Google, a próxima Amazon, a próxima Apple ou o próximo Facebook venha de um país que não fala inglês. É esperar para ver o que acontece…

Procrastinando informação

Percebam como a crítica do Eli Parisier ao algorritmo da internet tem a ver com aquele vídeo sobre procrastinação que eu postei aqui outro dia

Impressão digital #0082: Google x Facebook

Minha coluna do 2 de domingo foi sobre a principal rivalidade entre empresas de internet do mundo hoje.

Google x Facebook
Essa briga está só começando…

A capa da mais recente edição da revista Fortune escancara uma briga que não é novidade para quem acompanha de perto o universo digital. Em uma montagem, a revista colocou os dois CEOs de duas das maiores empresas de tecnologia do mundo em um embate típico dos velhos filmes de artes marciais: de um lado, Mark Zuckerberg, do Facebook; do outro, Larry Page, um dos criadores do Google.

A briga é velha e se acirra desde que a rede de Zuckeberg atingiu a marca de meio bilhão de usuários no meio de 2010. Piorou quando o Google resolveu concentrar suas forças em mais um projeto de rede social, o Google Plus, lançado no meio deste ano. O Plus se tornou – por motivos óbvios, afinal, ele é do Google – a rede social que cresceu mais rápido em toda a história, embora as pessoas ainda estejam fazendo aquela clássica pergunta que sempre acompanha o surgimento desse tipo de site: “e agora, o que é que eu faço?”

O Plus parece ainda estar pela metade porque ele realmente está. Quando foi anunciado, o Google frisou que não era uma rede social e sim uma “camada social” que estava distribuindo em todos seus serviços. Começou criando a sua versão para o botão “Curtir” do Facebook (o “+1”). Forçou o Feice a criar uma divisão entre os amigos (pois havia criado, no Plus, os “Circles”, em que você divide seu grupo de amigos em “família”, “pessoal do trabalho”, etc. e esta semana liberou a construção de páginas de pessoas jurídicas (antes, só pessoas físicas poderiam abrir contas). Houve também o vazamento de que o estariam para lançar o Google Drive, espécie de HD virtual em que você pode deixar tudo que quiser (fotos, filmes, música) online apenas para seu próprio uso.

As mudanças ouriçaram Zuckerberg, que desmereceu o novo projeto do Google como “um mini Facebook” em uma entrevista para a TV no início da semana passada. Mas é certo que é um vai ou racha. Ou o Google acerta de vez e desbanca o Facebook no seu próprio jogo ou cria mais um trambolho digital que pode deixar de ser usado em poucos meses. E isso pode ser, acreditem, seu fim. Será?

Link – 31 de outubro de 2011

SMS: O meio de comunicação de dados mais popular do mundo • SMS para todosPersonal Nerd – Qto vc paga por msgVida Digital: A emenda que ficou melhor que o sonetoJames Gleick: Sob o domínio do GoogleSteve Jobs: Criativo e mal criadoRetrospectiva em tempo real: Mês 10 • Nova regulamentação da Anatel, Rdio no Brasil, Sony compra Sony Ericsson…

Link – 22 de agosto de 2011

Quanto custa a internet no celularO que elas oferecemO Google vai virar uma empresa de telefonia?Quatro titãs de olho no topoTruste sem importância Servidor: YouPix 2011, Vale do Silício e Moda, 25 milhões de brasileiros no Facebook, Protestos online e tablets x PCs

241543903