Ariel Pink no Clash, Kassin no Studio SP

Quinta corrida, passei correndo pela Clash, onde consegui ver parte do Fourfest (vi o show do Ariel Pink mas perdi o do Pains of Being Pure at Heart) porque queria pegar um pouco do show do Kassin, no Studio.


Ariel Pink’s Haunted Grafitti – “Bright Lit Blue Skies”


Ariel Pink’s Haunted Grafitti – “Round and Round”


Ariel Pink’s Haunted Grafitti – “Fright Night (Nevermore)”

Mas a psicodelia do Ariel Pink ainda está na garagem e tomando as drogas erradas. Ou talvez as certas, mas em quantidades desproporcionais – o que é espelhado no andamento de seu show. Quando mostram aqueles momentos em que acertam a veia, a banda funciona direitinho – até seu ar solto combina com o vibe solar dos hits que eu filmei aí em cima. Mas quando as músicas não são tão redondas a beleza largada anterior vira apenas frouxidão e parecia que estava assistindo a uma banda de adolescentes tentando tirar músicas da fase anos 60 de Frank Zappa de ouvido, sem ter um mínimo de apuro técnico com seus instrumentos. Uma banda ainda em formação, mas com bons momentos.


Kassin – “Homem ao Mar”


Kassin – “Ponto Final” / “Água”

Já Kassin é outra história. Pra começar, está cercado de músicos de verdade – Stéphane San Juan na bateria, Alberto Continentino no baixo, Donatinho no teclado – e ele mesmo é um senhor guitarrista. E embora não chegue a esse nível como vocalista, seu timbre frágil e tímido (para muitos, um defeito) funciona como contraponto perfeito para a excelência técnica do instrumental. Assim, o desapego hippie que no show do Ariel Pink vinha da limitação de seus músicos, em Kassin vinha apenas de fraco fio de voz, e soar como um gigante de voz fina ou um brucutu tentando ser dócil dá uma dimensão extra de personalidade à temática da introspecção bouncy que enquadra o meu xará como atual herdeiro da tocha da preguiça na música brasileira, troféu que já pertenceu a Caymmi, João Gilberto e João Donato. Parece exagero, mas se Kassin ainda não tem tal estatura é por ser um caçula temporão.

Peguei o finzinho do show e só ouvi o final de uma das músicas de seu Sonhando Devagar (meu disco brasileiro favorito de 2011), o que me cria uma dívida pessoal com esse show, que um dia eu assisto inteiro. Mas ser exposto a quase 20 minutos de Kassin ao vivo e tocando alguns pontos-chave de seu disco anterior (o mágico Futurismo, meu disco brasileiro favorito de 2006) já valeu pela noite. Tanto que só fui lembrar do Ariel Pink quando botei os vídeos pra subir, logo depois de chegar em casa.

Ariel Pink’s Haunted Grafitti + The Pains of Being Pure at Heart em São Paulo

Confirmados no Fourfest, dia 15 de setembro. Boa notícia.