César Villela (1930-2020)

Morreu na sexta passada o designer que consagrou visualmente a modernidade da bossa nova. César Villela não só foi responsável pelas capas dos três primeiros discos de João Gilberto pela Odeon, onde trabalhava, como assumiu a arte das capas do selo Elenco, criado por Aloysio do Nascimento no início dos anos 60, que consolidou o novo gênero musical como uma revolução estética na música brasileira – e isso vinha estampado nas capas dos álbuns, quase sempre brancas com fotos, normalmente de Chico Pereira, estampadas em alto contraste, com detalhes em vermelho – estes, também quase sempre, eram bolinhas vermelhas, que vinham sempre em quatro, para simbolizar a harmonia, como havia aprendido com a cabala.

César Vilela e as capas da Elenco


“Comecei a simplificar na Odeon, uma das principais capas dessa época é a do Noel Rosa –com uma rosa no lugar do “o”. Eu via as vitrines confusas, todos fazíamos capas muito confusas. E não havia TV para fazer propaganda -as capas tinham de vender o disco! Aí lembrei que o Marshall McLuhan chamava isso de ruído visual e comecei a simplificar ao máximo. Os discos da Elenco brigavam nas lojas com os discos das multinacionais, eles tinham de sobressair. A simplificação das capas foi uma maneira de chamar a atenção para eles.”

O Ronaldo recuperou uma entrevista que ele fez com o César Vilela, designer autor das hoje clássicas capas do selo Elenco, de quem ele também foi curador de uma exposição em 2004, relação que começou com o modesto site de fã que ele fez sobre o cara quando ainda vendia discos na Bizarre.