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Marcas ao quadrado

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O designer polonês Kamil Piatkowski resolveu reler marcas clássicas usando Lego – e o resultado ficou retrô digital, uma vez que os tijolos quadrados lembram pixels.

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Lá no site dele tem mais.

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Escrevi sobre o show de lançamento de Fortaleza, do Cidadão Instigado, na minha coluna Tudo Tanto da edição do mês passado da revista Caros Amigos. Lá embaixo tem os vídeos que fiz do mesmo show.

A maturidade do Cidadão Instigado
No lançamento do quarto ábum da banda cearense, Fortaleza, o público sabia cantar músicas que uma semana antes não conheciam

“Até que enfim
Eu cansei de me esquivar
Quanto tempo eu pensei em parar
Olho para o lado
Quanta gente diferente
E o que vou fazer?
Se não consigo te esquecer
Vou seguir…vou seguir”

Assim Fernando Catatau, líder do grupo cearense Cidadão Instigado, começa o quarto álbum de sua banda, batizado de Fortaleza, e seu show de lançamento deste que aconteceu no Sesc Pompeia, em São Paulo, no início do mês passado. Ele não está cantando apenas sobre o sentido da vida, sobre um relacionamento ou sobre sua cidade-natal, mas sobre seu próprio conjunto, que levou mais de meia década para finalmente lançar seu novo disco .

Formado por Catatau na guitarra, composições e vocais, Régis Damasceno na segunda guitarra, Dustan Gallás nos teclados e efeitos, Rian Batista no baixo, o técnico de som Yuri Kalil e Clayton Martin na bateria, o Cidadão surgiu no final dos anos 90, com quase esta mesma formação, à exceção do paulistano Clayton, que juntou-se à banda quando ela já havia se mudado para São Paulo, na década passada. No século anterior, só um registro sobreviveu, um CD demo com cinco faixas batizado apenas de EP que hoje é tratado como raridade. A discografia oficial do grupo – O Ciclo da De:Cadência (2002), O Método Túfo de Experiências (2005) e Uhuuu! (2009) – é toda deste século.

Nestes discos, o grupo veio aprimorando uma sonoridade de rock clássico com um sabor especificamente brasileiro, a começar pelo carregado sotaque de seu vocalista e principal compositor. Catatau, guitar hero, conduz a banda para a virada dos anos 60 para os 70, quando os Beatles começavam a se desintegrar e o Pink Floyd e o Led Zeppelin a encontrarem seus rumos. Canções que se descortinam em dinâmicas elétricas que refletem tanto o momento em que o rock psicodélico começa a ficar mais pesado (Jimi Hendrix, Deep Purple, Black Sabbath) quanto como esta sonoridade se refletiu na música brasileira e particularmente nordestina (de Raul Seixas a Tutti Frutti, passando por Zé Ramalho, Fagner e Alceu Valença).

“Até que Enfim” não é a primeira música do disco Fortaleza à toa. A gestação do disco começou ainda em 2012, quando a banda se isolou em uma casa em Icaraizinho de Amontada, no litoral cearense, próximo a Jericoacoara. De lá pra cá foram três anos de amadurecimento musical que, pra começar, exigiu que a banda saísse de sua zona de conforto. Rian, Dustan e Regis trocaram de instrumentos: o baixista agora toca teclados, violão e fez os arranjos vocais, o segundo guitarrista assumiu o baixo e o tecladista pegou a segunda guitarra. Essa nova formatação mexeu com os brios da banda, que começou a pesar mais seu som, deixando as canções ensolaradas do disco de 2009 no passado. O disco continuou sendo gravado nos estúdios caseiros dos integrantes da banda até que, no início de 2015, o disco finalmente foi finalizado: vocais gravados, masterização em Los Angeles e lançamento pra download gratuito em seu próprio site, www.cidadaoinstigado.com.br

Fortaleza é um disco pesado no sentido musical, mas com momentos líricos e contemplativos (como a bela “Perto de Mim”, “Os Viajantes” e “Dudu Vivi Dada”) até um reggae (“Land of Light”). O peso dos anos 70 está nos timbres elétricos, mas eles estão longe de ser retrô. E o recado dado no decorrer do disco tem diferentes endereços, embora a principal referência seja a cidade-natal da banda que batiza o disco. Fortaleza pode ser ouvido como uma declaração de amor ao mesmo tempo que uma cobrança à capital cearense: “Minha Fortaleza ‘réia’ o que fizeram com você?”, pergunta o líder da banda no repente elétrico da faixa-título. Marca a maturidade do Cidadão Instigado em relação à busca da própria sonoridade.

Disponibilizado online na primeira semana de abril, o disco foi apresentado ao vivo uma semana depois de ter sido liberado na internet. E o show no Sesc Pompeia coroou este lançamento quando a banda ousou tocar praticamente o novo disco – e com as músicas quase em ordem idêntica – na íntegra, deixando o bis para tocar duas músicas de dois outros discos anteriores: “Lá Fora Tem” e a homenagem ao canadense Neil Young “Homem Velho”. E mesmo tocando pela primeira vez um disco que havia lançado há apenas uma semana, o Cidadão Instigado ainda contou com o coro da plateia em várias canções. Um momento especial para um disco de tal calibre.

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Zach Condon recuperou-se de anos complicados (fim de um casamento, esgotamento artístico e físico por causa de três anos ininterruptos de turnê e uma internação na Austrália) e aos poucos começa a dar bom sinal de vida. “No No No”, o primeiro single de seu Beirut em quatro anos, mistura suas diferentes influências em uma sonoridade mais própria, que não vai nem pra música cigana, nem pra eletrônica e abriga referências que vão da música indiana à turca sem deixar de lado o apreço pela música pop. O single também batiza o novo disco, cujo nome das músicas vem a seguir.

“Gibraltar”
“No No No”
“At Once”
“August Holland”
“As Needed”
“Perth”
“Pacheco”
“Fener”
“So Allowed”

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Esse rap que o Pereio gravou pra marcar a volta de seu programa no Canal Brasil é ao mesmo tempo constrangedor como nos lembra da importância de sujeitos como ele justamente para macaquear momentos assim.

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O clipe oficial ao vivo de “‘Cause I’m a Man” do Tame Impala prefere apresentar a banda como Muppets do que trazê-los em carne e osso. Será que tem a ver como a forma que eles se sentiam representados anteriormente…? Hmmm…

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Hora de fechar mais um capítulo.

Hoje desligamos o site por diferentes motivos, mas principalmente por estarmos sintonizados em frequências diferentes em relação à produção de cada um de nós. E por termos chegado a uma fria conclusão no fim do ano passado.

OEsquema nasceu da necessidade. Eu, Bruno e Arnaldo nos conhecemos online, no início do século, quando o URBe e o Mau Humor ficavam no Blogger e eu pendurava o Trabalho Sujo no já moribundo Geocities. Até que o Pablo e dois amigos vieram com uma história de criar um portal de blogs pra hospedar todo mundo que estava pendurado em servidores gratuitos e tentar criar uma fricção criativa entre diferentes produtores de conteúdo. O Pablo queria o Trabalho Sujo, que nem tinha completado uma década de vida e tinha mais história impressa do que digital, e eu vi uma oportunidade boa de chamar o URBe e o Mau Humor para aquela confusão alto astral.

Mas o Gardenal, o primeiro coletivo de blogs do Brasil, começou a crescer junto com a vida profissional de seus sócios, que não conseguiram gerir o servidor nem como plataforma digital, muito menos como negócio. Entre os problemas técnicos houve um hoje clássico servidor frito que nos fez perder pelo menos dois anos de produção online, uma pequena tragédia que, se por um lado me escaldou a me tornar menos acumulador digital, nos motivou a tentar buscar uma casa própria.

E no dia 8 do 8 do 8, eu, Bruno e Arnaldo convidamos o Mini para inagurar OEsquema. Não tinha plano de negócios nem linha editorial – era simplesmente um lugar para podermos escrever o que quiséssemos de acordo com a nossa vontade. Por assim seguimos os primeiros anos até que começamos a pensar em ampliar a festa, convidando um monte de amigos e amigas pra começar a se publicar sob a nossa marquise. Em comum tínhamos a vontade de distribuir conhecimento e opinião sobre assuntos diferentes, que não eram facilmente classificáveis nas prateleiras ainda utilizadas do século passado, e sermos personalidades individuais em vez de nomes que se escondem atrás de um todo. OEsquema era mais um processo do que um produto. Reunimos jornalistas, escritores, músicos, quadrinistas, fotógrafos, DJs, designers, palpiteiros, deslumbrados e céticos que tivessem uma mentalidade parecida com a nossa, urbanos de vinte e tantos ou trinta e poucos anos entendendo a relação da cultura e do comportamento modernos com as novas cidades e as novas mídias e tecnologias.

Nesses últimos sete anos vieram as redes sociais, a tecnologia móvel, a cultura em streaming e o início de maturidade política brasileira, processos que quase sempre se assemelhavam ao que havíamos pensado quando começamos a por OEsquema em prática. Não pioneiros – fomos os últimos representantes de uma cultura de clusters que foi atomizada e acelerada pelo impacto do mundo online e digital desta segunda década do século 20. Uma cultura que fez artistas se unirem em prol de causas estéticas, comunicadores criar os primeiros jornais, escritores se reconhecer coletivamente através das ideias. Um link que aproximou os primeiros modernistas, os primeiros anarquistas, os primeiros hippies, os primeiros punks, os primeiros hackers e os primeiros indies. E também os primeiros blogueiros, os primeiros videomakers, as primeiras bandas de rock, os primeiros fanzineiros.

OEsquema pertence a essa tradição de querer ficar junto dos outros. Somos a última espécie de uma época em que essa aproximação ocorria de maneira analógica e bem mais lenta. Mesmo que tenhamos nos conhecido primeiro virtualmente para depois nos conhecermos pessoalmente, nós dOEsquema temos os pés no século 20 e, como grupo, nos movíamos mais lentamente que a velocidade exigida pela internet no início desta década.

Com o mundo cada vez mais conectado, cada vez mais pessoas se conhecem simultaneamente, formando grupos que incluem anônimos e celebridades entre listas de amigos, seguidos e seguidores em diferentes plataformas sociais. O volume coletivo está cada vez mais intenso e são raros os maestros que se fazem entender no meio dessa cacofonia geral.

O fim de 2014 trouxe uma sensação de esgotamento para as pessoas no mundo todo relacionado a uma série de fatores diferentes. E, para nós, essa sensação não veio com um gosto feliz de missão cumprida mas também sem o amargor de um relacionamento mal resolvido. Seguimos amigos e próximos e vai ser inevitável que nos encontremos em novas parcerias – talvez agora mais intensas – num futuro próximo. Mas há um sentimento inevitável de falta de propósito, ao menos coletivamente, como cogitamos há quase uma década.

Seguimos cada um em nossos cantos, uns em seus próprios sites, outros firmes em redes sociais, mais alguns aproveitando o período para repensar sua relação com o digital. O Trabalho Sujo a partir dessa sexta assume seu próprio domínio como casa, quando começo uma enorme faxina editorial rumo ao aniversário de vinte anos, em novembro.

OEsquema pode ter terminado, mas a ligação que estabelecemos nestes anos é pro resto de nossas vidas.

Agradeço a todos que estiveram nessa enorme festa – nos encontramos por aí!

Beijos
Matias
PS – A carta de despedida do Bruno tá aqui . Linko as outras quando outras vierem.

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Muita gente empolgada com o novo filme do Mad Max não sem motivo: é uma montanha russa de ação, sordidez e violência, o longo vai-e-volta das diligências no velho oeste norte-americano agora ambientado num deserto pós-apocalíptico em que um vilão de desenho animado manipula um exército Slipknot com base no medo e na escassez. O fato de ter sido concebido e dirigido pelo mesmo autor dos três primeiros filmes é mais importante do que a mudança do ator que faz o protagonista original (Tom Brady em vez de Mel Gibson) e o ritmo frenético e desenfreado do filme garante a pilha absurda que todos buscamos quando assistimos a filmes de ação.

Mas não é um novo marco zero para os filmes de ação como muitos vêm alardeando. Não compara-se a outros filmes que realmente redefiniram o gênero, como os filmes de James Bond, Bullit, Operação França, os Indiana Jones, Comando para Matar, os Exterminador do Futuro, os Duro de Matar ou o primeiro Matrix. Outros filmes menores recentes, que não tiveram um décimo do impacto deste novo Mad Max, são bem mais importantes nesse sentido: o sangue frio e a sede de vingança do John Wick vivido por Keanu Reeves em De Volta ao Jogo (um filmaço que ninguém deu a menor bola) ou a homenagem de Matthew Vaughn e Mark Millar aos filmes clássicos de espião em Kingsman: Serviço Secreto são bem mais transgressores dentro do gênero do que esse Estrada da Fúria. Até os dois psicóticos e hilários Adrenalina de Jason Statham vão mais além do que as perseguições no deserto do filme de George Miller.

O que é realmente transgressor neste novo Mad Max é a redefinição do papel feminino em filmes de Hollywood.

Ele passa fácil em um teste feminista chamado o Teste de Bechdel, criado a partir de uma história da quadrinista Alison Bechdel (a mesma de Fun Home), em que são feitas três perguntas básicas sobre alguma obra – filme, série, livro, HQ etc. – para ver se o filme realmente retratam as mulheres como personagens ou meras escadas românticas ou sexuais para os protagonistas homens. Para passar no teste, a obra deve responder afirmativamente a três pressupostos.

Deve ter pelo menos duas mulheres.
Elas conversam entre si.
Sobre outro assunto que não seja um homem.

Vários filmes – principalmente os mais recentes – passam nesse teste, grande parte deles raspando, mas a discrepância do Mad Max atual com os filmes anteriores é brutal a ponto do próprio protagonista do filme ser usado mais como um McGuffin para guiar a trama do que como propriamente um herói – este papel é de Charlize Theron, a implacável Imperator Furiosa que conduz o filme com – literalmente – punho de ferro. Sem me aprofundar muito, indico esse texto da Larissa Palmieri sobre esta e outras qualidades do novo Mad Max, além do tumblr Hey Girl (de onde saiu a foto que ilustra esse post), em que um Mad Max sensível entende perfeitamente os dramas de sua parceira de fuga.

arquivox

A Fox definiu a data de lançamento da nova temporada de Arquivo X. Falei disso lá no meu blog do UOL http://matias.blogosfera.uol.com.br/2015/05/27/nova-temporada-de-arquivo-x-ja-tem-data-de-lancamento/

FFS-

Mais uma música nova do projeto do Franz Ferdinand com a dupla Sparks – e “Call Girl” segue naquela mesma pegada entre a new wave e a discoteca. Que venha o disco!

wfuv-live-blur

O Blur segue firme e forte na divulgação de seu novo disco sem fazer concessões para músicas antigas, fazendo todo mundo decorar na marra as músicas de seu Magic Whip. Desta vez o grupo inglês passou pela rádio nova-iorquina WFUV e gravou um set semiacústico com quase todas as músicas do disco. A rádio liberou três faixas em sua conta no YouTube, a contagiante “Lonesome Street”, a balada “Mirrorball” e a delicada “My Terracotta Heart”.